Tatuagens e rastafári causam bate-boca entre comentaristas da ESPN Brasil
Zé Elias e Pedro Ivo Almeida tiveram um debate acalorado com relação à falta de foco dos jogadores do Palmeiras
atualizado
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Uma discussão mais acalorada tomou conta do programa Bate-Bola, da ESPN Brasil, na noite dessa segunda-feira (27/9). Os comentaristas Pedro Ivo Almeida e Zé Elias discutiram de forma mais áspera em um assunto envolvendo os jogadores jovens do Palmeiras.
Falta de foco?
Discussão completa Zé Elias e Pedro Ivo 27/09 ESPN Brasil.
PEGOU FOGO🔥
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— Mimimi AntiFlaᶜʳᶠ (@mimimiAntiFla) September 27, 2021
A discussão começou quando Fabio Sormani provocou dizendo que as tatuagens e até os penteados seriam formas de desviar o foco de jogadores mais jovens do Palmeiras. Zé Elias seguiu a linha de pensamento de Sormani, mas Pedro Ivo discordou, alegando que pode-se tratar de representações culturais dos atletas, no caso do cabelo rastafári do volante Danilo.
“A impressão que me dá é que alguns jogadores do Palmeiras, essa molecada, se deslumbraram. Aí você vê o Danilo com um cabelo rastafári… Os caras estão deslumbrados. O Patrick de Paula mesmo foi pego numa quebrada à noite e foi afastado. Precisa ver como é que esse molecada está se comportando. O meu meio-campo [do Palmeiras] é Danilo e Patrick de Paula, mas esses caras não estão entregando. Por que não estão entregando? É chuteira colorida, é rastafári, é fitinha”, provocou Sormani. “Desvio de foco”, concordou o boleiro Zé Elias.
“Exatamente. Ao invés de passar o tempo estudando o adversário, você passa seu tempo na frente do espelho olhando rastafári. Pode parecer careta e preconceituoso, mas não é. O Zé pode falar melhor sobre isso”, seguiu provocando Sormani.
“Vou falar uma frase que eu lembro da minha semana como jogador profissional do Corinthians. Joguei contra o Cruzeiro e, na segunda-feira, o Mario Sérgio me disse: ‘Garoto, você vai ter tempo de jogar futebol, de treinar, de dar suas saídas… mas cuide da sua profissão. Neste momento, ela é mais importante. O que você fizer agora, vai te dar possibilidade, depois, quando você tiver 35 anos, de ver o que você vai fazer da vida. É exatamente isso, é o foco”, disse Zé. Eu não tenho nada contra quem tem tatuagem. Mas em determinado momento, na vida desses garotos, você não pode com 16, 17 anos chegar no profissional e ter o braço fechado de tatuagem”, seguiu com o pensamento o ex-jogador.
Pedro Ivo então entrou no assunto, discordando da dupla.
“Deixa eu terminar. De novo: não tenho nada contra tatuagem, é o foco para que você chegue onde você deseja, porque a frase do Muricy [Ramalho], de outros treinadores: ‘Eles chegam aqui [profissional] cheios de vícios’. O vício não está na tatuagem, o vício é nas coisas que eles deixaram de fazer para chegar com essa distância minimizada no profissional e não ser dúvida. Para chegar no profissional e permanecer como titular, entendeu? Essa divisão de foco, na formação dos atletas, você entende. Por que não temos mais o melhor jogador do mundo? De novo, não é nada contra tatuagem. Você divide os focos, e nesses momentos você tem que estar focado. São momentos únicos na vida de um jogador”, disse Zé Elias.
“Antes de qualquer coisa, eu respeito muito a vivência do Zé Elias de vestiário. A gente não pode apontar o dedo para situações específicas. Tem muita molecada de braço fechado, que pinta o cabelo, que joga muita bola. A gente precisa considerar o contexto da pessoa como um todo. É muita coisa que mexe com a cabeça da pessoa. O garoto vai oscilar. É meio perigoso quando a gente condiciona certos símbolos, como uma tatuagem, que pode ter um significado, um penteado, que às vezes é algo cultural… Foco é uma coisa, as questões das representações no corpo é perigoso ir por esse caminho…”, argumentou Pedro Ivo.
“Acho que você não entendeu… Você tá levando para um lado de preconceito. Não usei esse tipo de exemplo, como preconceito. Preste atenção, não tem nada de símbolo, você está levando para um lado que eu não levei. Não estou dizendo nada contra cultura, contra cabelo… Preste atenção, não fuja do contexto”, respondeu Zé. “Você está levando para um lado diferente. Eu não falei nada de cultura, de símbolo, não falei nada disso… A forma como você coloca dá a entender que eu estou sendo preconceituoso, de cultura. Eu tenho amigos negros, tenho meu irmão que tem tatuagem, tenho amigos que têm cabelo rastafári, eu não estou dizendo isso, Pedro. Preste atenção… o que eu quis dizer é na formação dos nossos atletas, na divisão de foco. Eu não estou aqui para julgar a pessoa que tem tatuagem, não fiz julgamento da pessoa. Só dei exemplos do que é feito. Estou falando em foco”, seguiu Zé Elias.
“Zé… cabelo, tatuagem e uma série de situações não têm a ver com foco ou não. Meu ponto é esse”, concluiu Pedro Ivo, antes da apresentadora Daniela Ramalho chamar o intervalo.
Os jovens jogadores do Palmeiras vêm sendo cobrados devido à fase ruim que o time atravessa. Nesta terça-feira (28/9), o Alviverde enfrenta o Atlético-MG para definir quem avança à final da Libertadores.