Brasileira finalista em Paris começou a treinar em acampamento do MST
Valdileia Martins cresceu em assentamento do MST no Paraná e Perdeu o pai, seu incentivador, às vésperas da competição em Paris
atualizado
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Foi o pai de Valdileia Martins, atleta finalista no salto em altura nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a ideia de preencher sacos de milho velhos com palha de arroz para que as crianças do acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não se machucassem nos treinos. Com o desejo de que o assentamento não fosse apenas um local de plantio de algodão e criação de gado, ele batalhou para que o local se transformasse também em um centro de aprendizado e formação de atletas. A informação é do UOL Esporte.
Valdileia foi a primeira a testar a eficiência dos colchões de palha de arroz. Mas quando chegou à sua primeira final olímpica, Valdileia já não tinha o pai, Israel Martins na torcida. Ele faleceu na segunda-feira (29/7), na terra que recebeu pela reforma agrária em 1998, vítima de um enfarte fulminante. A notícia chegou à filha na manhã seguinte, durante um dos primeiros treinos na capital francesa.
“Eu comecei a chorar, não perguntei à minha irmã como tinha acontecido. Parei de chorar, me recompus e voltei a treinar. O Nei (Neilton Moura, treinador em Paris) nem percebeu que eu estava diferente. Só quando minha outra irmã me ligou para perguntar se eu estava sabendo é que o Nei me viu chorando e perguntou o que tinha acontecido”, contou Valdileia ao UOL Esporte.
Coube à mãe de Valdileia continuar com o incentivo. “Quero que você fique e compete, que era o que seu pai queria. Ele estava feliz e orgulhoso de você”, disse à filha.
Após ver o pai pela última vez no caixão, através de uma ligação de vídeo, Valdileia competiu, igualou recorde brasileiro no salto em altura feminino de 1989, com 1,92m e se tornou finalista olímpica. Ela não está confirmada para a disputa neste domingo (4/8) porque sofreu uma lesão em seu último salto.