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Ministro francês acusa Benzema de “vínculo” com organização terrorista

O ministro francês Gérald Darmanin acusou Benzema de ter ligações com a Irmandade Muçulmana

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Imagem colorida de Benzema, jogador do Al-Ittihad- Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Benzema, jogador do Al-Ittihad- Metrópoles - Foto: Francois Nel/Getty Images

Karim Benzema, jogador que foi Bola de Ouro 2022, foi alvo do ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, após publicar, no domingo (15/10), no X (antigo Twitter), uma mensagem de apoio aos habitantes de Gaza, vítimas, segundo ele, de “bombardeios injustos” realizados por Israel em retaliação ao ataque do Hamas de 7 de Outubro. “Todas as nossas orações pelos habitantes de Gaza, vítimas mais uma vez, destes injustos bombardeios que não poupam nem mulheres nem crianças”, escreveu Benzema em um post que recebeu 600 mil likes.

Segundo Darmanin, a posição de Benzema pode ser explicada pelas ligações do jogador com a Irmandade Muçulmana, organização islâmica que nasceu no Egito, onde é considerada “terrorista”.

“Karim Benzema tem uma ligação notória, como todos sabemos, com a Irmandade Muçulmana”, disse Darmanin na segunda-feira (16) no canal CNews, provocando uma tempestade nas redes sociais.

“Karim Benzema não tem ligação direta ou distante com a Irmandade Muçulmana”, declarou o advogado do jogador francês na rádio RMC. Hugues Vigier disse ainda que era “inacreditável” que o ministro do Interior fosse “capaz de fazer tais comentários, obviamente, sem qualquer verificação”. Benzema, que hoje joga no clube saudita Al-Ittihad e mostra sua fé muçulmana, não reagiu diretamente às declarações de Darmanin.

O Ministério do Interior teria descartado uma eventual intervenção judicial no caso do atacante francês, mas salientou um “lento desvio nas posições de Karim Benzema em direção a um Islã duro e rigoroso, característico da ideologia da Irmandade”.

Com suas posições polêmicas, Benzema foi bastante criticado por se recusar a cantar o hino nacional francês quando jogava pela França e por seu proselitismo nas redes sociais em torno do culto muçulmano. Além disso, ele demonstrou apoio a uma publicação do lutador russo de MMA Khabib Nurmagomedov, que representava uma verdadeira apologia ao ódio, após a publicação de caricaturas do profeta Maomé na imprensa francesa.

“Perda da nacionalidade”

Na quarta-feira, a senadora do partido de direita, Os Republicanos, Valérie Boyer solicitou, caso as acusações do ministro do Interior fossem comprovadas, a “perda da nacionalidade” de Karim Benzema.

“Karim Benzema é francês, não tem dupla nacionalidade, nunca pediu nem quis ter a nacionalidade argelina”, lembrou Hugues Vigier, já que seu cliente é filho de pai argelino. “Considerar a perda de nacionalidade de cidadãos nativos, se voltarmos na história, [quem fazia isso] é a Alemanha nazista!”, acrescentou.

O advogado do ex-atacante dos Bleus acusa também a eurodeputada francesa, Nadine Morano, e o publicitário francês Frank Tapiro “de terem causado um ataque profundo e insuportável à sua honra”.

Morano descreveu Karim Benzema na rádio Europe 1, na segunda-feira (16), como um “elemento de propaganda do Hamas”. No mesmo dia, Frank Tapiro também criticou a publicação de Karim Benzema, no canal israelense i24NEWS, destacando que ele não citou os reféns do Hamas. “Onde estão as vítimas do hediondo ataque do último sábado? Ele é cúmplice do terrorismo e é um colaborador”, afirmou o publicitário de confissão judaica.

Política de tolerância zero

Desde o atentado do Hamas em Israel, o governo francês proibiu manifestações de apoio ao povo palestino em lugares públicos e o Ministério do Interior acompanha as postagens suspeitas nas redes sociais, como no caso de Benzema, que tem milhões de seguidores.

Os partidos de esquerda franceses denunciam uma iniciativa perigosa e uma nova violação da democracia.

O presidente francês Emmanuel Macron justificou nesta quinta-feira a proibição pela necessidade de um “prazo de decência” após o massacre de israelenses pelo Hamas e o risco de infiltração nas manifestações de “elementos ultrarradicais”.

O Conselho de Estado, que verifica o respeito à Constituição na França, afirma que as manifestações a favor da Palestina não podem ser proibidas sistematicamente e que cabe aos secretários de segurança pública avaliar se existe risco local de “distúrbio à ordem pública”.

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