Filha de Garrincha conhece o Mané, palco de Boavista x Botafogo, no domingo
Maria Cecília tem 62 anos, é filha do primeiro casamento de Garrincha, ídolo histórico do Botafogo, e conheceu a Arena BRB
atualizado
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Maria Cecília dos Santos Cardoso, 62 anos, é aposentada e ainda não tinha conhecido o estádio Mané Garrincha, em Brasília. Mas o que há de especial nisso? Acontece que ela é filha de Manoel Francisco dos Santos, o Garrincha, ídolo histórico do Botafogo, Seleção Brasileira e duas vezes campeão da Copa Mundo.
A filha do craque das pernas tortas marcará presença na Arena BRB Mané Garrincha, neste domingo (5/2), às 16h, no jogo entre Boavista x Botafogo, em partida que o Metrópoles Sports traz para o DF. A venda de ingressos para a partida do Fogão ainda está aberta. Confira aqui as informações sobre as entradas para o jogo.
Ao conhecer o palco da partida, estádio que leva o nome do pai, Maria se emociona. “É muito gratificante. Estou aqui para homenagear. E é muito lindo, hein?”, comenta.
Mané Garrincha: drible, velocidade e controle de bola.
Parte 3/3 pic.twitter.com/cAuR6Op8Ba
— Alfredo Pinheiro 🇧🇷 (@AlfredoPinhei17) January 24, 2022
Nostálgica dentro do estádio, Maria, filha do primeiro casamento, relembra histórias com o pai Mané Garrincha, o Anjo das Pernas Tortas. “Fui morar com ele com 14 anos, depois que minha mãe morreu… Eu me lembro quando meu pai ia no Pau Grande (bairro em Magé, RJ) e levava biscoito e presente para gente”, relembrou.
Garrincha teve 14 filhos com seis mulheres diferentes. Maria Cecília é filha do primeiro casamento, com Nair Marques, namorada de adolescência dos tempos de Pau Grande, distrito de Magé, na região metropolitana do Rio.
Foi o matrimônio que lhe rendeu mais herdeiros: o casal teve oito filhas antes de se separar, em 1963: Tereza, Edenir, Marinete, Juraciara, Denízia, Maria Cecília, Terezinha e Cíntia.
Morte do pai
Garrincha morreu em 1983, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo. Maria Cecilia conta como recebeu a notícia.
“Olha, eu estava morando em Jacarepaguá (bairro no Rio de Janeiro) com uma prima minha. Foi muito triste. Eu estava dormindo quando a vizinha avisou da morte dele. Aí rapidinho nós corremos, entendeu? Assim comunicamos todo mundo. Foi muito triste mesmo”, explicou.
Racismo
Mesmo sendo filha do Garrincha, Maria não escapou de um dos males que assola a sociedade: o racismo. Ela conta que foi perseguida por seguranças dentro de um shopping em São Paulo, quando o pai ainda estava vivo.
“Fomos passear junto com o motorista no shopping, em São Paulo. Fomos eu, dois irmãos, minha mãe e mais uma parente da Elza Soares, que morava lá também (em São Paulo), né? Só foi a gente entrar e o pessoal ficou andando atrás da gente e chamaram a polícia”, desabafou.
“Quando eles (polícia) perguntaram o que a gente estava fazendo lá, contamos quem erámos. ‘Não é possível. Filha do Garrincha?!’, por causa da cor, né? Aí eu disse: ‘Olha só, se vocês não querem acreditar, vamos até onde a gente mora’. Aí foi na hora que meu pai estava na calçada. Eles ficaram tudo sem graça. Isso é uma revolta”, completou.
Passos do pai
Maria Cecília não é só filha de Garrincha, ela tem Nilton Santos, um dos maiores laterais da história, como padrinho. E, por causa do ex-jogador do Botafogo, ela quase se tornou jogadora da Portuguesa – SP, mas uma gravidez aos 18 anos interrompeu os planos.
“Eu gostava de jogar bola com os moleques na rua, na rua. Aí o meu esposo pediu para o meu padrinho, o Nilton Santos: ‘A Cecília gosta de jogar bola, pô, bota ela aí para jogar’. Ele (Nilton Santos) conhecia alguém lá da Portuguesa e comentou que a afilhada dele, que era a filha do Garrincha, queria jogar bola. Mas aí liguei e disse ‘infelizmente não dá'”, conta.
No domingo, a filha do craque deve acompanhar, pela primeira vez, um jogo no estádio que leva o nome do pai. E assistir à uma partida do time onde Garrincha fez história. Tudo sobre o jogo Botafogo x Boavista, válido pela 6ª rodada do Campeonato Carioca, você acompanha no Metrópoles.