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Copa do mundo 2022

Verdades que doem: a Argentina é a seleção “mais carisma” desta Copa

Resiliência, provocações, torcida, a empolgação de ídolos do passado e o futebol de Messi têm tornado os hermanos irresistíveis no Catar

atualizado

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Sebastian Frej/MB Media/Getty Images
Seleção Argentina comemora vitória
1 de 1 Seleção Argentina comemora vitória - Foto: Sebastian Frej/MB Media/Getty Images

Doha (Catar) – Não é preciso estar no Catar para perceber. As redes sociais estão inundadas de registros. E por mais que para um brasileiro seja difícil admitir, eis uma verdade deste Mundial: a seleção da Argentina é a mais carismática da Copa.

Nesta terça (13/12), Messi, Scaloni e os hermanos continuam o seu flerte com a imortalidade. A Argentina atropelou a Croácia na semifinal, porém, grande parte do que tem tornado essa seleção irresistível tem acontecido fora das quatro linhas. Confira:

Sergio “El Kun” Agüero

Aos 34 anos, Agüero ainda teria futebol para fazer parte do grupo que viajou ao Catar para defender a Argentina. No entanto, uma condição cardíaca identificada no fim do ano passado obrigou “El Kun” a encerrar a sua carreira precocemente.

Isso não impediu o, agora, ex-jogador de se fazer útil tanto para a seleção quanto para o nosso entretenimento.

O show de Agüero começou logo em sua viagem para o Catar, quando ele registrou, de forma bem-humorada, o azar de ter pego o mesmo voo com um grupo empolgado de torcedores brasileiros. Depois, já nas ruas de Doha, exibiu todo o seu gingado dançando com crianças de Uganda.

A exemplo do, agora, ex-técnico da Espanha, Luis Enrique, Agüero também tem se mostrado um streamer de sucesso. Antes da vitória contra o México, ele promoveu uma live na Twitch com ninguém menos que Lionel Messi e diversos outros jogadores da seleção.

Entre muitos “pelotudos”, Sergio protagonizou momentos emocionantes e hilários.

Entre eles, ficou incrédulo de “Papu” Gomez ter achado que ficou parecido com David Beckham devido ao novo corte de cabelo, arrancando risadas de Messi; e se emocionou quando o camisa 10, seu eterno companheiro de concentração, disse: “Estou no nosso quarto”.

Ídolos

Aqui a comparação, novamente, fica ruim para nós brasileiros. Kaká, Roberto Carlos, Ronaldo, Cafu, Rivaldo, entre outros, estão no Catar como “Fifa Legends”, jogadores históricos convidados pela entidade para acompanhar o torneio.

Em registros e textos nas redes sociais, o grupo aparece sempre alinhado, comportado, acompanhando o jogo ao lado das autoridades do país, quase se confundindo a elas. Além, é claro, de responder a polêmicas imaginárias sobre uma suposta falta de carinho e idolatria do brasileiro com seus ídolos.

Do lado dos hermanos, figuras como Sorín, Javier Zanetti, Gabriel Batistuta, Crespo e Cambiasso podem ser vistas, também, em áreas vips dos estádios, e se não fossem pelos ternos, se misturariam facilmente aos milhares de “hinchas” que vieram a Doha acompanhar a seleção, tamanha a empolgação que demonstram e o conhecimento das canções que vêm das arquibancadas. O que nos leva à…

Torcida argentina

Uma das inúmeras críticas feitas à realização da Copa do Mundo no Catar é a perceptível superficialidade e esterilização de qualquer sentimento que possa ser confundido com empolgação, espontaneidade e alegria, com torcidas acanhadas e silenciosas nos estádios.

Além de alguns pequenos alentos observados nas torcidas da Arábia Saudita, Marrocos e País de Gales, os torcedores argentinos têm providenciado grande parte da alma das arquibancadas e também fora delas. Segundo a organização do Mundial, os argentinos ficaram em sétimo lugar entre as nações que mais compraram ingressos para o evento (61.083 — o Brasil foi o 9º, com 39.546), e tal presença tem sido sentida.

Nos estádios, metrôs, ruas do Souq Waqif, ou em qualquer outro lugar em Doha, é praticamente impossível não se deparar com famílias ou grupos de amigos utilizando a camisa albiceleste com o número 10 e o nome de Lionel Messi impressos nas costas. Tal camisa, aliás, se encontra esgotada nas lojas que vendem produtos oficiais da Fifa e, também, em estabelecimentos da Adidas, fornecedora de material esportivo da Argentina, em shoppings.

E não são apenas os argentinos que têm demonstrado apoio à sua seleção, com diversos paquistaneses e indianos ostentando, também, a camisa de Lionel Messi. Juntos, essa massa tem entoado aquele que tem se tornado o verdadeiro hit dessa Copa: a música que faz referência a Diego assistindo do céu, à terra de Lionel, aos “pibes”, soldados argentinos jovens que morreram nas Malvinas no conflito contra a Inglaterra, e claro, à vitória argentina sobre o Brasil em pleno Maracanã na última Copa América.

O culto a Messi

Lionel Messi deixou a cidade de Rosário rumo a Barcelona aos 13 anos, pois o clube espanhol se prontificou a pagar um tratamento hormonal que lhe permitiria ter um desenvolvimento normal como atleta. O fato de não ter crescido na Argentina somado às derrotas dolorosas que fizeram a seleção albiceleste passar 28 anos sem títulos, fizeram o jogador nunca ser realmente “aceito” por seus compatriotas. “Não é argentino de verdade”, os mais exaltados diziam.

A comparação com Diego Maradona, a entidade máxima que incorporou uma pretensa “argentinidade” como ninguém, era amplamente desfavorável a Messi. Porém, isso tudo começou a mudar após o título da Copa América de 2021, conquistado em cima do Brasil em pleno Maracanã.

Messi passou a ser carregado nos braços e nas canções pela torcida e pela sua equipe, a Scaloneta, de Lionel Scaloni, que somou 36 jogos de invencibilidade até o início do Mundial. E no Catar, o camisa 10 nunca foi tão argentino. A partida contra a Holanda foi um claro exemplo disso.

O craque foi provocado e também provocou. Comemorou gol em frente ao técnico Louis Van Gaal, que havia dito que a Argentina jogava com 10 porque Messi andava em campo. Depois, na zona mista, o jogador declarou que “Van Gaal afirma jogar um bom futebol, mas no fim do jogo apelou a cruzamentos para grandões”. E, ainda atendendo a imprensa, se estranhou com o jogador Wout Weghorst, criando um dos memes dessa Copa.

Weghorst, depois, explicou que só queria pedir a Messi a sua camisa. Antes, contra a Austrália, os jogadores também foram tietar o argentino após terem sido derrotados. Entre admiradores, rivais e torcedores, todos parecem querer um pedaço do camisa 10.

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