Com dívida de R$ 700 mi, Raposa terá cota de TV três vezes menor
Em vez dos R$ 22 milhões recebidos em 2019 como parte da parcela fixa dos times da Série A, será a vez de embolsar apenas R$ 6 milhões
atualizado
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Redução nas receitas, logística complicada, orgulho ferido. O Cruzeiro terá um longo calvário em 2020 na disputa do Campeonato Brasileiro da Série B para tentar voltar à primeira divisão e superar a maior crise técnica em quase 99 anos de história. Pelo menos a equipe mineira pode mirar no exemplo positivo de que alguns outros grandes clubes do futebol brasileiros também foram rebaixados, mas conseguiram se recuperar em grande estilo.
A pressão sobre o Cruzeiro é ainda maior pois em janeiro de 2021 a equipe vai completar 100 anos. O sonho da torcida é ao menos ter uma temporada digna do passado glorioso de um clube bicampeão da Copa Libertadores. Para esse plano se tornar viável, será preciso encarar um ano de 2020 bastante complicado, principalmente na parte financeira. O clube tem uma dívida de cerca de R$ 700 milhões.
A temporada na Série B vai trazer como principal obstáculo a redução drástica nos contratos de transmissão dos jogos pela televisão. Em vez dos R$ 22 milhões recebidos em 2019 como parte da cota fixa dos times da Série A, será a vez de embolsar apenas R$ 6 milhões, cerca de três vezes menos. A renda deve ter como acréscimo cerca de R$ 2 milhões pagos pela CBF para o custeio de viagens.
Aliás, os deslocamentos pelo Brasil são bem mais desafiadores na Série B. O Cruzeiro não terá mais adversários tão concentrados no Sudeste do País. Serão seis adversários no Nordeste, com direito a viagens mais longas. Um exemplo será o compromisso diante do Sampaio Corrêa, em São Luís. Por outro lado, algumas viagens rumo ao Sul devem exigir deslocamentos complicados e com trechos terrestres em direção a Caxias do Sul (Juventude) e Ponta Grossa (Operário-PR).
Modelos de superação
Apesar dos imensos desafios, alguns exemplos podem diminuir a angústia cruzeirense para a Série B. Todos os times mais tradicionais que foram rebaixados conseguiram retornar rapidamente à elite graças ao apoio da torcida. A comunhão com as arquibancadas ajudou na recuperação da autoestima e fez com que no regresso à Série A as equipes estivessem mais fortes e preparadas.
Uma das grandes provas desse processo é o Corinthians. Rebaixado em 2007, o clube venceu a Série B do ano seguinte com uma média de público acima de 20 mil pessoas a cada jogo no Pacaembu. O plano de reestruturação ficou marcado por diversas ações de marketing voltadas à ligação com a torcida. A reviravolta culminou com a contratação do atacante Ronaldo em dezembro de 2008 e os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil na temporada de 2009.
Mais recentemente, o Internacional encarou a Série B em 2017 e passou um grande sufoco. O time gaúcho foi vice-campeão do torneio e teve como mérito descobrir uma solução caseira para o comando. O técnico Odair Hellmann montou o elenco, garantiu o acesso e no retorno à Série A levou a equipe gaúcha até mesmo a se classificar para a Copa Libertadores.
O Palmeiras vivenciou angústia parecida em 2013, ano em que disputou a Série B pela segunda vez. O time alviverde quase foi rebaixado na temporada seguinte, mas escapou na última rodada e conseguiu no fim do mesmo ano conseguir reestruturar a gestão. O contrato de patrocínio com a Crefisa e uma organização mais profissional do clube, liderada pelo presidente Paulo Nobre, garantiu uma grande evolução no patamar financeiro e futebolístico.