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Adiamento das Olimpíadas ajuda brasileiros pegos no doping

Agora, será possível esperar o fim de punições para competir. Atletas novatos também poderão ganhar mais experiência

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Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br
Judoca Rafaela Silva comemora vitória no Grand Slam de Brasília
1 de 1 Judoca Rafaela Silva comemora vitória no Grand Slam de Brasília - Foto: Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br

A mudança da data dos Jogos de Tóquio fez alguns atletas brasileiros recuperarem a esperança de obter a vaga olímpica. A decisão do Comitê Olímpico Internacional de transferir o evento para 2021 para evitar a pandemia do novo coronavírus significou para eles a expectativa de ter um ano a mais para se recuperar de lesões, esperar pelo fim de punições por doping e até adquirir experiência para estar apto para estrear em uma Olimpíada.

A judoca Rafaela Silva viu sua situação mudar. A campeã olímpica nos Jogos do Rio-2016 está punida por doping até agosto de 2021. Pelo prazo, a participação em Tóquio seria inviável, mas graças ao adiamento e ao recurso apresentado à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) é possível que ela consiga participar. Rafaela só vai conceder entrevistas após o caso ser resolvido.

Quem passa por situação parecida é Beatriz Haddad Maia. De volta aos treinos na última semana, a tenista havia perdido totalmente as chances de competir no Japão por causa da suspensão por doping. O gancho de dez meses se encerra em 22 de maio.

Sem poder competir desde julho do ano passado, a brasileira sofreu forte queda no ranking, que é o critério de classificação olímpica. Pelas regras, entram na chave olímpica as 56 primeiras do ranking da WTA, com o limite de ter apenas duas representantes por país.

“Eu, particularmente, estou tendo uma segunda oportunidade. Se fosse neste ano, eu teria zero chance. Sendo no ano que vem, não sei como será feita a lista de corte, mas, se eu tiver oportunidade ainda de lutar por uma vaga, vou ficar muito feliz. Mas acho que a nossa preocupação agora é saúde e a integridade de todo mundo. Depois vem o esporte”, disse Bia.

No atletismo, quem vive expectativa semelhante é Andressa de Morais. A medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima e ouro no Troféu Brasil no lançamento de disco foi suspensa provisoriamente por doping em setembro. O momento dela agora é de esperar a nova análise da amostra e depois tentar confirmar a vaga olímpica.

Para Douglas Brose, do caratê, o adiamento será útil para se recuperar de lesão. Ele sofreu um grave problema no tendão de Aquiles em 2018, o que atrapalhou sua busca pela vaga olímpica dentro da sua categoria original, até 60 kg. Para manter o sonho de disputar a Olimpíada, a solução é mudar de peso e tentar o lugar entre os competidores até 75 kg.

A nova data da Olimpíada deu outro gás para Douglas. “Eu tinha antes um prazo muito reduzido para me preparar e estudar meus novos adversários. O adiamento me deu um fôlego. Para mim, isso me ajudou bastante”, disse ao Estado o campeão pan-americano de 2015.

A ginasta Rebeca Andrade foi outra a comemorar. “Estou feliz porque vou ter mais tempo para me preparar e conquistar minha vaga. Espero estar lá para brilhar com os outros atletas”, afirmou. A atleta é um dos principais nomes do país na modalidade e vem de três cirurgias seguidas no joelho direito.

Nova geração

O adiamento da Olimpíada deu alguns meses de bônus para atletas bem jovens, mas com enorme talento. É o caso do ginasta Diogo Soares, que acabou de entrar para a categoria adulta da modalidade. Medalhista olímpico duas vezes nos Jogos da Juventude, em Buenos Aires, ele vem tendo resultados impressionantes e deve brigar por uma vaga na equipe ao lado de Arthur Zanetti, Arthur Nory e outros.

“Acho que agora teremos mais um ano para treinar e muita coisa pode acontecer nesse tempo. Não tem como prever nada, mas vou continuar trabalhando e preparando para que ele continue evoluindo”, explicou Daniel Biscalchin, técnico do atleta.

Quem também pode surpreender na reta final é nadador Murilo Sartori. Aos 17 anos, ele coleciona recordes e ótimas marcas nas disputas de base. Com o adiamento dos Jogos, poderá se desenvolver para brigar por vaga na seletiva nacional.

No tênis de mesa, Giulia Takahashi, de apenas 14 anos, é uma promessa da modalidade que pode ser realidade em 2021. Ela é tida como um grande talento e poderia se juntar à sua irmã Bruna, principal jogadora do Brasil no momento.

“Eu acho que o Brasil já tem sua seleção adulta e, é claro, vou continuar batalhando e treinando firme para que quando apareça a oportunidade de participar de uma Olimpíada, eu esteja preparada”, disse.

O técnico da seleção é Hugo Hoyama, que fez fama no tênis de mesa no Brasil. Ele reconhece o talento da atleta que ainda disputa competições no infantil e avisa que o grupo para Tóquio não está fechado.

“Não só ela, como outras atletas têm chances. Todas devem estar preparadas. Vou seguir o mesmo critério, as duas mais bem colocadas no ranking mundial e a terceira por escolha técnica”, explicou Hoyama.

No momento iriam Bruna Takahashi, Jessica Yamada e mais uma atleta por escolha técnica.

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