Racismo nas redes pode gerar punições para torcedores na Inglaterra

Os desdobramentos dos casos de racismo nas redes sociais contra jogadores da Inglaterra podem marcar uma novo momento na história do futebol. Com prisões e promessas de punições mais duras, os crimes cibernéticos de ódio contra jogadores podem fazer com que autores de comentários desse tipo pensem melhor antes de comentarem.

Tudo começou após a derrota da Inglaterra para a Itália na final da Eurocopa, no último domingo (11/7). Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka foram alvos de comentários racistas nas redes sociais após perderem suas cobranças de pênaltis na grande decisão.

Os autores das agressões publicaram memes de macacos, xingamentos e até ameaças contra os três atletas negros.

Mas as respostas repudiando as atitudes surgiram logo na sequencia. O primeiro-ministro Boris Johsnon, a Federação Inglesa, prefeito de Londres, Sadiq Khan, a Uefa e os times dos jogadores se mostraram contrários a atitude criminosa.

Só que as sanções na vida real também ocorreram. Na quarta, um torcedor de 49 anos foi preso por conta dos comentários. E não parou por aí. Nesta quinta (15/7), outras quatro pessoas também foram presas pelo mesmo motivo.

Boris Johnson informou nesta semana, que ofensas em redes sociais podem entrar nas punições de torcedores. Os torcedores que forem identificados praticando este tipo de crime poderão ser impedidos de frequentar estádios de futebol por um período de três a até 10 anos, dependendo da gravidade do caso.

Histórico longo e aumento recente de casos

As medidas podem ser uma resposta ao aumento recente e significativo no número de casos de racismo contra jogadores. No fim de abril deste ano, o piloto Lewis Hamilton se juntou à clubes ingleses para um boicote de quatro dias nas redes sociais.

Segundo os autores do movimento, o protesto era uma resposta ao aumento de casos e a falta de atitudes das plataformas com os episódios racistas.

O Liverpool, inclusive, lançou uma campanha própria para denunciar os ataques e conscientizar os torcedores sobre a gravidade das atitudes.  Os Reds viram alguns de seus atletas serem alvos de comentários deste tipo após uma derrota para o Real Madrid na Champions League.

Outro jogador que acabou sendo vítima desse tipo de crime foi William, do Arsenal. O jogador denunciou os ataques através de prints que ele mesmo divulgou nas suas redes sociais. Fred, do Manchester United, também foi vítima do mesmo tipo de ataque.

E no Brasil?

A legislação no Brasil ainda não segue o mesmo rigor do que se encaminha na Inglaterra. Casos de racismo e até ameaças nas redes sociais são registrados.

No entanto, algumas sanções já estão sendo tomadas por parte dos clubes. Foi o que ocorreu com Danilo Avelar, ex-Corinthians. Depois de fazer um comentário racista em uma plataforma de jogos, o clube paulista decidiu rescindir o contrato do defensor.

Danilo Avelar participava de uma partida de CS:GO quando ofendeu um outro jogador chamando-o de “fih (filho) de rapariga preta”. O caso logo ganhou repercussão. Avelar publicou uma nota em suas redes sociais pedindo desculpas pelo ocorrido e admitindo o erro.