Por que não existe o “desafio” no VAR?
O motivo está no protocolo. Lá está escrito que o árbitro de vídeo já checa tudo. Por isso não há necessidade de pedir desafio
atualizado
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O VAR foi a maior mudança tecnológica no mundo futebol, mas no tênis, futebol americano e vôlei ele já é realidade há algum tempo. A principal diferença em relação aos outros esportes é que no futebol não há o desafio. O desafio é um pedido de revisão feito pelo treinador ou pelos jogadores, dependendo da modalidade, em que o árbitro é obrigado a revisar o lance com o auxílio do vídeo.
Mas por que isso não existe no futebol?
O motivo está no protocolo do VAR. Lá está escrito que o árbitro de vídeo já checa tudo. Por isso não há necessidade de pedir desafio. Mas na prática não funciona tão bem assim. O VAR também erra e às vezes não chama o árbitro para ver o lance. Por isso, os jogadores ou os treinadores deveriam ter a oportunidade de forçar uma revisão. Quantas vezes um jogador tem certeza de que sofreu um pênalti, ou uma falta que era pra vermelho, e o árbitro não deu e nem foi chamado ao monitor para rever? Além disso, o desafio evitaria polêmicas com a omissão do VAR porque os times, que são os maiores interessados, teriam a chance de pedir a revisão quando o VAR vacila. Seria mais justo!
Tivemos alguns exemplos claros em que o desafio teria ajudado a evitar erros claros do VAR: pênalti de mão do Léo Moura que decidiu Grêmio x Flamengo; pênalti do Volpi que decidiu São Paulo x Ceará; pênalti do Luciano Castan que decidiu Fluminense x CSA e vários outros lances decisivos que não foram corrigidos pelo VAR, mas seriam se tivesse o desafio.
Claro que, se implementado, para não perder a dinâmica no jogo e não interferir muito, o desafio no futebol deveria ser adaptado de outros esportes. Como no futebol americano em que os treinadores podem pedir apenas duas vezes por período. Se tiverem razão eles mantêm o número de desafios, mas se não tiverem eles perdem um pedido. No vôlei, esse formato também é utilizado: são dois desafios por set. Os treinadores também o usam taticamente, pedem por qualquer motivo apenas para esfriar o jogo. No futebol, poderia ser um pedido por tempo.
Outro ponto a ser melhorado no VAR é a maneira como o público fica sabendo da decisão. O processo deveria ser mais transparente, como no futebol americano em que o árbitro avisa sobre sua decisão em um microfone. O áudio aberto na cabine do VAR durante uma revisão deixaria bem clara a construção da decisão final e transformaria o chato tempo de espera em uma atração imperdível.
Além do desafio e da divulgação do áudio, outro ponto a ser melhorado é o tempo de revisão. A demora tem gerado muita reclamação e confusão. O futebol também poderia se espelhar em outros esportes para corrigir isso. No futebol americano, por exemplo, o árbitro tem no máximo 60 segundos para revisar um lance. Aqui no Brasil, muitas vezes o VAR demorou demais para chamar o árbitro pra ver a imagem e os árbitros ficavam um tempão à frente do monitor.
Tudo isso porque o lance não era um erro claro e o VAR chamou por medo de errar. Ou seja, se tivesse uma limitação de tempo ou de ângulos para analisar o lance, o VAR só chamaria em erros claros. E quem alega que a demora é por causa dos lances milimétricos de impedimento, recomendo assistir à Premiere League e as competições FiFA em que esses lances são revistos de maneira muito mais ágil. O problema aqui no Brasil está dentro da cabine, em quem opera essa linha e em quem não reconhece essa deficiência.
O protocolo do VAR ainda passará por mudanças e melhorias. Quem sabe, num futuro recente teremos o desafio. Ele tornaria o VAR ainda mais justo, mais aceitável pelo público e muito mais emocionante.