Vale tudo: flamenguistas relatam aventuras para ir a Lima
Há 33 anos sem chegar a uma final de Libertadores, torcedores do Flamengo não medem esforços para acompanhar o time no local da decisão
atualizado
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Enquanto o Flamengo terminava de despachar o Grêmio com uma sonora e indiscutível goleada por 5 x 0 no Maracanã, o carioca Diego Gamarra não teve dúvidas: mandou um áudio emocionado para sua filha Mariana, avisando que, onde quer que ocorresse, eles iriam assistir à Final da Libertadores juntos.
Ver o Flamengo jogar no Maracanã era uma tradição entre Diego e Mariana desde que ela tinha seis anos. Porém, há um ano e meio, enquanto o rubro-negro vive sua melhor fase, a tradição foi interrompida, pois Mariana foi fazer um mestrado em Antropologia e Sociologia, em Genebra, Suíça.
“Estávamos sofrendo em ver jogos separados, pois sempre compartilhamos essa paixão. Meu pai estava meio ‘deprê’ de estar vivendo esse momento sem mim, porque sempre foi uma coisa muito nossa mesmo. Ele então pegou umas milhas emprestadas de um amigo para que pudéssemos nos encontrar em Lima. Foi um reencontro emocionante, como se fosse o nosso Natal, pois eu não sabia quando iria voltar ao Brasil novamente”, conta Mariana.
Há toda uma geração de flamenguistas que nunca acompanharam uma temporada tão vitoriosa assim de seu clube do coração. A última vez que o Flamengo chegou a uma Final de Libertadores foi em 1981, há 33 anos. Por isso, a campanha histórica tem encurtado distâncias e promovido reencontros, como o de Mariana e de seu pai, Diego — que, inclusive, foi parar nas redes sociais do clube.
Relatos assim têm aparecido, principalmente nos últimos dias. Nessa quarta (20/11/2019), por exemplo, milhares de flamenguistas ilharam o ônibus da equipe que se encaminhava para o aeroporto do Galeão, no Rio, com destino a Lima, Peru, onde a final com o River Plate será disputada. O acontecimento motivou o técnico Jorge Jesus a dizer que não existe “nada igual no mundo”, e o comentarista Ricardo Gonzalez afirmou: “A torcida do Flamengo é um fenômeno a ser estudado”.
“Paixão é algo complicado de se explicar, mas arrisco que o que motiva tanta gente a fazer essas loucuras é a anergia que o Flamengo transmite. Só quem sentiu o Maracanã lotado entende. É de outro mundo”, teoriza o empresário Bruno Rossi, 35 anos, empresário.
Assim como Mariana, Bruno teve sua própria jornada para assistir o Flamengo em pessoa na Final da Libertadores. O torcedor havia tentado comprar ingresso para Santiago, não conseguiu e desistiu dos planos. Quando a Conmebol disponibilizou o segundo lote, Bruno fez a compra dos bilhetes para ele e sua namorada, Sheylla Campos, que está “em processo de transição de troca de time”, como ele mesmo definiu.
A partir daí, foi uma saga para conseguir passagens de avião. A princípio, os preços estavam proibitivos, até que Sheylla encontrou um voo com um preço mais razoável. O problema eram as escalas.
Brasília, Santiago, La Paz, Cusco, até finalmente chegar em Lima, em dois dias, 37 horas depois. Sem dúvidas, um sacrifício. Porém, para Bruno, Mariana e milhares de flamenguistas, um sacrifício que não tem preço.