Pioneira da Seleção Brasileira feminina leva vida anônima em SC
A ex-jogadora Cenira Sampaio, pioneira da Pioneira da Seleção Brasileira feminina, trabalha em uma padaria no estado de Santa Catarina
atualizado
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Cenira Sampaio, capitã da Seleção Brasileira nas duas primeiras Copas do Mundo Feminina (1991 e 1995), atualmente vive vida anônima e trabalha em uma padaria em Joinville, no norte de Santa Catarina. A ex-jogadora vende bilhetes da sorte para completar a renda.
Nas folgas do fim de semana, Cenira apita jogos de futsal em Joinville, mas sonha em voltar ao campo como treinadora de futebol. Porém, para isso, ela precisa fazer o curso da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que tem custo atual de R$ 5 mil, valor inviável para o momento.
Copa do Mundo 2023
A Seleção Brasileira estreia nesta segunda-feira (24/7), às 8h, contra o Panamá. No Grupo F, a Canarinho ainda pega França e Jamaica. E as mulheres que estão na disputa do torneio ganharam um recado da Cenira.
“Desejo boa sorte para as meninas que vão para a Copa do Mundo agora, que consigam se estabelecer e ganhar. Se não for ganhar o mundial, que seja o mais perto possível”, disse ao G1.
Pioneirismo
Nos primeiros Mundiais, Cenira sofria com o descaso com o futebol feminino e comentários sexisistas. “A gente tinha que reaproveitar os uniformes masculinos e, só depois de muita briga, é que conseguimos tirar pelo menos as estrelas da camisa, que não eram nossas. Chamavam muito a gente de ‘sapatão’ também ou diziam ‘vai pegar um tanque de roupa para lavar, aí não é o teu lugar'”, declarou Cenira.
Além disso, Cenira, que na época jogava no Esporte Clube Radar, do Rio de Janeiro, time que serviu como base para a formação da Seleção do período, contou a diferença os prêmios ao serem chamadas para a Canarinho. “A gente ganhava US$ 40 quando éramos convocadas para jogar na seleção. No masculino, eram US$ 1 mil”, relatou.
Ainda pela Amarelinha, Cenira teve desentendimentos com Paulo Dutra, dirigente da CBF e acabou resultando na perda da braçadeira de capitã no Mundial da Suécia, em 1995. No ano seguinte, ela foi deixada de fora da Seleção e não participou dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.
“Foi porque eu comecei a falar que a gente ganhava pouco. Era uma disparidade muito grande com relação ao masculino. Não queria que chegasse ao [nível do] masculino, mas em algo que coubesse para a gente”, explicou
Cenira defendeu clubes como Flamengo, Madureira, Vasco, Portuguesa, Corinthians e Palmeiras. Ela chegou a jogar grávida de cinco meses e, com desconforto, procurou um médico que diagnosticou com problema de vesícula. “Minha vesícula hoje tem 36 anos”, brincou.
Ela se aposentou em 2004, formou-se em educação física e também fazer curso de arbitragem.