Silêncio ensurdecedor: a falta da torcida para o futebol na pandemia
Coincidência ou não, times que têm grandes torcidas tropeçaram dentro das suas próprias casas e deixaram de brigar e/ou conquistar títulos
atualizado
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Após a volta da paralisação do futebol, Santos e São Paulo caíram no Paulistão; o Barcelona, que antes da parada da pandemia era líder da La Liga, deixou o título escapar para o Real Madrid; e coincidência ou não, esses tropeços aconteceram com clubes grandes, que têm torcidas que fazem a diferença nas arquibancadas no momento em que os torcedores não podem ir aos estádios. Mandantes tropeçaram pelos mundo todo e a história está se repetindo no Brasileirão, que acaba de começar também com os portões fechados.
O Flamengo, atual campeão, estreou no campeonato perdendo seu primeiro jogo dentro de casa desde dezembro de 2018, quando caiu diante do Athletico-PR no dia 1º desse mês. Em pleno Maracanã vazio, perdeu para o Atlético-MG por 1 x 0, no último dia 9. Na segunda rodada, também deixou os pontos escaparem diante do Atlético-GO, no entanto, desta vez, fora de casa. Mas, como de costume, certamente haveria uma grande quantidade de flamenguistas também em Goiânia.
No Brasileirão, Flamengo, Fortaleza e Coritiba foram os únicos mandantes a perderam dentro de casa até então. O Rubro-negro, sem a maior torcida do país, que o empurrou nas conquistas do Brasileirão e da Libertadores de 2019; o Tricolor de Aço, com uma massa que sempre faz uma linda festa e intimida o adversário; e os amantes do Coxa, que iriam lotar o Couto Pereira na volta do time à elite do futebol após dois anos.
“Cadê você? Cadê você?”
Após a retomada do futebol paulista, Santos e São Paulo disputaram dois jogos em casa. O Peixe empatou um e perdeu o outro, enquanto o tricolor perdeu os dois. As derrotas mais doloridas também ocorreram na Vila Belmiro e no Morumbi, respectivamente.
Os times foram eliminados do Paulistão nos seus próprios campos, que em tempos normais, teriam as arquibancadas lotadas, com as torcidas empurrando os times rumo à classificação para a semifinal do estadual. Mas o roteiro foi outro. Ambas as equipes caíram ainda nas quartas de final. O tricolor caiu diante do Mirassol, por 3 x 2, e o Santos perdeu para a Ponte Preta, por 3 x 1.
Ausência mundial
Antes da paralisação por causa da pandemia, o Barcelona liderava o Campeonato Espanhol, um ponto na frente do Real Madrid. Na volta, enquanto o Real Madrid só deixou escapar a vitória uma vez (empate), o Barcelona desperdiçou pontos jogando em casa: empatou contra o Atlético de Madrid e perdeu para o Osasuna na penúltima rodada.
Além disso, o Atlético de Madrid, que antes da pausa ocupava a 6ª colocação, subiu três posições na retomada e garantiu lugar na Liga dos Campeões 2020/21, contando com tropeços dos times que estavam acima dele: O Real Sociedad, então 5º, o Getafe em 4º e o Sevilla, 3º. O Getafe foi o que mais sentiu a volta e terminou a temporada em 8º.
Enquanto o Sevilla caiu apenas uma posição, o Villarreal ocupou a 5ª posição e o Real Sociedad ficou em 6º. A falta da torcida foi crucial para essas equipes que, normalmente, já não estão entre os melhores, mas ocupavam posições altas, brigando até por vaga nas Champions.
A falta da Muralha
O Borussia Dortmund tem uma torcida apaixonada, conhecida mundialmente, chamada de Muralha Amarela. A equipe sentiu falta do apoio que vinha das arquibancadas na volta do futebol alemão. Antes da paralisação, a diferença dos auri-negros para o líder e campeão da temporada, Bayern de Munique, era de apenas quatro pontos. No final da competição, essa quantidade aumentou para 13 pontos.
Na Itália, a medida de segurança para prevenir a propagação da Covid-19, que baniu a torcida dos estádios, foi brutal para a Lazio. Antes, a equipe estava com uma sequência de 20 rodadas sem perder e a apenas um ponto da líder Juventus, em 2º lugar. Assim que voltou da paralisação, perdeu para a Atalanta, além de outras duas derrotas em casa — e outras três fora —, e terminou a competição em 4º, com 78 pontos.