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“O esporte tem uma grande força social, é capaz de unir pessoas de diferentes culturas de forma pacífica”, disse o papa Francisco aos peregrinos na Praça de São Pedro, no Vaticano, após a oração semanal do Angelus neste domingo (21/7). “Espero que este evento possa ser um sinal do mundo inclusivo que queremos construir e que os atletas, com o seu testemunho desportivo, possam ser mensageiros de paz e exemplos reais para os jovens em particular”, disse o papa, de 87 anos.
“Na tradição antiga, os Jogos Olímpicos são uma oportunidade para estabelecer uma trégua nas guerras, para demonstrar um desejo sincero de paz,” acrescentou o líder religioso.
Na sexta-feira (19/7), em uma mensagem ao arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, o papa Francisco já havia manifestado seus bons votos para as competições esportivas, num momento em que a França está dividida por forças políticas divergentes. “Expresso o desejo de que a organização destes Jogos seja para todo o povo da França uma bela ocasião de harmonia fraterna, que permitirá, além das diferenças e oposições, reforçar a unidade da nação”, afirmou o pontífice.
O que é a trégua olímpica?
A trégua olímpica que entrou em vigor na sexta-feira (19) tem suas raízes na Antiguidade. A tradição da “Trégua Olímpica”, ou “Ekecheiria”, foi estabelecida na Grécia antiga no século IX a.C. pela assinatura de um tratado entre três reis – Íphitos de Elis, Cleóstenes de Pisa e Licurgo de Esparta – para que atletas e os espectadores dessas cidades, que de outra forma estavam quase constantemente em guerra, pudessem participar com segurança dos Jogos Olímpicos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu reavivar a Trégua Olímpica durante os Jogos da década de 1990. Porém, desde a sua criação, em 1993, ela tem funcionado mais como um símbolo do que seria o ideal do que uma medida concreta de suspensão de conflitos. Vetor simbólico de paz, a trégua olímpica é hoje um ideal muito enfraquecido.
Em novembro de 2023, como manda a tradição, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, adotou a trégua olímpica que entraria em vigor poucos dias antes do início do evento. Porém, pela primeira vez, a medida não foi validada por consenso, sendo necessário organizar uma votação. Cento e dezoito países votaram a favor, dois se abstiveram: a Rússia e a Síria.
A trégua Olímpica prevê uma pausa dos conflitos durante os sete dias anteriores ao início dos Jogos Olímpicos e sete dias após o final dos Jogos Paralímpicos. “O seu objetivo é preservar, na medida do possível, os interesses dos atletas e do desporto em geral, bem como utilizar o papel do esporte para promover a paz, o diálogo e a reconciliação”, diz o site dos Jogos Olímpicos na Internet.
Hoje em dia, o ideal parece cada vez mais distante. Desde o início do século XXI, muitas edições dos Jogos Olímpicos viram a sua trégua ser quebrada por conflitos armados.
Neste verão europeu, a guerra na Ucrânia marcará inevitavelmente o contexto em torno dos Jogos de Paris.
Do lado russo, o presidente Vladimir Putin denuncia a violação dos princípios da Carta Olímpica, com a exclusão dos atletas russos e bielorrussos, que só poderão competir por uma bandeira neutra.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também rejeitou a ideia de uma trégua.
Leia a reportagem completa em RFI, parceira do Metrópoles