Futebol espanhol dá primeiro passo para voltar aos gramados após pandemia
Por enquanto, os jogadores podem treinar sem ter qualquer contato um com o outro. Os atletas estão se exercitando em casa desde março
atualizado
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A Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia da Covid-19 e, da elite do futebol europeu, se junta à Alemanha e à Itália ao grupo que ensaia a volta das competições.
A ideia inicial era que todos os atletas dos clubes espanhóis passassem por exames médicos antes de iniciar os treinos. Na última quinta-feira (30/04), porém, ficou decidido que apenas quem apresentar sintomas do novo coronavírus ou tiver contato com alguém infectado será avaliado. A decisão aconteceu em uma reunião que contou com representantes do Ministério da Saúde, do Grupo de Trabalho de Incentivo ao Esporte, da Liga Espanhola de futebol e do sindicato de jogadores, além de membros de federações de diversos outros esportes.
Por enquanto, os jogadores podem treinar sem ter qualquer contato um com o outro. Os atletas estão se exercitando em casa desde o início de março, quando as partidas foram interrompidas. O retorno aos treinos faz parte da “fase um” do programa de saída da quarentena no futebol espanhol. A ideia é que as atividades ocorram assim até o dia 18 de maio, quando poderão ser autorizados treinos de grupos reduzidos, com até oito pessoas.
Este próximo movimento é denominado de “fase dois” e a “fase três” é de treinamento com o grupo completo, que precisa durar pelo menos duas semanas antes do retorno efetivo das partidas.
A expectativa é de que as três fases levem, no total, um mês. Não há uma data precisa para a retomada das competições, mas a Federação Espanhola projeta o dia 5 de junho como uma possível volta do futebol nacional. Faltam 11 rodadas para o fim do Espanhol.
Os jogadores estão divididos sobre trabalhar quando a pandemia ainda não está controlada na Espanha. O meia Ivan Rakitic, do Barcelona, disse estar disposto a retornar aos jogos, mesmo ciente dos riscos de contrair a doença.
“Quero jogar. É evidente que devemos tentar voltar com a maioria das garantias sanitárias, mas devemos saber que nunca vão ser 100%”, disse o croata ao jornal Marca. “É o mesmo risco que vão ter todos os trabalhadores na volta à rotina. Empregados de supermercados também usam vestiários e têm as mesmas possibilidades ou mais de contaminação que nós. Eles assumem esse risco e eu quero assumir também.”
Por outro lado, o elenco do Valencia está temeroso. O time espanhol teve 15 jogadores e mais 10 membros da comissão técnica contaminados pela Covid-19. Um dos motivos para a pandemia atingir tão forte a equipe pode ter sido o fato de ter jogador no fim de fevereiro e início de março nas cidades de Milão, na Itália, e Vitória, na Espanha, dois focos da doença.
O brasileiro Gabriel Paulista usou suas redes sociais para deixar claro que não apoia o retorno neste momento.
O lateral-esquerdo Gayà também se mostrou incomodado com a situação. “A liga pode ter uma ideia, mas se a Vigilância Sanitária não der o ok, não vai acontecer (a volta). Somos pessoas além de jogadores e temos famílias. É normal que haja medo de contaminação.”
Rakitic acredita que o futebol pode ajudar as pessoas. “Socialmente devemos dar um passo, fazer com que as pessoas sejam entretidas com o que gostam, que deixemos de pensar um pouco no vírus e na doença, e voltemos a brincar com o vizinho que torce para um rival”, defendeu o jogador.