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Centenário recebeu finais de Fla e Palmeiras com desfechos diferentes

Os cariocas têm melhores recordações do local, já que foram campeões em 1981. A equipe alviverde jogou duas finais lá e foi vice em ambas

atualizado

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Buda Mendes/Getty Images
Centenário Libertadores
1 de 1 Centenário Libertadores - Foto: Buda Mendes/Getty Images

Escolhido pela Conmebol para receber a final da Libertadores de 2021 entre Flamengo e Palmeiras, o mítico Estádio Centenário já foi palco de decisões envolvendo os dois clubes brasileiros do jogo deste sábado (27/11). O time rubro-negro tem melhores recordações do local, já que foi campeão lá em 1981, conquista que completa 40 anos nessa terça-feira (23/11). A equipe alviverde jogou duas finais no histórico estádio em Montevidéu, em 1961 e 1968, e ficou com o vice em ambas.

Um dos times com mais tradição na Libertadores, o Palmeiras, campeão da Taça Brasil em 1960, chegou à decisão em sua primeira participação no torneio. Com jogadores que se consagraram na história do clube, como Djalma Santos e Chinesinho, aquela equipe enfrentou na grande final sul-americana o tradicional Peñarol, que era o atual campeão.

Na ida, no Centenário, os uruguaios venceram por 1 x 0, com gol do equatoriano Spencer. Uma semana mais tarde, no Pacaembu, os palmeirenses jogaram para forçar o terceiro jogo, mas empataram em 1 x 1 — gols de Sasía e Nardo — e ficaram sem a taça.

Em 1968, o rival foi o Estudiantes. Os argentinos venceram por 2 x 1 em La Plata com dois gols após os 40 minutos, e o Palmeiras ganhou o jogo seguinte por 3 x 1 no Pacaembu. Na partida de desempate, no Centenário, o time alviverde levou 2 x 0 e viu o troféu escapar novamente. Naquela época era comum a organização ajeitar um terceiro confronto em caso de igualdade nos dois primeiros jogos.

A reportagem de 17 de maio de 1968, dia seguinte à derrota palmeirense em Montevidéu, relatou que os “platinos” venceram “com calma” e que “só a técnica não bastou” ao Palmeiras, que tinha um time superior, com atletas talentosos, como o craque Ademir da Guia, e atribuiu o triunfo dos argentinos ao “preparo físico fantástico”.

Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do clube entre 2009 e 2011, assistiu das arquibancadas do estádio àquele confronto e diz que a condição física impressionante dos atletas do Estudiantes era fruto de substâncias proibidas.

“Não tinha antidoping naquele tempo. Os atletas do Estudiantes estavam visivelmente dopados. O Madero, que era zagueiro e estudante de medicina, estava bem dopado”, conta à reportagem Belluzzo, que viu o duelo com o pai e amigos. Na época, o economista tinha 25 anos e já dava aulas na Unicamp.

“O Palmeiras era muito bom. É incrível que aquele time não conquistou nenhuma Libertadores. Até nos anos 1970. Poderíamos ter conquistado a Libertadores antes de 1999”, lamenta o ex-presidente. Foi ele o principal articulador do acordo com a WTorre para a construção do Allianz Parque.

Um outro fato curioso marcou aquela decisão continental de 1968. Um erro de estratégia do Palmeiras beneficiou o Estudiantes. Depois de uma vitória para cada lado, o local do terceiro confronto em campo neutro era decidido com votos de membros das duas equipes. A Confederação Sul-Americana ofereceu como opções Montevidéu, no Uruguai, e Santiago, no Chile.

Os argentinos, pela proximidade, naturalmente optaram pela capital uruguaia. Os jogadores e dirigentes do Palmeiras fizeram o mesmo e a decisão se mostrou um erro. O Estudiantes jogou com apoio maciço de seus torcedores e se sentiu em casa. Estiveram presentes no Centenário 45.580 pagantes, a grande maioria deles apoiadores do time da Argentina.

“Houve uma discussão na época. Meu pai era diretor jurídico do clube. Teve uma controvérsia a respeito disso. Os dirigentes pensaram na facilidade para os torcedores irem a Montevidéu em relação a Santiago, mas acabaram facilitando a vida do Estudiantes”, recorda-se Belluzzo.

Agressões, show de Zico e 1º título continental

O Flamengo de Zico e companhia ergueu seu primeiro troféu da Libertadores há quarenta anos ao bater o Cobreloa, do Chile, na decisão em três jogos. Os duelos ficaram marcados pela violência praticada pelos chilenos, que ameaçaram, intimidaram e agrediram os flamenguistas. O zagueiro Mario Soto foi apontado como o principal responsável pela rispidez em campo, com socos e pontapés.

“A única maneira de lidar com aquela agressividade era continuar fazendo o que a equipe sabia fazer de melhor, que era continuar a praticar um excelente futebol para vencermos”, diz à reportagem o ex-zagueiro Mozer. O ex-jogador, então com 21 anos, foi um dos que Soto tentou intimidar, mas, segundo ele, não conseguiu. “A minha determinação não deixava espaço para intimidações.”

Os brasileiros responderam na bola e contaram com exibição de gala de Zico para levantar a taça. “Foi o jogo mais importante, a maior vitória da minha vida, nem o Mundial foi tão importante assim. Foi uma conquista muito sofrida”, definiu o ex-lateral Leandro.

No primeiro duelo, diante de mais de 100 mil flamenguistas no Maracanã, Zico fez grande partida e os dois gols da vitória por 2 x 1. Abriu o placar após assistência de Adílio, que fez o pivô e o deixou cara a cara com o goleiro. O segundo saiu aos 30, de pênalti. Merello descontou na etapa final.

Os chilenos venceram o segundo confronto em Santiago por 1 x 0 e forçaram o terceiro jogo em estádio neutro, o Centenário, no caso. O Flamengo jogou a finalíssima com Raul, Nei Dias, Marinho, Mozer, Júnior, Leandro, Andrade, Zico, Tita, Nunes (Anselmo), Adílio. E foi novamente o Galinho de Quintino que fez a diferença.

O camisa 10 marcou os dois gols da vitória por 2 x 0 e deu ao Flamengo o título inédito da Libertadores. Ele abriu o placar ainda no primeiro tempo. Após bate-rebate na área, a bola caiu nos pés de Zico, que virou e mandou para as redes. O segundo veio na etapa final em cobrança de falta, próxima da meia-lua, sua especialidade. O goleiro nem se mexeu e viu a bola entrar no ângulo esquerdo.

“Posso dizer que em cada posição eu tinha um craque. Era um time fantástico, que jogava por música”, disse em recente entrevista Paulo César Carpegiani, técnico daquele Flamengo campeão continental há quatro décadas.

“Foi um título tão natural. As coisas foram acontecendo, ganhamos a confiança necessária em função da equipe que tínhamos. São coisas que acontecem que é até difícil entender. É complicado ter uma explicação exata para a formação desses grandes times”, complementou o treinador.

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