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Manipulação de jogos: o que se sabe sobre a Operação Penalidade Máxima

A princípio as investigações envolviam apenas partidas da Série B de 2022, mas na 2ª fase da operação foram apurados jogos da Série A

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DIvulgação/PMGO
goias operação penalidade maxima II
1 de 1 goias operação penalidade maxima II - Foto: DIvulgação/PMGO

Na última terça-feira (18/4) o Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrou a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga manipulação de resultados no futebol brasileiro. Ao todo já foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em seis estados.

A operação teve início em fevereiro pelo Ministério Público de Goiás. A princípio as investigações envolviam apenas partidas da Série B do Brasileirão de 2022, mas na segunda fase da operação que foi dada nesta semana, foram apurados que jogos da Série A de 2022 e partidas dos estaduais deste ano estavam envolvidos no esquema de manipulação de resultados.

“A investigação se centra no crime de organização criminosa, bem como em crimes de corrupção no âmbito desportivo previstos no estatuto do torcedor. Jogador envolvido que solicita ou aceita vantagem indevida para promover qualquer alteração de evento, não só resultado, tanto ele pode responder quanto quem alicia”, diz Fernando Cesconeto, promotor do MPGO.

“Essa pessoa que dá ou promete vantagem pode responder por um crime com pena de dois a seis anos de prisão. O jogador, quem solicita ou aceita vantagem, também responde. Não se descartando avançarmos para crime de lavagem de dinheiro ou outros crimes a serem identificados”, complementa.

Manipulação de resultados

A operação de terça-feira é um desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro deste ano, que apurou esquema de fraude em resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro.

De acordo com a ação, apenas em um dos jogos manipulados, o lucro estimado pela organização foi de R$ 2 milhões. Ainda de acordo com a ação, um atual e um ex-jogador do clube goiano Vila Nova estão entre os suspeitos. De acordo com o promotor, o caso foi denunciado pelo próprio time goiano.

“A investigação se iniciou em novembro de 2022 e só teve início porque os dirigentes do Vila Nova vieram até o MPGO noticiando o esquema de alteração de resultados em jogos da série B. Partiu da vítima a denúncia, que já noticiava as partidas que estavam sob suspeita”, explicou.

Na investigação, foi cumprido um mandado de prisão no estado de São Paulo e outros nove de busca e apreensão em Goiânia (GO), São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).

Segundo o órgão, o homem preso utilizava-se de uma empresa para efetuar o pagamento aos jogadores e também usava diversos CPFs para a mesma aposta.

Partidas manipuladas

Conforme Cesconetto, a denúncia do esquema foi feita pelo Vila Nova Futebol Clube, de Goiânia. Na primeira fase da investigação, havia indicações de manipulação em três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado para atender a interesses de apostadores.

De acordo com explicação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), as três partidas envolvidas foram os jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Correa x Londrina.

Já na segunda fase, 11 jogos estão sob suspeitas de algum tipo de manipulação. São seis jogos da Série A do Brasileirão de 2022 e outros cinco dos estaduais de 2023:

  • Santos x Avaí (um atletas do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo);
  • Santos x Botafogo (um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho);
  • Cuiabá x Palmeiras (um jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo);
  • Palmeiras x Juventude (um jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo);
  • Goias x Juventude (dois atletas do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos);
  • Bragantino x América-MG (um atleta do Bragantino foi assediado para tomar um cartão amarelo).

Os jogos dos estaduais deste ano que entraram na investigação são:

  • Goiás x Goiânia (jogo acabou em 8 x 3 para o alviverde);
  • Caxias x São Luiz (jogador do São Luiz cometeu pênalti);
  • Esportivo x Novo Hamburgo (jogador assediado para tomar um cartão amarelo);
  • Luverdense x Operário (manipulação no número de escanteios);
  • Guarani x Portuguesa (jogador assediado para tomar um cartão amarelo).

Jogadores investigados até o momento

Em razão das restrições da Lei de Abuso de Autoridade, o MP-GO decidiu não revelar os nomes dos jogadores investigados pela Operação Penalidade Máxima II, mas com base nos jogos e investigações feitas, alguns nomes já circulam entre os investigados:

  • Paulo Miranda, ex-Juventude;
  • Victor Ramos, da Chapecoense;
  • Eduardo Bauermann, do Santos;
  • Kevin Lomónaco, do Bragantino;
  • Igor Cariús, do Sport;
  • Moraes, do Atlético-GO;
  • Gabriel Tota, ex-Juventude.

Suspeito de manipulação está preso

Bruno Lopez de Moura é suspeito de fazer o contato entre apostadores e jogadores, para manipular partidas. Ele é dono da BC Sports Management. Camila Silva da Motta, sócia de Bruno, também é alvo do MP.

No início de fevereiro Bruno foi preso para não atrapalhar as investigações, mas cinco dias depois recebeu um habeas corpus do Tribunal de Justiça de Goiás. Com o início da segunda fase da operação, o suspeito foi preso novamente na terça-feira.

Ainda não há informações se dirigentes ou clubes estão entre os suspeitos. No momento apenas jogadores são investigados.

Fernando Cesconetto informou que os dados apurados na operação serão compartilhados com a Justiça Esportiva para as providências cabíveis. Mas descartou a possibilidade de que os indícios colhidos possam resultar em anulação de partidas.

Conforme a explicação do promotor, foi observado que o esquema dos apostadores tem como objetivo aumentar ao máximo a capacidade de ganhar e ter lucro com as apostas, por meio da manipulação.

Com informações do MPGO.

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