Gustavo Borges: “Não é preciso ser dono de empresa para empreender”
Ex-nadador fala sobre a relação do mundo dos negócios com o esporte. Astro será um dos palestrantes da Brasília Capital Fitness
atualizado
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Com quatro medalhas olímpicas e 19 pan-americanas, Gustavo Borges é um dos maiores nadadores da história do Brasil. Tanto que, em 2012, passou a fazer parte do seleto grupo do Hall da Fama da natação mundial ao lado dos principais nomes da modalidade. Desde que pendurou a touca, aos 31 anos, o ex-atleta também mostra que tem talento no mundo dos empreendimentos. Formado em economia pela Universidade de Michigan, ele comanda um grupo de empresas, sendo a principal delas a Metodologia Gustavo Borges, em que fornece programas para o ensino do esporte para 250 estabelecimentos em 20 estados do Brasil. O ex-nadador ainda encontra tempo para administrar cinco academias e rodar o país ministrando palestras motivacionais. Em entrevista ao Metrópoles, ele fala sobre os desafios da transição das piscinas para os negócios e como profissionais de educação física podem empreender em tempos de crise.
Quando foi que você começou a traçar os cenários do que iria fazer após pendurar a touca?
Durante as Olimpíadas da Grécia, em 2000, vi que estava com idade avançada, já tinha 27 anos, então comecei a pensar em uma transição. Após os Jogos, quando voltei ao Brasil, a ideia do que iria fazer na sequência (da vida de atleta) se intensificou e passei a empreender em algumas áreas. Como tenho espírito empreendedor, comecei a me preparar e entrei no curso de economia.
Qual foi a competência mais difícil de desenvolver no momento em que decidiu deixar as piscinas e abrir o próprio negócio?
Sem dúvida nenhuma foi a parte de gestão de pessoas. Quando estava dentro das piscinas, estava acostumado a lidar com as pessoas, mas lá se tem um comando. A partir do momento em que é você que tem que liderar as pessoas para tocar seu próprio negócio, é fundamental se desenvolver nesta área. Outro ponto foi aprender a encarar as metas, os resultados, as celebrações, de um modo diferente. Dentro de um esporte, você tem uma data única para fazer isso. Porém, em um ambiente de trabalho, você vê as coisas acontecendo aos poucos, mas a data de celebração não é tão impactante quanto ocorre no esporte.
É preciso adequar as expectativas e se preparar para isso.
Muitos profissionais de educação física são acostumados a trabalhar sozinhos ou dentro de uma equipe. Quando passam a ser empreendedores, têm que gerenciar pessoas, cuidar de processos, entre outras coisas. Qual a melhor forma de se preparar para esta nova realidade?
A melhor forma é se preparar e estudar o cenário. O esportista está acostumado a trabalhar sozinho, fazer ele mesmo suas ações e empreender o próprio corpo. Ou seja, é natural que seja mais difícil no momento em que tem que empreender com o corpo de outras pessoas, executar outros tipos de trabalho e buscar o resultado conjunto como time.
Além do lucro, quais os indicadores que você considera fundamental na sua vida de administrador?
A gente trabalha com KPIs mais diversos possíveis e todos eles são muito importantes. A retenção dos clientes, o resultado operacional da empresa e de vendas. Também olhamos outros indicadores, que são mais subjetivos, mas que considero importantes para o resultado do trabalho. O primeiro é o comprometimento da equipe. Em vários trabalhos costumamos avaliar itens como entrega e comprometimento. Apesar de subjetivo, sempre há como saber como estão esses pontos conversando e monitorando a equipe. Outra métrica importante é a satisfação do cliente, fundamental para gerar resultados e lucro.
Quais características do esporte que você consegue ver aplicadas no mundo do empreendedorismo?
Praticamente todas as características do esporte você consegue ver aplicadas no mundo dos negócios. Talvez o planejamento e a disciplina sejam os valores mais determinantes nos resultados empresariais.
