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Novo Mané Garrincha completa 100 jogos de futebol nesta quinta (2/3)

Sem partidas importantes até dezembro, estádio entrou na mira da Lava Jato e custa R$ 700 mil mensais. GDF quer entregar arena a empresas

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Estádio Mane Garrincha
1 de 1 Estádio Mane Garrincha - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Inaugurado em 18 de maio de 2013, após ser demolido e reconstruído, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha completa 100 jogos nesta quinta-feira (2/3), com a partida Real x Santa Maria, válida pelo Campeonato Candango. O jogo modesto contrasta com os números acumulados pelo gigante. A começar pelo custo da obra, monumental como a avenida que fica ao lado da arena: foi gasto R$ 1,8 bilhão, o valor mais alto entre os estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014. Hoje, o custo mensal de manutenção gira em torno de R$ 700 mil.

Da reestreia até hoje, 2.217.355 torcedores passaram pelos 99 jogos de futebol disputados até agora (confira curiosidades abaixo). Mas o estádio que recebeu importantes partidas da Copa das Confederações de 2013, da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 — além de shows como os de Paul McCartney, Pearl Jam e Guns ‘n Roses — pouco terá a comemorar este ano.

Isso porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com apoio da maioria dos 20 clubes da Série A, proibiu a venda de mando de campo no Brasileirão. Dessa forma, o Flamengo — time que mais atuou no gramado brasiliense, com 20 duelos — não voltará a sua segunda casa, pelo Brasileirão-17.

A decisão da CBF irritou o Rubro-Negro carioca. “Essa proibição é muito desagradável. Consideramos uma covardia. Não só com Brasília, mas como as outras arenas. A gente espera que isso seja revertido em algum momento”, disse ao Metrópoles o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

Sem poder receber confrontos da principal competição nacional, o Mané Garrincha terá que recorrer a outros torneios. Por ora, o jeito é se contentar com partidas do Campeonato Candango. Nesta quinta-feira (2), Real x Santa Maria vão fazer o jogo de número 100 da casa, às 16h. O calendário de partidas de futebol só está garantido até maio, quando ocorrem as finais da disputa local. No restante do ano, a arena pode ficar às moscas.

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Em 2010, a arena foi demolida
Obras do novo Mané Garrincha, que recebeu o prenome de Estádio Nacional de Brasília, duraram três anos
O novo Mané tem capacidade para 72,7 mil pessoas
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O antigo Mané Garrincha foi inaugurado em 10 de março de 1974, com capacidade para 45,2 mil torcedores. Acabou demolido para dar lugar ao moderno Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha

Arquivo Público do DF
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Em 2010, a arena foi demolida

Agência Estado
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Obras do novo Mané Garrincha, que recebeu o prenome de Estádio Nacional de Brasília, duraram três anos

Divulgação
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O novo Mané tem capacidade para 72,7 mil pessoas

Divulgação

 

O arquiteto
Não são apenas os torcedores que podem ficar na mão. Autor do projeto do estádio e personagem essencial na história do novo Mané Garrincha, o arquiteto Eduardo Castro Mello não esconde a frustração com alguns aspectos da obra. No entanto, a reclamação não é pela escassa programação esportiva, mas devido ao projeto que ficou pela metade, uma vez que muitas das intervenções planejadas não foram executadas.

Lamento não ter sido possível finalizar algumas obras complementares previstas no projeto, tais como a Usina de Placas Fotovoltaicas no anel de cobertura do estádio, que iria suprir toda a demanda de energia elétrica a custo zero. Espero que essas melhorias possam, em um futuro próximo, estar à disposição dos moradores de Brasília

Eduardo Castro Mello, arquiteto que projetou o Mané Garrincha
Luiz Roberto Magalhães/Portal da Copa
Eduardo Castro Mello: projeto de geração de energia ficou só na promessa

 

Paisagismo e túnel inexistentes
Outras obras relacionadas ao Mané Garrincha também não passaram de promessas. É o caso da implantação do projeto paisagístico e de manejo de águas pluviais em todo o setor no entorno do estádio. Havia ainda a previsão de túneis interligando o Parque da Cidade Sarah Kubitschek ao Eixo Monumental, próximo ao Centro de Convenções, e de lá ao estacionamento do estádio (veja na galeria abaixo).

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Complexo esportivo, visto na foto, ficou no papel
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O orojeto original previa um Mané Garrincha bem diferente do atual nas imediações do estádio

Divulgação
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Complexo esportivo, visto na foto, ficou no papel

Divulgação

 

Prejuízo para os cofres públicos
As críticas também vêm de órgãos públicos. Ex-presidente e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), Renato Rainha analisou minuciosamente cada relatório das obras envolvendo o Mané Garrincha. O TCDF conseguiu, a partir de um acompanhamento permanente, impedir alguns desmandos.

Mas a ação do Tribunal não foi suficiente. O prejuízo com sobrepreços na arena ultrapassa os R$ 450 milhões. Nessa lista, estão incluídos, por exemplo, contrato de nivelamento a laser do gramado e pagamento maior pela metragem e pela aquisição da grama. Ante todos esses gastos e a pouca utilização do Mané Garrincha, o disgnóstico de Renato Rainha é incisivo:

É um elefante branco e não há solução. Está praticamente sem uso e vem se depreciando

Renato Rainha, conselheiro do TCDF

A qualidade da obra até hoje é investigada em processo pelo TCDF. O relatório prévio aponta que existem incompatibilidades entre os acabamentos especificados e os materiais empregados na obra. Defeitos como resto de material, trincas, desníveis e até a largura do piso e dos degraus são apontados no relatório, que ainda espera de decisão de mérito.

