Goleiro que reagiu a ataques racistas é suspenso na Espanha
Além da suspensão do goleiro Cheikh Sarr, sua equipe, o Rayo Majadahonda, foi considerada derrotada por 3 x 0 pela federação espanhola
atualizado
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O goleiro Cheikh Sarr, do Rayo Majadahonda, foi suspenso por dois jogos após reagir a ataques racistas vindo da torcida do Sestao River, na terceira divisão Espanhola. Gritos de “macaco” foram direcionados ao atleta.
O Rayo Majadahonda ainda foi decretado pela Federação Espanhola como derrotado por 3 x 0 – equivalente a um W.O. – e multado em 6 mil euros (aproximadamente R$ 33 mil). Os jogadores da equipe de Sarr, que foi expulso por reagir aos ataques racistas, decidiram ir ao vestiário aos 38 minutos e não voltaram ao campo. O time estava perdendo de 2 x 1, tinha dois jogadores expulsos e sem mais substituições, ou seja, ficaria com oito atletas em campo e sem goleiro.
Confira o momento em que Sarr parte para cima dos torcedores após sofrer ataques racistas:
Na súmula, o árbitro registrou que “o jogador Cheikh Sarr foi expulso após pular a cerca perimetral do campo de jogo, saindo do campo de jogo na área atrás do gol onde se encontrava, para atacar violentamente um dos espectadores ali presentes.”
O árbitro também afirmou que o jogador se dirigiu a ele “de forma violenta, com a clara intenção de agredir, tendo que ser contido pelos companheiros presentes no campo de jogo”.
Cheikh se pronunciou e afirmou não ter sido agressivo com o juiz de campo. Confira:
“Meu ato com o árbitro não foi agressivo. Aconteceram coisas que me incomodaram e ele me mostrou o cartão vermelho sem perguntar nada, por isso quis perguntar o porquê com todo o respeito do mundo… Uma hora depois também falei com ele e ele me perguntou o que aconteceu e me deu seu apoio, então estou grato por isso.”
Sarr também falou que estava muito nervoso no momento do insulto e se diz arrependido de sua reação, mas que ficou magoado com o que ouviu. “Se voltar a acontecer saberei como me comportar”, disse o goleiro.
Vini Jr. comentou o caso
Vini Jr., que sofreu inúmeros ataques racistas na Espanha e vem se consolidando cada vez mais na luta antirracista, se pronunciou sobre esse e outros insultos sofridos no país no mesmo dia.
“Neste fim de semana nem vou jogar. Mas tivemos três casos desprezíveis de racismo só neste sábado em Espanha. Todo o meu apoio ao Acuña e ao técnico Quique Flores, do Sevilla. Para Sarr, do Rayo Majadahonda, que sua bravura inspire outros. Os racistas devem ser expostos e os jogos não podem continuar com eles nas arquibancadas. Só teremos vitória quando os racistas saírem dos estádios direto para a cadeia, lugar que merecem”, escreveu Vini Jr.
Em nota emitida nessa terça-feira (2/4), o Sestão River diz acreditar na inocência dos seus torcedores e colocou-se à disposição de quem fosse necessário para esclarecer os fatos: “Em nenhum momento durante a celebração da partida de futebol houve qualquer ato racista cantos para qualquer um dos protagonistas: a prova é que nos minutos da partida, tanto do árbitro quanto do Ertzaintza, nada se reflete a esse respeito, nem nas imagens televisivas.”