João Gomes, cria do Flamengo, realiza sonho em final da Libertadores
Cria das categorias de base Rubro-Negra, o jogador vivenciará a sua primeira decisão internacional pelo Mais Querido
atualizado
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A grande final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras reserva fortes emoções para os principais envolvidos na disputa pelo título. Em especial, para os estreantes como João Gomes. Cria das categorias de base Rubro-Negra, o jogador vivenciará a sua primeira decisão internacional pelo Mais Querido, clube do coração de toda família. Em entrevista ao Metrópoles, Monique Gomes, mãe do jogador, contou sobre a paixão pelo Flamengo, que foi herdada por seu pai:
“É uma sensação diferente que sou mãe e flamenguista. A gente ia para jogo, arquibancada. A gente respira Flamengo desde sempre, meu pai era muito flamenguista e passou isso para nós. Eu ainda estou sem acreditar. As coisas estão acontecendo em uma proporção que eu não imaginava que fossem acontecer.”
João Gomes iniciou a carreira no futebol com 8 anos. Antes de entrar para o Flamengo, o volante passou apenas quatro meses nas categorias de base do Vasco, no entanto, não quis continuar e optou por sair. Após a breve passagem pelo Cruzmaltino, o amigo Jean Paulino, que na época jogava no Rubro-Negro, o indicou para uma peneira: “Tio, eu tenho um amigo que joga muito”, disse Jean ao técnico naquela época.
Desde então, o jogador vem realizando sonhos no Clube de Regatas, da base ao profissional. E a final da Libertadores é uma das maiores realizações, segundo Monique: “Ele sempre me falou ‘Mãe, já pensou eu jogando Libertadores?’. Dois anos atrás a gente estava torcendo, batendo bumbo lá fora, se emocionando, chorando, vibrando. E hoje meu filho está lá.” Em 2019, João Gomes e a mãe comemoravam o bicampeonato do Flamengo no Piscinão de Ramos, lugar onde o volante foi criado.
Apesar do momento ímpar que João Gomes e a família vivem agora, o volante e Monique enfrentaram dificuldades para alcançar os sonhos. No entanto, o avô, maior incentivador de João, não deixou de acreditar no talento do neto, e persistiu: “Chegou uma época que ficou, essas coisas que tem de treinador, né, e aí eu falei pro meu pai: ‘É melhor parar?’ e ele me respondeu: ‘Não vamos parar. O João vai ser jogador. Eu não ia estar gastando meu tempo, meu dinheiro, se eu não visse futuro no João’. O João tinha nove anos”, contou Monique ao Metrópoles.
E por conta da persistência do avô, João Gomes vem realizando o sonho de vestir o Manto Sagrado. Entretanto, Monique Gomes lamenta pelo fato de o pai não ter visto o neto estrear no profissional. O avô de João faleceu no dia 17 de agosto de 2019, vítima de um tumor no pâncreas: “O meu pai acreditou, sonhou com a gente, mas, infelizmente, em 2019 eu o perdi. Um tempinho depois o João foi chamado para o profissional e o meu pai não pôde ver isso. Sei que onde ele estiver, ele está vendo e está feliz.”
Logo após o falecimento do avô, o volante fez uma homenagem que carrega na pele e demonstra a importância do maior incentivador para que João pudesse realizar o sonho de se tornar jogador profissional de futebol do Flamengo: “A tatuagem que o João tem, ele fez uma, duas semanas antes do meu pai falecer. É o Maracanã no fundo, o ônibus que eles pegavam na Leopoldina, o 460, um senhor e um menino com uma bola. É a coisa mais linda. Meu pai chegou a ver (o João jogar), só que no profissional ele não viu. Ele não chegou a ter essa felicidade antes de morrer.”
Às vésperas da final, Monique Gomes relembra a trajetória do atleta para que ele pudesse chegar ao momento mais importante da carreira: “Na idade dele, com 20 anos, a gente quer tudo para ontem. E eu falei para ele: ‘Vai devagarzinho, um dia de cada vez, que você vai conseguir tudo que você deseja na vida’. Em 2019 ele queria estar lá, mas não foi da permissão de Deus que ele estivesse. Agora, em 2021, ele vai estar lá e vai trazer o título. Para ele, como profissional, vai ser muito bom. E como flamenguista melhor ainda.”