Tão perto das Olimpíadas e Brasília ainda não definiu estrutura e gastos
Secretária do Esporte, Leila Barros, estima um custo aproximado de R$ 25 milhões. Porém, o valor ainda pode sofrer alterações
atualizado
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Já se passaram mais de quatro meses desde que Brasília assinou com o Comitê Organizador Local (COL) das Olimpíadas de 2016, em 16 de novembro, o contrato que garante à capital federal sediar 10 partidas de futebol – sete masculinas e três femininas – durante os Jogos Olímpicos. Porém, de lá para cá quase nada foi feito.
A reportagem do Metrópoles apurou como anda a organização da cidade para o revezamento da Tocha Olímpica, marcado para começar no DF em 3 de maio, além da chegada dos atletas que se hospedarão na capital para as partidas de futebol. Apesar da proximidade do evento, as reformas previstas para melhorar os centros de treinamento ainda não começaram. Devido ao atraso de licitações, nem mesmo a grama do Estádio Mané Garrincha, que até semana passada estava sem empresa responsável, está pronta.
“Existe uma estimativa de aproximadamente R$ 25 milhões. Estamos finalizando todos os custos, mas esse valor pode ser um pouco mais ou um pouco menos. Esse pacote está previsto para ser fechado nos próximos dias”, declarou a secretária de esporte do DF e ex-jogadora de vôlei, Leila Barros.
Nós estamos ainda na fase de discussão. Estamos debatendo com o Comitê Organizador item por item da Matriz de Responsabilidades para tentar diminuir custos
Jaime Recena, secretário de Turismo
Procurado pela reportagem, o Comitê Organizador Local confirmou que “detalhes importantes” não foram definidos ainda com o GDF, mas garantiu que os preparativos em Brasília estão no mesmo ritmo de outras cidades-sedes. “Está tudo dentro do prazo. Há algumas coisas atrasadas, sim, mas nada para se preocupar. O que falta são detalhes operacionais. Para o COL, não importa como tudo está sendo feito, mas sim que saia do papel e fique pronto em tempo”, esclareceu o assessor de imprensa Gilmar Ferreira.
Dinheiro da Copa usado nas Olimpíadas
Leila Barros informou que recursos do Ministério do Esporte, destinados inicialmente para a Copa do Mundo e que não foram usados até então, seriam aplicados para as reformas de arenas esportivas do DF. Os locais serão utilizados como centros de treinamentos de futebol durante os Jogos Olímpicos.
O Centro Administrativo Vivencial e Esporte, o Cave, no Guará, já tem recursos certos. “Tivemos problemas com licitação, mas não tenho dúvida de que até a primeira semana de abril, a gente começa as obras”, garantiu Leila. Segundo ela, a empresa vai priorizar o gramado e a construção do vestiário para o evento.
Outro local que irá receber recurso federal é o Centro de Treinamento do Corpo de Bombeiros. Segundo nota do Ministério do Esporte, o montante de R$ 7 milhões será destinado diretamente à corporação, sem passar pelo GDF. A resposta também informa que a verba para a reforma do Cave é de R$ 6.186.900,66 e encontra-se em fase final de licitação. Os recursos, segundo a pasta, são liberados pela Caixa Econômica Federal de acordo com o avanço da execução das obras.
O Estádio Mané Garrincha, reformado recentemente para a Copa do Mundo de 2014, deve passar por poucas adequações. A grande preocupação é mesmo a qualidade do gramado. Segundo o secretário de Turismo, Jaime Recena, a grama ficou sem manutenção de fevereiro até a semana passada, já que o contrato da empresa de manutenção acabou e só recentemente a Terracap assumiu. O local será cedido aos Jogos Olímpicos do Rio-2016 de 3 de julho a 20 de agosto.
Reforço com a segurança
A segurança durante as Olimpíadas também é uma preocupação de Brasília. Até mesmo a possibilidade de ataques terroristas vem sendo levantada, ainda mais depois dos atentados na Bélgica. No último dia 7, o Plano Tático e Integrado de Segurança Pública e Defesa Civil para os Jogos Olímpicos em Brasília foi assinado. O documento especifica as ações de cada um dos 31 órgãos regionais e federais envolvidos na segurança, antes e durante as disputas.
As atividades de segurança serão coordenadas no Centro Integrado de Comando e Controle Regional, localizado na Subsecretaria de Integração e Operações da pasta da Segurança Pública e da Paz Social. O espaço conta com 55 telões e sistema de monitoramento em tempo real. Questionada sobre o número de policiais civis e miliares do DF que trabalharão durante os jogos, a Secretaria de Segurança Pública informou que ainda não há números fechados sobre o contingente que será acionado.
Revezamento da tocha
Antes do início das Olimpíadas em Brasília, a cidade receberá a Tocha Olímpica. Serão 40 km de revezamento pelas ruas do Distrito Federal. Um dos principais símbolos do evento passará por Taguatinga, Riacho Fundo, Eixo Monumental, Ponte JK, Museu dos Povos Indígenas, Estádio Mané Garrincha, entre outros locais. O total de gastos de R$ 25 milhões com os jogos estimados pelo governo incluem, inclusive, a infraestrutura com a passagem da tocha pela cidade, como segurança, atividades culturais, ações de marketing e até o asfalto de alguns lugares que serão recapeados.
Leila Barros será uma das ex-atletas que levarão a tocha. Segundo ela, o convite não veio do GDF. “Antes de ser secretária fui atleta. Tenho uma história no esporte. Não fui indicada pela cidade, fui convidada pelo patrocinador”, explicou.
Perspectiva
As primeiras seleções e turistas devem chegar em Brasília no fim de julho para ambientação. “Em 4 de agosto, temos a estreia do futebol na cidade. Será um dia antes da abertura oficial dos jogos. Essas equipes ficarão uns 15 dias por aqui”, explicou Leila.
Para Jaime, além do que a cidade arrecadará com a movimentação dos turistas – são esperadas 300 mil pessoas e cada turista gasta, em média, R$ 400 –, é preciso levar em consideração o que a capital arrecadará para a sua própria imagem. “As Olimpíadas deverão ultrapassar os telespectadores da Copa do Mundo. Quatro bilhões de pessoas, de 206 países, conhecerão a nossa cidade pela TV”, disse.
“O legado não é só material, é social. De um jovem ter a possibilidade de viver isso, de ver os melhores atletas atuando aqui. A gente tem de ter orgulho, nem que seja momentâneo, de ver o país e a nossa cidade sediando este evento”, completou Leila.