Mãe hostilizada ao lado do filho no Gre-Nal relembra agressão
“Era uma fúria. Era um transtorno total. Ela me chamava de sem-vergonha, louca e outros palavrões”, lamenta Tais
atualizado
Compartilhar notícia
A torcedora do Grêmio Tais Dias, de 38 anos, agredida ao lado de uma criança durante o clássico Gre-Nal do último sábado (20/07/2019), falou sobre o episódio, ocorrido no Beira-Rio. No final da partida, ela, acompanhada do filho de apenas 6 anos, foi hostilizada por colorados, após ter erguido uma camisa do time tricolor, em um setor destinado para torcida do Internacional. Em seguida, alguns colorados tentaram arrancar a camisa das mãos dela. As principais ofensas partiram de uma sócia do Inter. “Era uma fúria. Era um transtorno total. Ela me chamava de sem-vergonha, louca e outros palavrões”, lamenta Tais.
Ao Estado, a torcedora do Grêmio esclarece que tentou acompanhar a partida no setor destinado para a torcida mista, onde adversários assistem lado a lado à partida. Porém, por não ser sócia, ela ingressou na torcida do Inter, com a camisa do clube do coração guardada na bolsa. A intenção era realizar um sonho do caçula de assistir ao clássico Gre-Nal. O marido dela e os outros dois filhos estavam em um outro setor do Beira-Rio.
“Eu não quis provocar aquela situação. Foi um ato ingênuo de minha parte. O clima estava tão legal e agradável que eu só quis comemorar com meu filho. Todo mundo estava se sentido super à vontade. Inclusive, em respeito ao Inter, eu esperei o final de jogo e mais 15 minutos para comemorar em frente à torcida gremista”, relembra. Naquela ocasião, Tais festejava com o filho perante a torcida gremista, que estava no anel superior do estádio.
As cenas de agressão estamparam o noticiário esportivo negativamente e geraram traumas ao pequenino torcedor, que deixou o estádio aos prantos. “Lamentavelmente, depois disso, meu filho Bernardo não quer mais ir ao Beira-Rio”, adverte.
Porém, Tais Dias destaca que, em razão da repercussão do caso, o Grêmio deu novo alento para a família. “A gente aceitou um convite do Grêmio para ir no jogo da Libertadores, amanhã, na Arena. A partir daí a gente vai dar um tempinho. O Grêmio foi o principal e primordial apoiador. O fato aconteceu no final do sábado e, no domingo [21/07/2019] pela manhã, o presidente Romildo Bolzan Jr. já estava me ligando, oferecendo todo o apoio”, ressalta. Ela menciona ainda a solidariedade recebida nas redes sociais por diferentes torcedores do Inter.
Na última terça-feira (23/07/2019), mãe e filho foram recebidos pelos atletas do Grêmio no centro de treinamento do clube em Porto Alegre. Bernardo recebeu vários presentes e camisas do time, além de carinho de jogadores, como Everton, Geromel, Maicon, Paulo Victor, Matheus Henrique e Jean Pyerre, e do técnico Renato Gaúcho. “Tinha que ver o abraço do Renato no meu filho”, sorri Tais. Após o episódio, a comerciante revela ainda que o filho mais velho, de 11 anos, deixou de ser colorado para torcer para o rival.
Sobre a agressão, a mãe, gremista, pretende logo virar essa página: “A consciência dela já mostrou que ela estava errada. Se ela mudar, já é grande coisa. Não tenho interesse de ter contato com ela. Cada um segue a sua vida”, pontua.
A torcedora responsável pelos principais xingamentos foi suspensa, temporariamente, do quadro social do Inter. Em nota, o clube informou que, além dela, outros dois envolvidos também foram denunciados à Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo. “Ressaltamos, mais uma vez, que o Clube do Povo não compactua com nenhum tipo de violência ou discriminação”, diz comunicado.
Além da Polícia Civil, o Ministério Público do Rio Grande do Sul também passou a investigar o caso a partir de vídeos que circularam em redes sociais e reportagens veiculadas na imprensa.