“É um estádio onde foi gasto dinheiro sem qualquer razoabilidade. Não temos times de tradição e a arena custou mais do que o Maracanã. Não há justificativa. Por muito menos fariam uma arena, na ordem de R$ 300 milhões, e sobraria R$ 1,4 milhão para investir na saúde, por exemplo”, ressalta o conselheiro do TCDF Renato Rainha.

Hoje, sabe-se para onde foi parte do dinheiro usado para erguer o Mané Garrincha: escoou pelo ralo da corrupção. Investigadores da Operação Lava Jato — que apura desvios bilionários de dinheiro público da Petrobras — descobriram que recursos foram destinados ao pagamento de propinas. A informação foi confirmada por um dos delatores preso na ação, Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez.

 

Quem vai pegar o Elefante Branco no colo?
A pergunta que se faz é: quem vai cuidar do estádio? Com gastos na casa dos R$ 700 mil mensais para a manutenção da arena, o GDF tenta passar a gestão da praça desportiva à iniciativa privada.

O governo local criou uma área chamada ArenaPlex, que envolve a administração não só o estádio Mané Garrincha, como também o Ginásio Nilson Nelson, o Complexo Aquático Cláudio Coutinho e as quadras poliesportivas do local.

Uma empresa foi contratada para elaborar um estudo de viabilidade. De acordo com a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), falta apenas o projeto específico para o Ginásio Nilson Nelson. Os demais já foram concluídos. Assim que essa etapa estiver concluída, será lançado o edital de licitação para escolher a empresa que ficará responsável por executar o projeto.

14 fatos marcantes do novo Mané Garrincha

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Logo em seguida, o palco foi responsável pela despedida de Neymar do futebol brasileiro. O craque se emocionou diante dos 63.501 torcedores no empate em 0 x 0 entre Santos e Flamengo, em 26 de maio de 2013
O Mané Garrincha abriu espaço para as mulheres mais de uma vez: em 2013 e 2014, foi disputado o Torneio Internacional Feminino, com direito a show de Marta <i>(na foto, à esquerda)</i> e companhia
Sete jogos da Copa do Mundo de 2014 foram disputados em Brasília. O Brasil participou duas vezes, na vitória sobre Camarões por 4 x 1 e na derrota na disputa do terceiro lugar para a Holanda (foto), por melancólicos 3 x 0
O Luziânia, duas vezes, e o Gama também foram campeões no estádio. Ambos superaram o Brasília na decisão, em 2014 e 2015, respectivamente. O Luziânia ainda derrotou o Ceilândia em 2016
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O primeiro momento marcante do novo Mané foi na estreia, com o título do Brasiliense sobre o Brasília. A partida ocorreu em 18 de maio de 2013, e o Jacaré venceu por 3 x 0

Brasiliense/Divulgação
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Logo em seguida, o palco foi responsável pela despedida de Neymar do futebol brasileiro. O craque se emocionou diante dos 63.501 torcedores no empate em 0 x 0 entre Santos e Flamengo, em 26 de maio de 2013

Andre Borges/Agência Brasília
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Internet/Reprodução
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O Mané Garrincha abriu espaço para as mulheres mais de uma vez: em 2013 e 2014, foi disputado o Torneio Internacional Feminino, com direito a show de Marta (na foto, à esquerda) e companhia

André Borges/Agência Brasília
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Sete jogos da Copa do Mundo de 2014 foram disputados em Brasília. O Brasil participou duas vezes, na vitória sobre Camarões por 4 x 1 e na derrota na disputa do terceiro lugar para a Holanda (foto), por melancólicos 3 x 0

EBC/Reprodução
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O Luziânia, duas vezes, e o Gama também foram campeões no estádio. Ambos superaram o Brasília na decisão, em 2014 e 2015, respectivamente. O Luziânia ainda derrotou o Ceilândia em 2016

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O Brasília sagrou-se campeão da Copa Verde de 2014, a primeira edição do torneio com clubes do Centro-Oeste e Norte do país. O time bateu o Paysandu nos pênaltis diante de 51 mil torcedores e garantiu vaga na Copa Sul-Americana do ano seguinte

Brasília/Divulgação
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O Botafogo conquistou a Série B do Brasileiro de 2015 em Brasília. O título veio após vitória sobre o ABC-RN, por 2 x 1

Daniel Ferreira/Metrópoles
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O Mané Garrincha recebeu 10 partidas dos Jogos Olímpicos 2016. A seleção masculina de futebol, campeã do torneio, jogou no local duas vezes e empatou sem gols em ambas as disputas. Do lado de fora, torcedores reclamaram de longas filas

Michael Melo/Metrópoles
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O maior público de uma partida entre clubes no estádio é do Flamengo. Na derrota para o Coritiba por 2 x 0, pelo Campeonato Brasileiro de 2015, o Rubro-Negro levou 67.011 torcedores à arena

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Já o maior público foi visto nas Olimpíadas 2016, na partida entre Brasil x África do Sul, acompanhada por 69.389 torcedores (foto). A de menor comparecimento foi pelo Campeonato Candango de 2016, entre Brasília x Planaltina, para 157 testemunhas

Daniel Ferreira/Metrópoles
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Nem só de futebol vive o Mané. Em novembro de 2014, 40 mil pessoas assistiram ao show do ex-Beatle Paul McCartney

Andre Borges/Agência Brasília
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Em novembro de 2015, foi a vez de Eddie Veder (foto) e cia. agitarem o DF com o show do Pearl Jam

Felipe Menezes/Metrópoles
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Já em novembro de 2016, o último grande show: a reunião de Slash e Axl na volta da formação original do Guns'n Roses

 

 

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