“Daianinha de Guarulhos”: Rebeca Andrade começou em projeto social
Aos 22 anos, ela se tornou a primeira ginasta brasileira a ganhar uma medalha nas olimpíadas
atualizado
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Rebeca Andrade se tornou a primeira medalhista olímpica brasileira na ginástica. Antes dela, muitas tentaram, mas bateram na trave.
Porém, nem tudo foi sucesso na vida da jovem de 22 anos. Ela passou por muitas dificuldades, deixou de treinar por conta de uma complicada situação financeira e dependia de caronas para os treinos.
Quando ainda tinha quatro anos, começou a treinar em um projeto social de iniciação ao esporte em São Paulo, no Ginásio Bonifácio Cardoso. Na ocasião, foi a tia que a levou para fazer um teste. Mônica Barroso dos Anjos, técnica e árbitra internacional, logo viu que a pequena tinha talento para o esporte. E foi nesse dia que ela ganhou o apelido de “Daianinha de Guarulhos”.
Mônica treinou Rebeca por um ano e meio e fez parte da construção da atleta.
De família humilde, Rebeca precisou parar de treinar por conta de problemas financeiros. Sua mãe, Rosa Rodrigues, trabalhava como empregada doméstica e, em certa ocasião quando as contas apertaram, a atleta deixou de frequentar o ginásio.
Não demorou muito para que ela voltasse a fazer o que mais gostava. As dificuldades para chegar ao local do treino continuaram, mas a jovem continuou na luta. Ia de ônibus e, quando o dinheiro apertava, andava até 2h para chegar ao local de treino. Emerson, o irmão mais velho, era quem a levava. Ele até comprou uma bicicleta.
Antes disso, os treinadores faziam um rodízio para buscar Rebeca em casa.
Comum em muitos atletas de alto nível, a ginasta não escapou de lesões. Em 2015, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e pensou em desistir. Mas Rosa impediu que a prodígio se distanciasse das competições.
Ela seguiu no esporte e foi conquistando medalhas e encantando o mundo. Tem cinco ouros em Copas do Mundo e um grande resultado em preparatórios para o torneio. Em Stuttgart, Alemanha, em 2019, Rebeca venceu em todos os aparelhos, salto, solo, barras assimétricas e na trave, e foi o grande nome do Brasil que subiu, pela primeira vez na história, no lugar mais alto pódio na disputa em equipes.
Porém, pouco tempo depois da competição, ela teve sérias contusões e contou com o adiamento dos Jogos para conseguir a classificação. Ela ficou fora dos Jogos Pan-Americanos de Lima e do próprio campeonato mundial, que foi disputado no final de 2019. Os dois torneios carimbavam o passaporte para Tóquio.
Já neste ano, veio a última chance. Era vencer Pan-Americano e viajar ao Japão ou assistir as Olimpíadas de casa. O desfecho foi o melhor possível e ela garantiu a chance de tentar a medalha.
Com a desistência de Simone Biles, Rebeca passou a ter a nota mais alta das eliminatórias, já que só a americana superou a brasileira. Com isso, ela passou a ser a favorita entre as atletas mais completas, além do salto, em que liderou a primeira fase.
Após um árduo caminho, e com muita propriedade, Rebeca Andrade entrou para a história, ficou com a medalha de prata e se tornou a primeira ginasta do Brasil a subir a um pódio olímpico.