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Gerson presta depoimento sobre racismo: “Falo por todos os negros”

Jogador do Flamengo prestou esclarecimentos na delegacia sobre denúncia de injúria racial contra ele em jogo do Campeonato Brasileiro

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Gerson deu depoimento no caso de injúria racial em que acusa o colombiano Indio Ramírez, do Bahia, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (22/12) Segundo o meio-campista do Flamengo, o adversário disse “cala boca, negro” a ele durante a vitória do time rubro-negro por 4 x 3, domingo, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro.

Gerson foi acompanhado na delegacia pelo vice geral e jurídico do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches, pelo advogado Rômulo Holanda, além de seu pai, Marcão, que também é seu empresário. O jogador deixou o local sem conceder entrevista, mas deu uma declaração em vídeo publicada no perfil do Flamengo nas redes sociais.

“Vim falar sobre o ocorrido, mas não vim falar apenas sobre mim. Quero deixar bem claro que falo pela minha filha, que é negra. Pelos meus sobrinhos, que são negros. Meu pai, minha mãe, amigos .. por todos os negros no mundo. Hoje tenho status de jogador de futebol e voz ativa para poder falar e dar força às pessoas que sofrem racismo ou outros tipos de preconceito”, declarou.

O inquérito sobre o caso foi aberto na segunda-feira. Os dois atletas, além do técnico Mano Menezes e o árbitro da partida, Flávio Rodrigues de Souza, foram intimados a dar depoimento presencial sobre o episódio. Gerson foi o primeiro a ser ouvido na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Rio de Janeiro. “Agora a questão tá entregue à Justiça e esperamos que a justiça seja feita”, disse o vice jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee.

A pedido da CBF, o caso também será analisado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que informou que “aguardará o recebimento da súmula e vídeo da partida para analisar a denúncia de injúria racial” e também pontuou que “existe em sua legislação desportiva artigo específico para prática de atos discriminatórios e que, para esses casos, a tolerância é zero”.

O Bahia também disse que continua apurando o caso. Se for enquadrado no art.243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), Ramírez pode pegar gancho de cinco a dez jogos, além de multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil.

Ramírez negou as acusações. Em declaração para a TV do clube divulgada em vídeo na noite de segunda, o jogador afirmou que apenas pediu para o adversário “jogar rápido” e disse que “em nenhum momento foi racista com Gerson, nem com qualquer outra pessoa”. Ele, porém, continua afastado do time.

“Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e disse ao Bruno Henrique: ‘jogue rápido, por favor’, ‘vamos irmão, jogar sério’. Aí ele joga a bola para trás e o Gerson, não sei o que me fala, eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei ‘joga rápido, irmão'”, ressaltou.

Na visão do atleta do Bahia, ele pode ter sido mal interpretado por Gerson. “Não sei o que ele entendeu, o que ele ouviu. Ele jogou a bola e passou a me perseguir sem eu entender o que estava acontecendo. Dei a volta por trás porque não queria entrar em briga com ninguém e depois ele sai falando que eu falei ‘cale a boca, negro’ falando português quando eu realmente não falo português.”

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