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Dos 465 atletas do Brasil nas Olimpíadas, apenas 11 são do DF

Desses, apenas três ainda moram em Brasília. Segundo especialistas, faltam investimentos na formação de atletas na capital federal

atualizado

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Rafaela Felicciano
Caio Sena _ marcha atletica
1 de 1 Caio Sena _ marcha atletica - Foto: Rafaela Felicciano

As Olimpíadas estão chegando e o Time Brasil já começa a desembarcar no Rio de Janeiro. Em Brasília, os jogadores da Seleção Brasileira têm chegada prevista para o próximo domingo (31/7). Ao todo, serão 465 atletas representando a bandeira do país, mas, desses, apenas 11 nasceram no Distrito Federal. O número é mesmo baixo, representa apenas 2,4% dos convocados. Enquanto isso, o número de atletas de outros países naturalizados brasileiros é muito maior: serão 20 “gringos”.

Essa realmente tem sido a média de convocados do Distrito Federal nos últimos anos. Para as Olimpíadas de Londres, em 2012, e de Pequim, em 2008, 10 foram chamados. Nas duas últimas edições da competição, no entanto, o total de atletas representando o Brasil ficou em cerca de 250. O número aumentou em mais de 200 em 2016 e, mesmo assim, a capital do país só conseguiu colocar na lista 11 esportistas.

Representando o DF estão o veterano Marilson Gomes dos Santos e o marchador Caio Bonfim, do atletismo; Rayssa Costa, da esgrima; Felipe Anderson, do futebol; Érika Miranda, do judô; Manuella Lyrio, da natação; César Castro e Hugo Parisi, dos saltos ornamentais; Bernardo Oliveira, do tiro com arco; Fabíola, do vôlei; e Bruno Schmidt, do vôlei de praia.

Entre os 11, apenas três ainda vivem em Brasília – Caio Bonfim, Hugo Parisi e Bernardo Oliveira. Os outros atletas trocaram a capital federal por outros estados ou mesmo países – Rayssa Costa morou na Itália – para poder se aperfeiçoar no esporte ou mesmo defender algum clube maior.

Esse atleta não passa muito tempo aqui porque em Brasília não tem grandes clubes. Nós precisamos reunir condições de manter esses atletas aqui. É preciso uma lei de incetivo ao esporte e ainda bolsas de incentivo no DF

Paulo Henrique Azevedo, doutor em gestão do esporte

A preocupação aumenta já que a renovação quase não vem acontecendo. Alguns esportistas de Brasília irão se aposentar ao fim das Olimpíadas do Rio, como é o caso de Marilson Gomes dos Santos, Hugo Parisi e César Castro. Érika Miranda e Caio Bonfim já estão na segunda Olimpíada.

Investimento na base
Para o doutor em gestão de esporte, antes de manter atletas de ponta em casa, o Distrito Federal precisa começar a formar novos atletas. “É preciso construir uma cultura para ser amadurecida ao longo do tempo. As pessoas acham que esporte serve apenas para tirar recursos de outras áreas. Mas, na verdade, o esporte é um elemento essencial na formação do cidadão assim como a educação”, garante Paulo Henrique.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Hugo Parisi é um dos poucos atletas que ainda vivem no DF

 

Segundo ele, o incentivo na base esportiva, focado nas crianças do DF, nunca será desperdiçado. “A prioridade é mesmo contemplar aquele que está começando. Assim eu estou olhando tanto a formação cidadã, desenvolvendo o respeito e a educação nas crianças, como aumentando a chance de ter atletas de alto nível”, garante.

O vetereno Hugo Parisi, que participa este ano da quarta Olimpíada, concorda. Ele é um dos poucos que seguem morando em Brasília e, perto de embarcar para o Rio de Janeiro, afirmou que é necessário uma força-tarefa para revelar e manter novos atletas no DF. “Precisa de uma boa estrutura, bons treinadores, atletas com vontade, ajuda do governo e mesmo patrocínio”, explica.

Procurada pela reportagem, a secretária de Esporte, Leila Barros, não negou que falte investimento na base por parte do GDF, mas destacou a importância do apoio privado. “Tem sim o momento que precisa de um apoio do governo, que é o desporto escolar e ainda temos um caminho a percorrer. Mas, historicamente, Brasília clama por incentivos da iniciativa privada. O Estado não tem como abraçar isso, a prioridade é a educação e a saúde”.

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