“Tenho grande chance do ouro no Japão”, diz Italo após título
O surfista de 25 anos abriu mão de festejar o título no Havaí para retornar logo ao Brasil e iniciar os seus treinamentos
atualizado
Compartilhar notícia
Menos de uma semana após conquistar o seu primeiro título mundial de surfe, Italo Ferreira já traça as metas para 2020. De olho na Olimpíada de Tóquio, onde estará ao lado do compatriota Gabriel Medina, ele se coloca entre os favoritos da modalidade que estreia nos Jogos e projeta subir ao ponto mais alto do pódio.
Natural de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, o surfista de 25 anos abriu mão de festejar o título no Havaí para retornar logo ao Brasil e iniciar os seus treinamentos.
Em entrevista, Italo comenta sobre a mudança de rotina agora que é um campeão do mundo, a rivalidade com Medina e destaca a importância da namorada, Mari Azevedo. Principalmente durante a última etapa do Circuito Mundial, a atriz e cantora marcou presença a seu lado e era constantemente flagrada pela mídia na torcida pelo brasileiro.
A ficha do título já caiu?
Estou tentando digerir, mas estou muito feliz com o que aconteceu nesses últimos dias. Um sonho de criança que se tornou realidade. Sem dúvidas, estou vivendo o melhor momento da minha carreira e feliz por estar de volta ao Brasil também.
Você já traçou metas para a próxima temporada?
Já. Até vieram me perguntar sobre a possibilidade de fazer um churrasco no Havaí depois do campeonato, mas eu falei que queria ir para casa. Eu quero ficar lá (em Baía Formosa) e começar os meus treinos na primeira semana de janeiro. Montei uma academia na minha casa, então eu me sinto muito à vontade de ficar treinando sozinho também. Quando quero colocar mais peso chamo o meu treinador, mas acho que isso faz parte de mim. Eu tento me sentir bem e deixar o corpo forte e preparado para qualquer coisa.
Nos Jogos Olímpicos, você estará ao lado do Gabriel Medina. O que você espera das disputas?
Vai ser incrível! É a primeira vez que o surfe vai participar da Olimpíada. Sou muito grato de poder fazer parte dessa história junto com o Gabriel. Queria muito que o Filipe Toledo tivesse, para ir nós três e ter medalha para todo mundo. Como eu disse, fico com o ouro e o Medina com a prata.
Sonha com o ouro?
Sem dúvida. É um objetivo e tenho grande chance. Lá é bem parecido com as ondas que a gente surfa aqui no Brasil, então estamos bem. Espero que a gente consiga representar bem o Brasil e trazer a medalha.
Após ganhar o Mundial, como vê a rivalidade com o Medina?
Gabriel é um atleta muito competitivo. Como eu já havia dito, até no futebol de mesa ele briga para ganhar. É um cara que virou ídolo nacional e internacional. Ele fez a diferença nesses últimos anos. É alguém que faz de tudo para vencer e, é claro, faz parte do jogo.
Após a sua conquista, a Mari (namorada de Italo) disse: “Nosso esforço e luta valeu a pena”. Como você destaca a importância dela neste título?
Ela me ajudou muito, durante o ano inteiro. A gente se conheceu na final do ano passado e ficamos juntos desde dezembro (de 2018). Em todos os momentos, seja na vitória, derrota, ou até perdas familiares, ela estava presente. É quem acorda às cinco da manhã comigo. E ela é uma garota incrível, está sempre alegre.
Gabriel Medina e Adriano de Souza fizeram biografias depois de suas conquistas. Pretende fazer algo semelhante?
Tenho uma amiga que escreve muito e desde 2015, quando eu entrei no Circuito Mundial, ela queria fazer algo do tipo. Falava que iria fazer quando eu fosse campeão do mundo. Já falei para ela que agora é a chance para começar. Vai dar para fazer. Tem uma história linda. Talvez não da carreira, mas específica de 2019.
Estando em evidência, como você avalia a questão dos patrocinadores?
Hoje grandes marcas estão se envolvendo com o surfe pela visibilidade que a modalidade está trazendo. Essa nova geração tem mudado o cenário. Isso nos deixa em posição muito boa para conseguir patrocínios e trabalhar a nossa imagem. Tenho bons patrocínios e estamos indo para uma nova fase, somando os Jogos Olímpicos e possíveis outros títulos.
2020 será um ano de muitas competições e de maiores obrigações longe do mar. Como está planejando todos esses compromissos?
Após você se tornar campeão isso realmente acontece. Tem essa cobrança sobre estar presente. As marcas também exigem isso para valorizar o atleta, temos que estar disponíveis. É por isso também que eu não tenho muitos patrocinadores, não quero sair tanto da água para fazer campanhas. Prefiro estar surfando. Na minha opinião, quando você tem diversos patrocinadores, acaba se desgastando mais. É preciso saber equilibrar essa parte.
A gente não consegue encontrar registros de você disputando competições na base com Medina e Filipinho. O fato de ser do Nordeste e não ter muitos recursos fez com que só tivesse mais contato com eles quando adulto?
Eu cheguei a competir com o Gabriel na Praia da Pipa (Rio Grande do Norte), num Brasileiro amador, e enfrentei o Filipe na Bahia, onde ele ganhou e eu fiquei em segundo. Ele surfou com o chapéu na final e eu fiquei muito chateado. Ele tirou muita onda. Se eu não me engano, ele tirou duas notas nove e eu sete. Já fiz vários campeonatos com essa galera, mas o Gabriel foi muito rápido para o Circuito e eu entrei depois, acho que é meu quarto ou quinto ano. Então foram histórias diferentes.