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São Paulo, deixe de bobagem: assuma o Trikas e seja feliz

Apelido utilizado pelo clube incomodou a torcida organizada, mas foi abraçado nas redes

atualizado

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Silvio Avila/Getty Images
São Paulo
1 de 1 São Paulo - Foto: Silvio Avila/Getty Images

Logo mais, na noite desta quinta-feira (27/1), o São Paulo estreia na temporada 2022 contra o Guarani, pelo Paulistão. A pauta envolvendo o Tricolor Paulista, no entanto, não é a chegada dos vários reforços contratados, como Rogério montará o time, as perspectivas para o ano ou os mandos e desmandos da polêmica diretoria.

Após o São Paulo ter utilizado o termo “Trikas”, gíria para Tricolor, em um post oficializando a contratação do jogador Nikão, a Torcida Independente se deu ao trabalho de redigir uma carta aberta condenando o uso da palavra, ameaçando os próprios torcedores do time que a usassem e, mais do que isso, intimidando aqueles apoiadores que comparecessem ao Morumbi: “Quer usar brinco, pintar o cabelinho, alargar a orelhinha, vai tranquilo, São Paulo futebol clube é de todos. Apenas não será um Independente, simples assim. E na arquibancada não terá essa modinha de ‘trikas’. Não tentem a sorte”, diz trecho da carta.

A sabedoria popular afirma que a melhor forma de um apelido indesejado pegar é demonstrar sua insatisfação com ele. Ao redigir a já infâme carta, a torcida Independente praticamente garantiu a popularidade do Trikas. Sentimento exacerbado pelo recibo passado também pelos próprios conselheiros do São Paulo, que, segundo apurou o blog do Perrone, no Uol, teriam procurado a diretoria perguntando se seriam cabíveis medidas jurídicas contra o uso do termo.

Todo esse incômodo com um mero apelido demonstra que o clube não aprendeu as lições com outro termo usado para se referir aos são-paulinos em anos anteriores e que causou muito incômodo naquela ala mais conservadora e insegura que teima em fazer parte do esporte. Quando Vampeta, à época no Corinthians, se referiu aos jogadores do rival do Morumbi como “bambis”, a instituição também acusou o golpe, levando a alguns lamentáveis episódios da história do clube. Do tipo vaiar o volante Richarlyson, que também foi excluído da Calçada da Fama do Morumbi pela gestão de Leco (injustiça que depois foi reparada por Julio Cesar Casares). Tricampeão brasileiro, Richarlyson foi um dos atletas mais importantes e regulares do último período vitorioso do São Paulo. Seu crime? Não subscrever ao arquétipo tradicional do jogador de futebol brasileiro. E tudo baseado em achismo, já que o próprio atleta nunca declarou sua orientação sexual em público.

O São Paulo já foi modelo de gestão, exemplo o qual todos os outros clubes almejavam seguir. A pequenez da atual polêmica só é mais um sinal de uma instituição cujas prioridades há muito estão fora de ordem, e isso é visto em todos os setores, culminando nos resultados medíocres da última década.

Se quiser ser conhecido como Soberano de novo, o São Paulo precisa deixar as picuinhas de lado, organizar a casa e voltar a pensar grande.

Enquanto isso, é o Trikas. E não tem jeito.

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