Da flâmula à máscara: Maracanã ganha novo ato de Portugal com Abel Ferreira
O térreo do estádio guarda relíquias do futebol, entre elas uma peça da Taça Independência de 1972. No sábado, técnico deixou sua marca
atualizado
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Abaixo da arquibancada, em uma área bem menos nobre, o térreo do Estádio Maracanã guarda algumas relíquias do futebol mundial. Há um cantinho com memórias de Pelé, outro com lembranças da Copa do Mundo de 2014 e um quadro exibe flâmulas de jogos históricos. Entre elas há uma nas cores verde e vermelha: trata-se da Taça Independência, competição de 1972, em comemoração aos 150 anos da Independência do Brasil.
O pedacinho de Portugal no Maracanã ganhou uma senhora companhia após o título da Libertadores 2020, conquistada pelo Palmeiras do técnico Abel Ferreira nesse sábado (30/1). Se antes a bandeirola do país colonizador do Brasil era um dos únicos elos, agora tem uma senhora história para contar com o treinador português de 42 anos.
“Eu tenho que agradecer ao Brasil e de forma muito especial ao Palmeiras. Quando vocês pegaram uma foto muito bonita (na sexta), o sol bateu em meu rosto e, naquele momento, eu só conseguia me ver levantado a taça. A verdade é que é uma emoção muito grande e só de ouvir a frase ‘A Glória Eterna’, é algo inacreditável. Hoje, conseguimos a glória eterna, porque é algo muito poderoso. E, hoje, aconteça o que acontecer no futuro, vão ter que falar de mim de qualquer jeito”, se divertiu o treinador português.
Curiosamente, Abel Ferreira deixou no Maracanã sua “flâmula” pessoal em 2021. Após conceder uma emocionante entrevista coletiva, na qual lembrou das origens e chorou ao citar a saudade da família, ele precisou trocar de máscara. O tradicional banho de gelo e isotônico dado pelos jogadores provocou a troca. Convidado a substituir a cadeira, ele brincou: “Agora vou com essa até o fim (da entrevista). Mas a máscara eu posso trocar”.
Símbolo da final histórica
Abel respondeu mais algumas perguntas, levantou-se e seguiu para comemorar com o restante da delegação. Em meio a cubos de gelo, uma garrafa de champagne vazia (estourada por jogadores) e muita água, restou sobre a bancada da entrevista coletiva a máscara histórica. Um objeto que não chega a ser uma flâmula, mas representa um símbolo “daquela final no Maracanã durante a pandemia da Covid-19“.
Gol no apagar das luzes
Uma coincidência entre as finais da Libertadores 2020 e da Taça Independência em 1972 foi o sofrimento até os minutos finais. Há 40 anos, Jairzinho frustou os planos dos portugueses de levar a decisão para a prorrogação. Após cobrança de falta de Rivelino, o Furacão da Copa se antecipou ao goleiro José Henrique e, aos 43 minutos do segundo tempo, marcou o gol do título do Brasil: 1 x 0.
Já na noite de sábado, foi a vez de um português sorrir no Maracanã com gol no apagar das luzes. Aos 53 minutos, Breno Lopes, uma aposta de Abel Ferreira, subiu mais alto que o lateral Pará e testou a bola para o gol.