metropoles.com

Saúde mental continua sendo motivo de polêmica e estigma entre atletas

Após se mostrarem vulneráveis, Lewis Hamilton e Paul George receberam apoio e também críticas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Harry How/Getty Images
Paul George Los Angeles Clippers
1 de 1 Paul George Los Angeles Clippers - Foto: Harry How/Getty Images

Hexacampeão da Fórmula 1 e um patrimônio avaliado em cerca de 285 milhões de dólares. O piloto britânico Lewis Hamilton tem a vida que muitos de nós gostaríamos, aparentemente sem problemas ou preocupações, certo? Errado. Nessa semana, o atleta fez uma postagem revelando que, junto do “piloto competitivo, letal, faminto”, convive uma personalidade cheia de “medos, inseguranças e dúvidas”.

“Eu também tenho muitos dias difíceis. Especialmente na bolha em que estamos atualmente. Você se sente solitário, sente falta dos amigos e da família e, com corridas consecutivas semanas após semanas, isso significa que não há muito tempo para nada além do trabalho”, escreveu Hamilton em seu Instagram.

 

Ver essa foto no Instagram

 

There are two sides to me. First, the one you see on TV. The competitive, cut throat, hungry racer in me that comes out when I close the visor. When the visor is down I come alive, all my fears, insecurities, and doubts are cast aside and my focus kicks in and will not break until the job is done. It feels like I get to have the superpowers I always dreamed of having, but behind the wheel. Second, theres just me. Someone who is figuring life out day by day, just like you. Trying to find inner peace, manage time, balance work and life, finding time for family and friends, working on managing my emotions, and trying to find time for the other things I am passionate about. Like many of you, I’m just trying to be and do my best in everything. I also have a lot of difficult days. Especially in the bubble that we’re currently in. You get lonely, you miss your friends and family, and with back to back race weeks it means there’s not much time for anything but work. So I’m grateful for the ones closest to me for helping me to keep a balance, even if it’s just thru text, phone or FaceTime. I guess what I’m trying to say is, It’s never a bad thing to ask for help if you need it, or to tell somebody how you feel. Showing your vulnerable side doesn’t make you weak, instead, I like to think of it as a chance to become stronger, and better than we were. Where ever you are in the world, I hope and pray you know you are incredible, gifted, talented, beautiful and strong, and no matter what anybody says, you can do almost anything you put your mind to. All you have to do is believe and do the work. Love🙏🏾

Uma publicação compartilhada por Lewis Hamilton (@lewishamilton) em

Durante muito tempo, atletas foram vistos como avatares de força, persistência, invencibilidade. Uma existência quase sobre-humana. Apenas recentemente jogadores, de países e modalidades diferentes, têm utilizado a imprensa e suas próprias redes sociais para falar sobre saúde mental e revelarem que, assim como nós, lidam com baixa autoestima, insegurança e tristeza. Condições que podem se intensificar durante o isolamento de uma quarentena. É o que aconteceu com Paul George, jogador de basquete do Los Angeles Clippers, da NBA.

Para conseguir retomar a temporada, a NBA montou uma bolha em Orlando, na Flórida. A disputa começou no fim de julho e, para os times que chegarem até a Final — como se espera do time de George –, só terminará em outubro. Ou seja, cerca de três meses de isolamento do mundo exterior, sem contato com familiares.

George sentiu os efeitos da solidão, como admitiu após jogos abaixo da expectativa na primeira rodada dos playoffs. “Eu subestimei a questão da saúde mental, honestamente. Eu tive ansiedade e um pouco de depressão. Estar isolado aqui (na bolha), eu não me sentia presente. Eu desisti”, afirmou, em uma coletiva após uma partida particularmente ruim.

“É uma situação conflitante. O atleta gosta do jogo, de estar próximo a sua prática esportiva. Porém está longe da torcida, isolado de seus familiares, convivendo com poucas pessoas e com várias restrições. É hora de um olhar cuidadoso de dirigentes e responsáveis”, alerta a psicóloga esportiva Mariana Moura. “No âmbito pessoal, é hora de cada um intensificar suas práticas e cuidados pessoais, manter-se atento aos sinais de que algo não está indo bem e buscar apoio familiar e psicológico, se possível”, aconselha.

Reações

Por ser um movimento relativamente recente, as reações à sinceridade com que os atletas têm oferecido detalhes sobre sua saúde mental nos últimos tempos ainda têm sido difusas. Enquanto Hamilton encontrou suporte esmagador, em sua maioria, após seu post, Paul George sofreu com duras críticas de importantes jogadores do passado da NBA.

“Eu não acho que caras que ganham milhões de dólares deveriam estar preocupados porque eles estão presos em um lugar onde eles podem pescar, jogar golfe, basquete e ganhar milhões de dólares”, afirmou Charles Barkley, uma lenda da NBA dos anos 1980 e 1990. “Nós somos as pessoas mais sortudas do mundo, porque nós driblamos uma bola e ganhamos milhões. Nós nunca estamos mal. Eu só acho que nós precisamos tomar cuidado com o que reclamos”.

Raja Bell, outro jogador que marcou época nos anos 1990, foi mais direto ao “aconselhar” George: “Guarde essa merda para você. Ninguém quer escutar isso”.

Apoio

Embora Paul George tenha sido duramente criticado, ele também encontrou apoio de colegas. Além de seus companheiros de time terem saído em sua defesa, Kevin Love, um dos jogadores que liderou o movimento de discussão sobre saúde mental, parabenizou PG pelas palavras e reconheceu a importância de um jogador do calibre do craque do Clippers abordar assuntos como depressão e ansiedade.

O problema então parece ser uma questão generacional. Enquanto atletas do passado veem essa discussão como uma “desculpa” para eventuais jogos ruins, jogadores contemporâneos se sentem confortáveis o suficiente para abraçar suas falhas e vulnerabilidades.

“É uma situação que transcende o esporte. A sociedade insiste nesse pensamento errôneo e equivocado que atrela bem estar material a saúde mental. São questões distintas e ter atletas entendendo que buscar ajuda profissional para resolver seus conflitos mostra para a geração anterior que existe vulnerabilidade no esporte e na vida”, esclarece Mariana.

Como Hamilton aconselhou, “…nunca é ruim pedir ajuda se precisar, ou dizer a alguém como você se sente. Mostrar seu lado vulnerável não o torna fraco. Pelo contrário: gosto de pensar nisso como uma chance de nos tornarmos mais fortes e melhores do que éramos. Onde quer que você esteja no mundo, espero e oro para que saiba que é incrível, talentoso, bonito e forte, e não importa o que digam, você pode fazer quase tudo que colocar em sua mente. Tudo que você precisa fazer é acreditar e fazer o trabalho”. Conselho de hexacampeão.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEsportes

Você quer ficar por dentro das notícias de esportes e receber notificações em tempo real?