Jogador que se revelou homossexual teme disputar Copa do Catar
Australiano Joshua Cavallo afirmou que tem medo de disputar competição porque país não permite relações homossexuais
atualizado
Compartilhar notícia
Um dos poucos jogadores de futebol na atualidade a se assumir gay, o lateral-esquerdo australiano Josh Cavallo, do Adelaide United, afirmou que “sentiria medo” de jogar a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Relações homossexuais são proibidas por várias leis do país, com penas que variam de um ano a uma década na prisão.
“Eu li algo no sentido de que (eles) dão a pena de morte para gays no Catar, então é algo que tenho muito medo e realmente não gostaria de ir ao Catar para isso”, disse Cavallo em entrevista ao podcast Guardian’s Today in Focus.
Um “índice de perigo” compilado em 2019 para orientar os viajantes LGBT+ classificou o Catar como o segundo lugar mais perigoso para viajar para pessoas homossexuais. O atleta de 21 anos ressaltou a importância de disputar o Mundial de futebol, mas destacou que não se sentiria seguro em ir ao país árabe para jogar o torneio.
“E isso me entristece. Afinal, a Copa do Mundo será no Catar e uma das maiores conquistas como jogador profissional de futebol é jogar pelo seu país, e saber que é um país-sede que não apoia gays e nos coloca em risco de nossa própria vida, isso me assusta e me faz reavaliar — minha vida é mais importante do que fazer algo realmente bom na minha carreira?”
Josh Cavallo não é o primeiro a se manifestar contra a Copa do Mundo no Catar. A escolha do país para sediar o torneio fez a Fifa ser alvo de críticas por continuar a conceder Mundiais em países como a Rússia – onde a homofobia foi chamada de um projeto ‘patrocinado pelo Estado’ – e o Catar, onde atos com pessoas do mesmo sexo são ilegais, como prova do comprometimento irregular do órgão governante à inclusão.
Essa também foi a primeira entrevista que Cavallo concebeu após assumir sua homossexualidade. Ele afirmou que tem recebido diversas mensagens de outros atletas gays pedindo conselhos para falar abertamente sobre o assunto. “Eles dizem ‘Josh, não vivenciei isso antes e quero’, e eu digo ‘está nas suas mãos, é a sua jornada e há uma luz no fim do túnel’. Eu não pensei que houvesse, mas definitivamente há”, disse.