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Maradona só está vivo por causa dos filhos, diz documentarista

O cineasta Asif Kapadia, que ganhou o Oscar com “Amy”, agora trabalha roteiro sobre a vida do ex-jogador argentino

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Atletico San Luis v Dorados de Sinaloa – Final Torneo Clausura 2019 Ascenso MX
1 de 1 Atletico San Luis v Dorados de Sinaloa – Final Torneo Clausura 2019 Ascenso MX - Foto: Cesar Gomez/Jam Media/Getty Images

O cineasta Asif Kapadia, responsável por documentários como “Senna” e “Amy”, agora mergulha na vida de Diego Maradona.  O britânico afirmou que são os filhos do ex-jogador argentino os principais responsáveis para que ele esteja vivo.

“A única razão por ele continuar vivo são os seus filhos. São eles quem o recuperaram quando esteve no limite. São o seu elemento salvador além do futebol, do qual ficou afastado durante muito tempo por causa da saúde. Os seus filhos o amam de maneira incondicional, inclusive quando nãos está bem e tem algumas paranoias”, declarou o vencedor do Oscar por “Amy” em 2016. “Algumas vezes, ele acredita que está sendo roubado ou enganado, mas nunca pensaria isso dos filhos. E isso mesmo sabendo que são mais duros com ele que outras pessoas ao seu redor”, acrescentou o documentarista.

“Diego Maradona”, que ainda não tem data para ser lançado no Brasil, é uma reveladora e frenética obra sobre os polêmicos anos do camisa 10 no Napoli, ao qual chegou em 1984 após passagem complicada pelo Barcelona. Em Nápoles, renasceu das cinzas e levou um clube humilde ao topo da Itália duas vezes, em 1987 e 1990, e ainda levou a Argentina ao bicampeonato mundial em 1986.

Porém, nesse mesmo período, a vida pessoal de ‘El Pibe’ cambaleou, com festas de três dias de duração e marcadas pela cocaína, um filho não reconhecido e as suas amizades perigosas com a máfia napolitana, que chegou a lhe presentear com um Rolex de ouro só por comparecer aos seus eventos e posar para fotos.

Kapadia, um grande fã de futebol e torcedor do Liverpool, garantiu que não sabia muito sobre a vida de Maradona e que desconhecia detalhes de sua passagem pelos ‘Azzurri’. Por outro lado, admitiu que desde a juventude já sonhava dirigir uma obra sobre o argentino após ter lido a biografia do craque.

“(Maradona) Não teve uma infância normal e sofreu a síndrome da criança estrela. Com 15 anos, comprou uma casa para os pais. A partir desse momento, quem vai lhe dizer não? Quem vai detê-lo? Se você olha para ele nessa época, ainda era um adolescente. Sempre foi, não amadureceu. Saiu de casa e nunca mais voltou”, lembrou Kapadia.

“Não parou de viajar desde então. Se cometia erros, não os encarava, só corria para o próximo lugar. Em certo sentido, é um menino que ainda busca um lar e uma família. Quando teve ambos, em Nápoles, os rejeitou. E aí é quando o seu problema com as drogas se complicou”, avaliou.

O cineasta surpreendeu com um material inédito graças às gravações ordenadas em 1981 pelo primeiro empresário do camisa 10, Jorge Cysterszpiler, que tinha em mente rodar um filme sobre a vida do argentino. Mas Maradona o demitiu, e as imagens ficaram esquecidas… Até agora.

Isso, somado às coleções pessoais de torcedores do Napoli, permite ao diretor e à sua equipe montarem um relato vibrante, que mistura cenas épicas, íntimas e costumeiras para transmitir ao espectador o delírio e a loucura da ascensão e queda de ‘Dios’ em território napolitano.

“A oportunidade de rodar esta história se apresentou, e eu fui atraído pelo desafio de contar uma etapa da vida de Maradona que não é tão conhecida. É difícil se aproximar de Maradona, conhecê-lo e fazê-lo se abrir. Acho que ele ainda não fez muito isso”, afirmou.

Material raro
O britânico de origem indiana tirou ouro dos encontros com Maradona, incluindo a gravação de textos para locução da obra. Por outro lado, entendeu que a pessoa sobre a quem estava fazendo um documentário não era necessariamente a mesma com a qual se sentou para conversar.

“Esta história aconteceu nos anos 80, e as respostas dele não foram muito úteis em alguns casos. De quem é realmente a verdade? A que conta ou a que averiguei? Quantas vidas viveu desde então? Quantas mortes teve? Por que teria que recordar tudo isso?”, questionou Kapadia, para depois ele mesmo apresentar uma resposta possível.

“Para mim, é uma obra sobre a passagem do tempo e o envelhecimento. Outros teriam construído um relato feliz sobre as festas das quais participou. Para mim, por outro lado, é um relato muito triste, apesar de amar que ele ainda esteja no futebol”, finalizou.

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