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Haller eleva número de casos de atletas com tumor no testículo

O caso já foi visto em outros atletas, mas não tem ligação com a atividade física, tendo incidência em outros fatores

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David Inderlied/picture alliance via Getty Images
Sebastien Haller
1 de 1 Sebastien Haller - Foto: David Inderlied/picture alliance via Getty Images

O atacante Sébastien Haller, 28 anos, sentiu-se mal após um treinamento de pré-temporada do Borussia Dortmund na última segunda-feira (18/7) e exames diagnosticaram um tumor no testículo. O caso já foi visto em outros atletas, mas não tem ligação com a atividade física, tendo incidência em outros fatores, principalmente genético, infertilidade, histórico familiar e idade, predominantemente entre os 20 e 34 anos. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), 5% do total de casos de câncer no homem correspondem ao testículo.

“Atinge o homem no auge de sua vida sexual, reprodutiva e de sua capacidade de trabalho, então causa um impacto grande em sua qualidade de vida e em seu entorno. A ótima notícia é que, com o avanço em tratamentos como quimioterapia e cirurgias, o câncer de testículo apresenta mais do que 95% de chances de cura nas fases iniciais”, explica o médico Stênio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C. Camargo Cancer Center.

Considerado raro, o caso de Haller normalmente tem tratamento cirúrgico, com a retirada de um fragmento ou até a remoção total de um dos testículos. Foi o que aconteceu com Jean Pyerre em fevereiro deste ano. O ex-jogador do Grêmio voltou a exercer sua profissão três meses depois e hoje defende o Avaí no Campeonato Brasileiro.

“Depende muito de jogador para jogador, mas é uma situação curável. O jogador costuma retornar normalmente em alguns meses”, afirma Julio Stancati, médico do Corinthians. “Aqui no clube nunca tivemos um caso assim. Nós realizamos exames hormonais e, indicando alguma alteração, é necessário checar essas outras possibilidades com mais exames.”

A relação do câncer testicular com a utilização de anabolizantes ou estimulantes de performance esportiva também é um fator a ser considerado e apontado como relevante pelos especialistas ouvidos pela reportagem.

Lance Armstrong, que foi campeão da Volta da França por sete vezes consecutivas, teve o caso diagnosticado no início de sua carreira e anos mais tarde perdeu suas conquistas após investigação e comprovação de que utilizava anabolizantes frequentemente.

Outros casos no esporte não tiveram relação comprovada com o uso de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada). O holandês Arjen Robben passou pela cirurgia aos 20 anos, quando havia acabado de trocar o PSV pelo Chelsea, e se tornou ídolo na maioria dos clubes pelos quais passou. O brasileiro Nenê também continuou atuando na NBA após cirurgia e quimioterapia.

“Em 44 anos de futebol, nunca (tive um caso similar). O Ederson, na época no Flamengo, estava tratando uma lesão comigo, aí foi para o Rio continuar por lá e teve o tumor diagnosticado. Mas graças a Deus nunca peguei um caso desses”, diz o médico Joaquim Grava, ex-médico do Corinthians e da seleção brasileira.

Ederson, meia-atacante que também teve passagens pelo Lyon e Lazio, além do Flamengo, aposentou-se em 2018, um ano após o câncer diagnosticado. No entanto, o problema no joelho foi o motivo que o levou a pendurar as chuteiras.

Haller foi afastado da pré-temporada do Borussia na Suíça para focar em seu tratamento e tem a expectativa de retornar aos gramados para defender o clube alemão e a seleção de Costa do Marfim em breve. O camisa 9 foi contratado por 33 milhões de euros (cerca de R$ 183 milhões) junto ao Ajax para substituir Erling Haaland, vendido pelo time de Dortmund ao Manchester City

Haller anotou 11 gols na última Liga dos Campeões pelo Ajax e alcançou a terceira posição na artilharia, atrás somente de Robert Lewandowski, então no Bayern de Munique e hoje no Barcelona, com 13 gols, e Benzema, com 15.

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