Made in Brasília: Vicente Luque puxa fila de atletas do DF no topo do MMA
Brasiliense, que pode se tornar o primeiro lutador da cidade a disputar um cinturão do UFC, inspira uma nova geração formada na capital
atualizado
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No começo do mês, o brasiliense Vicente Luque bateu o norte-americano Michael Chiesa e passou a integrar o Top 5 dos meio-médios (até 77kg) do UFC.
Agora, Luque está mais perto de ter a oportunidade de lutar pelo cinturão da categoria no principal evento de lutas da atualidade, feito inédito no cenário do MMA de Brasília.
Vicente faz parte de uma legião de atletas moldados no Distrito Federal, confirmando Brasília como centro formador de lutadores de elite na modalidade. O Metrópoles visitou a academia na Asa Norte onde o brasiliense se prepara para os combates no UFC, e conversou também com outras feras da cidade no MMA. Confira:
Para fazer história
Vicente Luque integra a lista dos cinco melhores lutadores dos meio-médios no ranking atual do UFC e entrou na rota direta pela disputa de cinturão da categoria.
Caso vença mais um combate, ainda sem data e adversários definidos, a próxima luta do brasiliense deve ser mesmo pelo topo dos meio-médios, algo que seria inédito para Brasília.
“Pra mim é muito bom estar subindo cada vez mais no ranking da minha categoria, no meu objetivo que é disputar o cinturão. Sinto que é graças ao trabalho duro que a gente vem fazendo, a dedicação que eu e minha equipe temos em sempre tentar alcançar nossos objetivos. E poder representar Brasília é um prazer muito grande. Eu cresci aqui, minha esposa é daqui, meu filho nasceu aqui. Então, é um prazer enorme poder dar esse orgulho para minha cidade e a gente vai em busca desse cinturão”, afirma Vicente.
No Cerrado
Vicente faz parte de uma segunda geração de lutadores do DF a ingressar no UFC, após nomes como Rani Yahya, Paulo Thiago e Francisco Trinaldo, o Massaranduba.
O trajeto vitorioso de Vicente no cenário das lutas está definitivamente atrelado com o da Cerrado MMA. Diferentemente de outros atletas do Distrito Federal que fazem seus treinamentos em outros estados e até outros países, como Renato Moicano e Luigi Vendramini, que treinam nos Estados Unidos, o Assassino Silencioso faz toda sua preparação em Brasília.
“Todo o camp (preparação) para as minhas lutas recentes foram feitos em Brasília, na Cerrado MMA. Hoje, eu vejo que é o melhor lugar para eu fazer meu treinamento porque o planejamento é voltado para cada luta em específico. Tenho toda uma equipe que me ajuda bastante aqui em Brasília. Então, consigo ter um treinamento especial para cada combate. Foi um desenvolvimento que veio acontecendo pouco a pouco. Antes eu sentia a necessidade de ir para os Estados Unidos treinar. A gente veio conseguindo trazer conhecimento para cá e hoje temos um time em Brasília que consegue bater de frente e competir no mais alto nível com outras equipes do mundo no UFC”, explica Vicente.
E um dos responsáveis pela formação e ascensão do lutador é Daniel Evangelista. Fundador e idealizador da Cerrado MMA, ele conta que Brasília já é referência na formação de lutadores de alto nível na modalidade.
“Nós começamos com o Vicente, lá em 2009, e fomos nos especializando e profissionalizando. Hoje não só ele, mas todos os nossos atletas de elite na nossa academia possuem uma estrutura que com certeza não fica atrás para nenhum país. Nossos atletas são acompanhados por profissionais como nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo esportivo… Sem falar na parte técnica, com um treinador para cada especialidade do MMA. Então, se antes o atleta saía para treinar em outros estados e países, hoje ele tem tudo aqui, na cidade dele. E isso é muito importante. Nós sempre tivemos essa mentalidade de buscar conhecimento para que ninguém precisasse sair daqui”, diz.
Atualmente, a Cerrado MMA conta com 25 atletas profissionais e cerca de 300 alunos de artes marciais mistas. Evangelista também é treinador do brasileiro Gilbert Burns, o “Durinho”, segundo colocado no ranking dos meio-médios do UFC e amigo pessoal de Vicente.
Nova geração
Com a profissionalização do cenário em Brasília, novos nomes da cidade já despontam no topo e integram ou estão perto de fazer parte do elenco de lutadores do UFC. E, assim como Vicente, uma lutadora de Ceilândia também já serve de inspiração para os colegas na Cerrado MMA.
Aos 34 anos, Viviane Araújo foi a primeira mulher do Distrito Federal a lutar no UFC. Nascida em Ceilândia, Vivi já tem seis lutas, com quatro vitórias e duas derrotas no peso-mosca feminino do evento.
“Sempre quis viver do esporte e hoje sou muito grata por conseguir viver do MMA. Para mim é muito gratificante fazer parte do UFC. A gente se espelha naqueles que vieram antes, se espelha no Vicente, que tá voando baixo. Sempre que ele luta a energia na academia é outra. Ele é daqui, então isso anima todo mundo porque é uma realidade que é muito próxima da gente”, conta a lutadora, que deve voltar a lutar no UFC ainda neste ano.
Dois nomes da Cerrado MMA também estão perto de ingressar na organização de Dana White. Gabriel Bonfim e Ismael “Marreta” integram o Legacy Fighting Alliance (LFA), um evento internacional de MMA.
Com boas performances nas categorias meio-médio e leve, respectivamente, os irmãos, moradores de São Sebastião, vivem a expectativa de lutar no UFC em um futuro bem próximo.