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Ouro no Pan abre portas e tenista João Menezes sonha alto no circuito

O mineiro de 22 anos teve uma trajetória discreta sem manchetes e títulos de peso também em seu início no profissional

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João Menezes
1 de 1 João Menezes - Foto: Reprodução/Twitter

João Menezes nunca foi um dos juvenis mais badalados do tênis brasileiro. O mineiro de 22 anos teve uma trajetória discreta, assim como é sua personalidade, sem manchetes e títulos de peso também em seu início no profissional. Ao menos até este ano.

Tudo mudou a partir do ouro conquistado nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. A medalha dourada veio acompanhada de uma vaga na Olimpíada de Tóquio-2020.

E também de holofotes. “Bastante coisa mudou em termos de atenção de mídia, patrocinadores e oportunidades. Dei muita entrevista para rádio e televisão”, disse Menezes sem esconder a surpresa pela repercussão do título pan-americano.

A maior conquista de sua carreira já assegurou maior atenção por parte de empresários. “Logo, logo vou estar anunciando alguns patrocinadores com os quais estou negociando”, afirmou o atleta, acostumado a receber pouco apoio, como é de regra no tênis juvenil brasileiro e no início do profissional. “Porém agora as coisas podem se encaminhar de uma forma diferente”.

O ouro no Pan de Lima não foi por acaso. Confirmou a trajetória de ascensão de um atleta que já considera a temporada 2019 um divisor de águas. “Com certeza esta é a melhor temporada da minha carreira. Evoluí muito neste ano, comecei a sacar melhor e, principalmente, o meu físico melhorou demais. E também comecei a ter mais confiança nos meus golpes. Acho que é uma soma de fatores”.

O título no Peru foi precedido do seu primeiro troféu de challenger, torneios de nível logo abaixo das competições da ATP A conquista aconteceu em Samarkand, no Usbequistão, em maio. E trouxe benefícios no ranking.

Após começar o ano na 398.ª posição, Menezes já figura em 210.ª, sua melhor colocação até hoje. Nos últimos meses, chegou a ser o número dois do Brasil.

O bom momento contrasta com as dificuldades vividas nos últimos anos. Ele esteve perto de desistir da carreira em 2017, após uma série de lesões que lhe custaram três cirurgias no joelho esquerdo.

Desanimado, informou à família que estava abandonando a carreira. O fim só não se concretizou por causa da interferência de Rafael Kuerten, irmão de Guga Kuerten.

“Falei para o meu pai que iria largar o tênis. Ele tinha amizade com o Rafael e pediu ajuda em segredo. E eles organizaram, sem que eu soubesse, um período de teste de uma semana em Barcelona. O Rafa fez essa ponte”, contou Menezes, que passou 20 meses treinando na academia 4Slam (lê-se “fór islam”), liderada pelo espanhol Galo Blanco, que já treinou tenistas como Milos Raonic e Dominic Thiem, ambos vice-campeões de Grand Slam.

“Eu cheguei lá desacreditado. Mas treinei a semana inteira muito bem. Até ganhei um set do [russo Andrey] Rublev, jogando de igual para igual. Quando vi que estava jogando aquilo tudo, decidi que precisava ficar lá. E fiquei”, lembrou o brasileiro.

Menezes voltou para o Brasil no fim do ano porque a solidão pesou. “Muita gente se perguntou: o cara tá morando em Barcelona, com o melhor ranking da carreira, por que voltou? Porque eu não estava feliz, estava me sentindo super triste. Sabia que daquele jeito as coisas não iam caminhar. Eu estava totalmente esgotado”.

Mas não lamenta a experiência. “Foram meses bastante valiosos, onde eu aprendi que a maneira correta de treinar e onde eu passei por muitas dificuldades. E elas me tornaram uma pessoa mais forte e calejada”.

Em seu retorno, o tenista voltou a treinar em Itajaí (SC), no Itamirim Clube de Campo, com o técnico Patrício Arnold, com quem já havia trabalhado antes. E não caiu de produção. O brilho no Pan lhe garantiu a primeira convocação para representar o Brasil na Copa Davis, o que não surpreendeu o tenista.

“Eu esperava estar na lista”, admitiu Menezes, com seu jeito simples e direto de ser. “Por tudo o que fiz nos últimos meses e, em especial pela minha performance no Pan. E porque o Jaime estava bem próximo, era o treinador da equipe”.

O tenista revela que o capitão do Brasil na Davis foi fundamental em sua campanha vitoriosa em Lima. “Tiveram alguns jogos que ele foi essencial para eu ganhar. Na semifinal, me orientou para que eu mudasse o meu jogo entre o primeiro e o segundo set. Se não fosse ele, eu talvez não tivesse ganhado o jogo”, afirmou Menezes. “Foi até muito estranho porque foi a primeira semana em que eu trabalhei com ele. E parecia que a gente já trabalhava junto há bastante tempo”.

Se não bastassem esses feitos, o tenista ainda terá neste ano a oportunidade de disputar pela primeira vez um Grand Slam como profissional, no US Open. Ele competirá no qualifying em Nova York, a partir desta terça-feira, em busca de uma vaga na chave principal.

“A primeira meta que defini para este ano eu já atingi, que era participar de um Grand Slam. Eu pensava que seria o Aberto da Austrália, em janeiro do ano que vem. Mas consegui mais cedo, e vai ser no US Open. E a segunda meta era terminar a temporada entre os 200 melhores do mundo. Mas já reavaliamos: agora quero terminar entre os 150 do ranking”, completou.

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