COI e organização de Tóquio proíbem perfis de mostrarem atletas se ajoelhando
O protesto pacífico é permitido aos participantes, desde que feito sem interrupções e com respeito aos competidores
atualizado
Compartilhar notícia
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 decidiram banir a postagem de fotos de atletas se ajoelhando durante o evento em seus perfis oficiais. Segundo informações exclusivas do jornal inglês The Guardian, a mensagem foi compartilhada pela alta cúpula na noite de quarta-feira (manhã de quarta no Brasil) (21/7), mencionando especificamente o jogo entre Grã-Bretanha e Chile, válido pela primeira rodada do futebol feminino.
A partida realizada em Sapporo nesta quarta-feira ficou marcada pela imagem dos dois times se ajoelhando antes do apito inicial. O ato antirracista e contra o ódio on-line foi visto na TV e seguido pelas seleções dos Estados Unidos, da Suécia e da Nova Zelândia. Apesar disso, o gesto não esteve presente em nenhum dos perfis oficiais de Tóquio-2020 e nem do COI. As páginas de Facebook e Twitter dos Jogos, assim como a do Instagram, com mais de 500 mil seguidores, não cobriram o momento.
O insider do jornal inglês considerou a decisão estranha, já que a organização responsável pela Olimpíada celebra imagens icônicas de protesto, como a dos americanos Tommie Smith e John Carlos erguendo seus punhos fechados na edição de 1968, na Cidade do México. Os atletas dos 200 metros ficaram famosos ao fazerem o gesto dos “Panteras Negras” durante a cerimônia do pódio e protestarem contra o tratamento injusto dado aos negros nos Estados Unidos.
Recentemente, o COI relaxou a Regra 50, que proibia os atletas de fazer qualquer tipo de “demonstração ou propaganda política, religiosa e racial em qualquer local, arena ou outras áreas Olímpicas”. O protesto pacífico é permitido aos participantes, desde que feito sem interrupções e com respeito aos competidores. Sanções ainda são previstas para aqueles que protestarem no pódio.
A decisão de se ajoelhar foi apoiada pelo chefe de delegação britânico, Mark England. “Certamente, o time de futebol feminino tem uma opinião muito forte sobre o abuso online, sobre o racismo, a campanha ‘Kick It Out’ (que busca igualdade e inclusão no futebol) e sobre se ajoelhar, e nós as apoiamos totalmente nisso”, afirmou. England adicionou que todos ficaram “enojados” com a situação envolvendo a seleção inglesa após a derrota na final da Eurocopa.
O COI não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Apenas o presidente, o alemão Thomas Bach, durante uma entrevista coletiva, deu uma resposta breve quando perguntado sobre o ato de britânicas e chilenas. “É permitido. Não é uma violação da Regra 50. Isso é o que está expressivamente permitido nessas diretrizes”.