Longe de ser uma brincadeira, futebol americano conquista o DF
Esporte conta com cinco times de presença nacional. Brasilienses sonham em jogar nos Estados Unidos
atualizado
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No gramado da Esplanada dos Ministérios um bando de homens corre atrás de uma bola oval. No começo, tudo não passava de uma brincadeira. Mas a paixão pelo futebol americano transformou a diversão em coisa séria. Tanto que, atualmente, o Distrito Federal conta com cinco times oficiais e dois em processo de criação. E não é só isso. Tem brasiliense indo jogar nos Estados Unidos, a meca da modalidade esportiva.
“O futebol americano é um esporte fascinante e apaixonante. A maior exposição dos jogos da NFL (a principal liga norte-americana) e dos times nacionais fez com que surgissem milhares de fãs do esporte em todo Brasil. E muitos deles estão em campo jogando. As redes sociais foram fundamentais neste crescimento do futebol americano no Brasil”, explica o blogueiro e técnico da Seleção Brasileira de Futebol Americano, Danilo Muller.
Marco Aurélio, de apenas 15 anos, era até julho um dos integrantes do Brasília Alligators, time fundado oficialmente em 2011. O offensive tackle (linha de bloqueadores) se inscreveu na Nebraska Lutheran High School (EUA) tentando uma bolsa. E conseguiu.
“Mandei um e-mail para eles. Me convidaram para ir imediatamente para não perder a temporada. Fui pego de surpresa”, disse o jovem, vislumbrando a oportunidade.
Nos Estados Unidos, as universidades são a porta de entrada para quem sonha em se tornar profissional. Apenas um brasileiro nato joga na NFL hoje.
Cairo Santos, kicker (chutador) do Kansas City Chiefs. Por três temporadas na equipe, fechou um contrato de R$ 3,5 milhões. Muito aquém do que fatura por ano o quarterback (que lança a bola) Tom Brady, aqui no Brasil mais conhecido como o marido da modelo Gisele Bündchen: US$ 38 milhões.
Jogadores na Seleção Brasileira
O Tubarões do Cerrado é um dos clubes pioneiros da cidade. Conta com oito patrocinadores e disputa o Torneio Touchdown (principal do Brasil) com perspectivas de avançar às finais (playoffs). Neste sábado (19/9), no Estádio Serejão, em Taguatinga, bateu o Rio Branco (Espírito Santo) por 30 x 6.
Além de ser um dos mais tradicionais, o time candango conta com atletas que foram recentemente para os Estados Unidos para a disputa do Campeonato Mundial de Futebol Americano, na primeira presença do Brasil na competição.
Um deles é o defensive end (atletas que buscam impedir os corredores do time adversário) Felipe Marques, há apenas dois anos no esporte. Aos 24 anos, o estudante de engenharia civil reconhece que os brasilienses estão cada vez mais atraídos pela bola oval.
A gente percebe uma transformação considerável. Quando comecei, pouca gente sabia que tinha um time em Brasília. Hoje, você fala e já pergunta em qual time você joga
Felipe Marques, defensive end
Torcida apaixonada
A paixão do bancário Flávio Gouvêa pelo esporte é tanta que o torcedor do Tubarões do Cerrado tem planos ambiciosos para o filho Pedro. “Assim que ele tiver idade, vai entrar na escolinha para virar jogador de futebol americano. Depois, quero mandá-lo para os EUA para estudar e jogar por lá”, afirma.
O designer gráfico Carlos Garcia acompanha os jogos no Distrito Federal há quatro anos: “Sempre acompanhei pela TV, mas assim que os Tubarões começaram a jogar mais frequentemente no Guará, passei a acompanhá-los em campo.”
Curiosidades
- Nenhum jogador do DF recebe salário.
- Somente quatro times no DF são federados: Brasília V8, Leões de Judá, Brasília Templários e Brasília Alligators.
- O Tubarões do Cerrado disputa apenas o Torneio Touchdown, considerado pelos clubes um torneio mais forte. Por não estar federado, não pode disputar o Campeonato Brasileiro.
- Estão participando da Liga Nacional (segunda divisão) as equipes do Brasília V8, Leões de Judá e Brasília Alligators.
- O Gama Gladiadores e o Ceilândia Black Cats ainda não são federados. Estão em processo de formação e recrutamento de jogadores.
Colaborou Rafaela Lima