Paratleta faz série sobre desafios da acessibilidade em Tóquio
Andréa Pontes, da canoagem, foi até a cidade-sede dos jogos em 2019 para filmar o projeto Rodas Pelo Mundo
atualizado
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Todas as cidades do mundo, mesmo as localizadas em países mais desenvolvidos, têm algum tipo de problema. Entretanto, em relação às pessoas que precisam utilizar cadeira de rodas para se locomover, as dificuldades surgem com mais frequência e impactam diretamente o dia a dia.
Com isso em mente, a paratleta de canoagem Andréa Pontes decidiu percorrer algumas cidades em diferentes países e ver o quão preparadas estão para receber pessoas com deficiência. Assim nasceu o Rodas Pelo Mundo. E logo no episódio de estreia, ela mostra a percepção de uma cadeirante a respeito de Tóquio, palco das Paralimpíadas.
Andréa conta que o projeto foi idealizado e gravado em 2019. Ao longo de oito capítulos, ela visita diversos pontos turísticos de Tóquio, como o Templo Senso-ji, a Estátua Hachiko, o Templo dos Toras, o Grande Buda de Kamakura, além de restaurantes, metrô e outros locais da capital japonesa.
Logo no primeiro episódio, por exemplo, Andréa fala da dificuldade de realizar uma tarefa que deveria ser tranquila.
“Apesar de possuir o sinal sonoro, as rampas do cruzamento deixam a desejar. Já na hospedagem, as cápsulas são tão pequenas, com 2m por 1m25, que não comportam cadeirantes”, relata a paratleta.
No caso das estações, a remadora conta que o investimento em tecnologia para melhorar a acessibilidade é notável. “Quando não tinha elevador, as escadarias tinham plataforma de descida e subida”, detalha.
Se por um lado a tecnologia atende as necessidades, a relação humana, no entanto, deixa a desejar, segundo Andréa.
“Um dia precisei pegar o trem bala e o elevador não estava funcionando. Pedi ajuda aos funcionários da estação para subir as escadas e eles não quiseram ajudar, pediram que voltasse no outro dia. Então, tive que pedir ajuda a outros turistas”, revela.
A paratleta diz que o Rodas Pelo Mundo tem mais a mostrar. Além do Japão, ela gravou na Espanha, Índia e em Portugal, mostrando as particularidades e dificuldades em cada um desses países.
Confira os primeiros três episódios gravados em Tóquio:
Sobre Andréa
Antes do paradesporto, durante a infância e a adolescência, Andréa praticou vôlei no Rio Grande do Sul. Com o esporte, ela participou de competições e foi campeã na modalidade.
Pouco tempo após ingressar na Universidade Federal de Pelotas, no curso de direito, Andréa Pontes sofreu um acidente de trânsito que acabou comprometendo a mobilidade da cintura para baixo.
No entanto, o amor pelo esporte se manteve, e foi na canoagem que ela se redescobriu. A paixão e a dedicação foram tamanhas que em 2014 ela conquistou os títulos Brasileiro e Sul-Americano da modalidade.
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Além da prática na água, a paratleta se engajou e decidiu lutar pela inclusão de pessoas com deficiência no esporte. Ela também é presidente do Unaparque, o primeiro parque inclusivo do Brasil, localizado no Parque Ecológico do Lago Norte, em Brasília.
Lá, são oferecidas aulas de yoga, tênis de mesa, tiro com arco entre outras atividades inclusivas.
As Paralimpíadas começam no dia 24 de agosto e vão até o dia 5 de maio, em Tóquio.
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