Alison dos Santos diz que vai cumprir promessa com churrasco e truco
Fã de Tubaína e “malvadão”, ele entrar para história após conquistar a medalha do país nos 400m com barreira
atualizado
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Em uma Olimpíada marcada pela preocupação com a saúde mental dos atletas, Alison dos Santos não se abalou diante da pressão de competir pela primeira vez na grande competição, em Tóquio. Com o seu já conhecido jeito descontraído e muito sincero, o brasileiro, de apenas 21 anos, chegou à medalha de bronze nos 400 metros com barreira com dancinhas, um pouco de funk e aproveitando cada oportunidade, ou melhor, “xavecando o momento”, como gosta de dizer.
Em Tóquio, ele “xavecou” o momento desde as eliminatórias. As câmeras flagraram ele dançando e cantando, com fones de ouvido, durante o aquecimento, cena que se tornaria corriqueira no Estádio Olímpico. Alison, ou Piu, como é mais conhecido entre os amigos, ouvia o funk “Chama o teu vulgo malvadão”, da MC Jhenny.
“É muito bom levar a prova assim, mais leve. Quanto mais leve, mais rápido você corre”, ensinou o brasileiro, dias antes de conquistar o bronze, com mais um recorde sul-americano (46s72) na disputa mais difícil e forte da história da prova. Teve até recorde mundial do norueguês Karsten Warholm: 45s94.
“Eu não sei o que aconteceu. Se aconteceu, eu não sei o que que foi. Só sei que isso aqui é atletismo. Acabou a prova, olhei para o telão, vi o tempo de 45s, pensei que estava na prova errada. Não é possível que isso aqui seja 400m com barreira”, brincou o corredor, em entrevista ao canal SporTV.
A dancinha, ao fim da prova, não teve. Ele prometeu exibir nova performance em suas redes sociais. No Twitter, Piu se apresenta como “Malvadão” e tenta atrair novos seguidores ao seu “bonde”. “Vem comigooooo que o bonde do malvadão estão no pódio olímpico.” Um dos que aderiram foi o atacante Richarlison, da seleção em Tóquio. “É o bonde do Malvadão!!!! Parabéns Alison”, respondeu o jogador de futebol.
Horas antes de disputar a final, o novo medalhista brasileiro pediu apoio aos seguidores. “Estaremos na pista para mais uma oportunidade, para mais uma show. Xavecar o momento é o lema”, lembrou, ao citar uma de suas frases favoritas.
Depois da conquista, ele não escondia a alegria e a empolgação. Alcançada a missão de conquistar uma medalha olímpica, ele admitiu ansiedade por outra tarefa a cumprir. “Estou louco para voltar para São Joaquim da Barra (SP), jogar um truco, gritar um ‘6’ na orelha do Gerson (seu pai).”
O truco, um dos seus hobbies preferidos, virá acompanhado, se possível, de um churrasco e muita, muita Tubaína. Fã do refrigerante produzido com guaraná, Piu fez uma promessa de só voltar a ingerir a bebida após competir em Tóquio. A promessa foi feita no início de 2020, antes do adiamento dos Jogos. Ou seja, o corredor ficou muito mais tempo do que imaginava sem poder beber o refrigerante favorito.
O sacrifício valeu a pena. Piu se tornou o primeiro a conquistar uma medalha em uma prova individual de pista no atletismo brasileiro em 33 anos. Os últimos haviam sido Joaquim Cruz, prata nos 800m, e Robson Caetano, bronze nos 200m, ambos no Jogos de Seul, em 1988.
No pódio, o Malvadão promete nova dancinha. Mas corre para não perder o “bonde”. Sem saber que a cerimônia estava marcada para esta terça, foi pego de surpresa na zona mista. E não perdeu o rebolado e nem a chance de mostrar mais uma vez o seu lado brincalhão. “Caramba, tem que tomar banho, hein. Preciso ir lá tomar banho e trocar de roupa.”