Jogadores do Real Brasília protestam e não treinam por atraso salarial
Jogadores e comissão técnica já chegam a nove meses sem receber salários. Jogadores tem recorrido até a agiotas
atualizado
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Em protesto contra os frequentes atrasos salariais, jogadores do Real Brasília não compareceram ao treino na manhã desta terça-feira (9/7), na reapresentação após a rodada do final de semana. A situação financeira do clube segue complicada. Os atletas relatam que estão há vários meses sem receber, e, desesperados, alguns começaram a tomar atitudes drásticas.
Alguns atletas têm cogitado a possibilidade de estender os protestos e não entrar mais em campo, até que pelo menos parte dos salários atrasados seja paga. No entanto, há um receio de que a medida possa ser usada como mais uma justificativa para o não pagamento.
Desespero
O Metrópoles ouviu vários atletas revoltados com a situação. Todos preferiram não se identificar com medo da exposição. Os relatos acerca da demora no pagamento vão de quatro até nove meses. Um dos profissionais confidenciou que tem vivido uma situação dificílima, e que chegou a recorrer a empréstimo com um agiota para sobreviver.
“Estou devendo até agiota, infelizmente precisei passar por essa situação para poder colocar o alimento na minha casa, eu não aguento mais passar por isso e não ter nenhuma resposta, é revoltante”, afirmou ele.
Depois da partida contra o Brasiliense, o goleiro Pereira deu forte entrevista ao repórter Lucas de Moraes, da “Esportes Brasília”, onde afirmou que está há quatro meses sem receber, em uma situação complicada, principalmente por sua esposa estar em casa grávida e com a necessidade do seu apoio.
Outro jogador conta que o presidente do Real Brasília, Luís Felipe Belmonte, não é mais visto nas dependências do clube, como era costume. “O Belmonte nem está vindo aos treinamentos e muito menos aos jogos, não temos nenhuma resposta. Esquece que aqui tem pais de família que estão há meses sem nenhuma condição financeira graças a eles”.
Viagens do Real Brasília na Série D
O Metrópoles também apurou com fontes que, apesar de todas as dificuldades, o time ainda participa dos jogos fora de casa pelo apoio do ex-jogador Pedro Ayub, que hoje é diretor de futebol do Real Brasília. É ele quem apoia financeiramente, e assume, por exemplo, o pagamento de hotéis, hospedagens e alimentação do elenco.
Situação do Feminino
A reportagem também procurou atletas da equipe feminina do Real Brasília. Mas elas optaram por não falar para não expor ainda mais a situação, pois o time está na elite do futebol feminino, e ainda briga pela classificação para a próxima fase.
Resposta do Presidente
Procurado pela reportagem do Metrópoles, o presidente Luís Felipe Belmonte admitiu problemas nos cofres do clube, mas afirmou que os salários serão acertados até o próximo mês.
“Nós pagaremos todas as despesas e dívidas até agosto, já estamos pra resolver tudo. O recesso do judiciário acabou atrasando o recebimento de alguns pagamentos. Honramos os salários em dia desde 2015, e em 2021, na pandemia, não deixamos ninguém sem receber, mas agora tivemos problemas. Nossa situação é similar a alguns clubes brasileiros, e até internacionais, eu soube que até o Mbappé está sem receber do seu antigo clube, o PSG. Dificuldades existem pra todos, é um problema da atual economia brasileira”, disse ele.
Sobre sua ausência nos treinos do Real Brasília, Belmonte disse que não acompanha o dia a dia da equipe.