Hoje, na educação física, com os constantes avanços de pesquisas e estudos na área de saúde e fitness, acredita que o profissional já deixa a faculdade obsoleto? Há muito profissional desatualizado neste mercado?
Não só os profissionais de educação física, mas de todas as áreas. A informação não está só na faculdade. A faculdade é um guia, um meio para organizarmos o conhecimento e o raciocínio do jovem. Essa capacitação faz parte do processo de aprendizagem de uma maneira mais ampla. Temos que trabalhar, não somente dentro das faculdades, mas na prática, no que está à luz do mercado. Isso é muito importante.
Períodos de crise econômica, como a vivida pelo Brasil, servem de oportunidades para que profissionais do ramo fitness empreendam?
É claro. Servem de oportunidades para qualquer área. Para os profissionais do ramo fitness é uma oportunidade de fazer um trabalho mais focado no que ele é bom, como personal, dando aulas específicas. Também é um bom período para estudar e se atualizar. Dessa forma, quando o momento oportuno aparecer, ele será capaz de dar um resultado. Não é preciso ser dono de empresa para ser empreendedor.
No meu caso, que tenho um negócio dentro do segmento fitness, quanto mais empreendedores eu tiver do meu lado, melhor.
Que tipo de habilidade você considera mais importante na hora de contratar um profissional para trabalhar com você?
Uma é a atitude demonstrada pela pessoa. Vejo coisas como proatividade, comprometimento, se ela tem uma atitude positiva. Procuro por colaboradores que tenham essas características. Mas, é claro, dependendo da área em que preciso contratar, também olho para a competência técnica, especializações e coisas do gênero. Ter uma boa capacidade de estudo, de análise de síntese, visão sistêmica – dependendo das áreas que forem mais ou menos estratégicas.
Brasília Capital Fitness 2017
O ex-nadador será uma das atrações do Brasília Capital Fitness (BCF), feira especializada em saúde e atividades físicas que ocorre entre 28 de setembro e 1º de outubro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ele irá conversar com o público sobre temas como gestão, empreendedorismo, inovação e, claro, natação.
A 22ª edição do evento irá oferecer uma série de atividades para o público em geral, como aulões de kangoo jump, zumba e fitdance. Já os profissionais do setor poderão participar de cursos sobre bem-estar, gestão, empreendedorismo, vendas, nutrição, natação e hidroginástica, treinamentos esportivos e funcional, ginástica localizada, ritmos, emagrecimento, recreação e lazer, musculação, avaliação física, bike e outros.
Além disso, os visitantes poderão ver o que há de mais avançado em equipamentos para treinamento em academias ou residências e conhecer uma infinidade de produtos, como suplementos alimentares, vitaminas, roupas com tecidos tecnológicos, bolsas/mochilas, entre outros acessórios.
Durante o BCF também haverá disputas do Campeonato Brasiliense de Deadlift, Luta de Braço e Supino; da Copa de Fisiculturismo; do Prêmio Musa e Mister Capital Fitness; e do Profissional do Ano.
A expectativa da organização é de que 90 mil pessoas passem pelo local durante os quatro dias de evento. A entrada é gratuita e os cursos custam R$ 335. Profissionais credenciados ao Conselho Regional de Educação Física ou Conselho Regional de Nutrição têm 20% de desconto.
Atrações
Fitness Xperience
Maior aula de kangoo jump do Brasil
Musa e Mister Capital Fitness
Palco Zumba
Prêmio Profissional do ano
VI Copa Capital Fitness de Fisiculturismo
V Campeonato Brasiliense deadlift, luta de braço e supino
Rodada de negócios
Aulão fitdance
Brasília Capital Fitness 2017
Data: 28 de setembro e 1º de outubro
Horário: Quinta (17h às 21h), Sexta/Sábado (10h às 21h), Domingo (10h às 18h)
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Preço: Entrada gratuita
Site: capitalfitnessonline.com.br
Confira a programação completa