Plano de reformulação da Premier League gera críticas e causa polêmica
Tidas como radicais, as propostas dariam mais poder aos clubes de maior expressão da elite do futebol inglês
atualizado
Compartilhar notícia
O plano radical para reformular o futebol inglês, liderado por Liverpool e Manchester United, e que prevê, entre outros pontos, redução do número de clubes da Premier League de 20 para 18 participantes, foi recebido com críticas, mas o presidente da Liga Inglesa de Futebol (EFL, na sigla em inglês), Rick Parry, garante que vai insistir com a proposta.
Tidas como radicais, as propostas dariam mais poder aos clubes de maior expressão da elite do futebol inglês, como a diminuição de 20 times para 18 a partir da temporada de 2022/2023 e a extinção da Copa da Liga e da Supercopa da Inglaterra. As informações foram reveladas pelo jornal Telegraph.
O documento com a proposta obtido pelo Telegraph, intitulado “Revitalização”, tem a autoria do Fenway Sports Group, grupo que controla o Liverpool, com o suporte do Manchester United, e também conta com o apoio dos outros integrantes do “Big Six”: Manchester City, Arsenal, Chelsea e Tottenham.
A iniciativa também prevê a Premier League se comprometer a fornecer 25% da receita da liga aos clubes da EFL e um fundo de resgate de 250 milhões de libras (R$ 1,8 bilhão) para aliviar o impacto financeiro provocado pela pandemia de covid-19.
A proposta rapidamente gerou críticas e ganhou opositores. A Premier League, o governo do Reino Unido e a Associação de Torcedores de Futebol (FSA, na sigla em inglês) manifestaram sua posição contrária a esse pacote de mudanças.
O ex-CEO do Liverpool e da Premier League, Rick Parry, é a única personalidade, por enquanto, a defender publicamente essa reformulação do futebol na Inglaterra. Ele é presidente da EFL atualmente e entende que, se implementadas, as medidas fortaleceriam a modalidade no país.
“É claro que haverá um grande debate, mas isso é sobre chegar a um plano ousado para o futuro e se isso não agrada a todos, francamente, que assim seja”, opinou.
“Foi um diálogo que envolveu os grandes clubes, não só o Manchester United e o Liverpool. Outros estiveram envolvidos. Trata-se de retirar uma grande fatia da receita dos direitos de televisão e reconhecer a relevância e a importância de manter a pirâmide forte a longo prazo. Isso produziria sustentabilidade a longo prazo para todos os clubes. Provavelmente é a melhor ideia desde a formação da Premier League”, completou o dirigente, em entrevista à Sky Sports, no domingo. As suas declarações foram criticadas pela entidade que organiza o Campeonato Inglês.
“Uma série de propostas individuais no plano noticiado podem ter um impacto prejudicial em todo o jogo e estamos desapontados por ver que Rick Parry dá total apoio”, disse a Premier League, em comunicado, adiantando que tem “trabalhado de boa fé com os clubes e com a EFL para encontrar uma solução face à exigência de financiamento para o fundo de resgate da covid-19”.
Muitas das críticas têm como foco a ampliação do poder dos times do “Big Six”. O grupo teria mais autonomia nas votações. Eles querem abolir o sistema de um voto por clube para as decisões da Premier League, além de dar fim à regra de 14 votos como o mínimo necessário para implementar qualquer mudança no regulamento do Campeonato Inglês.
O governo é cético à iniciativa. Nesta segunda-feira, o secretário de Internet, Cultura, Mídia e Esporte, Oliver Dowden, falou em “acordo de bastidores” e alertou que pode haver intervenção governamental.
“Penso que a prioridade para a Premier League e para a EFL é estarem unidas. Há muito dinheiro na Premier League, basta olhar para a janela de transferências: milhões de euros gastos, provavelmente mais do que as quatro outras maiores ligas juntas. Receio que se continuarmos com estes acordos de bastidores e outras coisas, vamos ter de repensar a administração do futebol”, declarou Dowden em entrevista à Sky Sports.