Ex-goleiro Jefferson revela racismo na categoria de base da Seleção
Ídolo do Botafogo disse em entrevista ao canal Espn Brasil que um ex-cartola o vetou do Mundial Sub-20 de 2003
atualizado
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Um dos grandes goleiros da história recente do Botafogo, Jefferson teve uma grande fase na carreira que lhe rendeu até convocações para a Seleção Brasileira. Agora ex-jogador, após pendurar as chuteiras no final de 2018, ele revelou que sofreu com o racismo ao afirmar que teve seu nome vetado na CBF quando ainda estava nas categorias de base do futebol.
O ex-goleiro contou, em entrevista ao canal ESPN Brasil, que um ex-cartola foi o responsável pela sua ausência no grupo que foi convocado para o Mundial Sub-20 de 2003. Ele relembrou o momento em questão, quando era constantemente convocado para a equipe brasileira de base pelo técnico da época, Marcos Paquetá, mas se surpreendeu ao não ser chamado para a competição.
“Na convocação da [seleção] Sub-20 [em janeiro daquele ano], estava praticamente decretado quem seriam os goleiros: eu, Fernando Henrique [então no Fluminense] e Fabiano [ex-Internacional]. Quando saiu a convocação para o Mundial, eu estava certo que meu nome estaria lá, e para a minha surpresa, não estava. Um mês atrás estava tudo certo!”, afirmou.
Por causa de uma guerra no Iraque, a competição, que era sediada nos Emirados Árabes, acabou sendo cancelada e, então, remarcada para o final daquele ano. Depois, ele voltou a atuar no Botafogo, mas acabou sendo reserva de Max em parte da temporada.
“Eu estava no banco do Max, na Série B [do Brasileiro], e, faltando um mês para a convocação, eu nem estava esperando. Então, recebi uma ligação do Paquetá: ‘E aí, está preparado para voltar à Seleção? A gente ia te convocar lá atrás, só que a gente foi barrado, porque não poderia convocar goleiros negros. Tinha uma pessoa [na CBF] que falou que não poderia convocar. Essa pessoa saiu e agora podemos fazer o que quisermos'”, revelou.
O agora ex-goleiro foi reserva no início da competição, com Fernando Henrique como titular, mas ganhou a posição ao longo do torneio. A equipe foi campeã da competição, vencendo a Espanha na decisão com um time que tinha nomes como Daniel Alves, Fernandinho, Kleber Gladiador e Nilmar.
Antes, quando o arqueiro atuava no Cruzeiro, em 2003, encontrou resistência da cúpula do clube para ser alçado ao time profissional. O técnico da época, Luiz Felipe Scolari, chegou a afirmar que um membro da diretoria “preferia um goleiro loiro, alto, porque achava mais interessante”.
Jefferson teve o ápice da carreira no Botafogo, com duas passagens, de 2003 a 05 e de 2009 a 2018. Na segunda delas, chegou à Seleção Brasileira principal, com 22 partidas disputadas entre 2010 e 2015.