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Ceilândia contrata hipnólogo para ajudar equipe no Candangão

Uso de técnicas não ortodoxas para ajudar a conquistar uma vantagem em campo não é novidade no esporte, mas é preciso cuidados

atualizado

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Olimar Tesser
1 de 1 Olimar Tesser - Foto: Divulgação

Hipnose, caminhar sobre cacos de vidro, levantar cadeiras com apenas um dedo. As práticas, mais evocativas de um show de David Copperfield ou de uma palestra do motivador Tony Robbins, agora fazem parte da rotina do Ceilândia Esporte Clube.

Para ajudar na disputa do Candangão 2020, que começa no próximo sábado (25/01/2020), o clube contratou os serviços do hipnólogo Olimar Tesser, cujas técnicas prometem ajudar os jogadores e a comissão técnica a desbloquear medos e superar seus limites. “A hipnose nada mais é que o foco direcionado ao objetivo. Para chegar neste objetivo, faço trabalhos para ajudar os atletas em suas questões emocionais, tentando remover traumas que muitas vezes se estabeleceram ainda na infância”, explicou Olimar em entrevista para o Metrópoles.

A utilização de técnicas não-ortodoxas não são novidade no mundo dos esportes. Nos anos 1990, por exemplo, o técnico Phil Jackson, multicampeão com o Chicago Bulls de Michael Jordan e com o Los Angeles Lakers de Shaquille O’Neal e Kobe Bryant, fazia seus jogadores meditarem, se darem as mãos e jogar no escuro.

Antes do Ceilândia, Olimar construiu seu currículo esportivo no futebol de São Paulo, onde fez elogiados trabalhos na Juventus, time que ajudou a vencer a Copa Paulista, no Marília, em uma campanha bem-sucedida de escape de rebaixamento, além de Noroeste, Paulista de Jundiaí, Ituano e Portuguesa.

“A reação dos jogadores e da comissão técnica ao trabalho de Olimar tem sido muito positiva. Todos entendem que não se trata de religião ou de algo sobrenatural ou místico. É algo cientificamente provado, de que você pode superar seus limites utilizando o poder da mente”, afirma Henrique Machado, atual responsável pela gestão de futebol do Ceilândia e pela contratação de Olimar.

“Decidimos utilizar os serviços, entre outros motivos, devido à nossa preparação tardia. Há times que estão em pré-temporada desde novembro, e nós só começamos agora, em janeiro. Soma-se a isso a chegada de novos jogadores e nós precisamos integrar a equipe e criar uma identidade coletiva rápido. Olimar vai nos ajudar bastante com isso”, completa.

Apesar de uma leve desconfiança inicial, Lucas Cordeiro, atacante do Ceilândia, aprovou a chegada de Olimar. “No início, o grupo ficou meio desconfiado com o que ele falava. Mas depois que ele conversou conosco, passamos a acreditar nesse trabalho de potencialização da mente. Porque, muitas vezes, o maior inimigo do jogador é a própria cabeça, e trabalhar isso é tão importante quanto a parte técnica ou física”, opinou.

Cuidados na hora de contratar um profissional
Olimar Tesser é ex-jogador de futebol, formado em educação física e com pós-graduação em neurociência pela UFMG. Segundo o psicólogo Fábio Caló, mestre em Análise do Comportamento e diretor do Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, as credenciais do profissional devem estar entre as primeiras preocupações de um time ou indivíduo que deseja contratar alguém para ajudar com questões motivacionais e psicológicas. “Uma pessoa pode procurar, por exemplo, um coach, para trabalhar sua motivação. Se ao longo do trabalho, esse profissional detecta dificuldades para estimular essa pessoa, qual é a formação que ele teria para fazer um diagnóstico que muitas vezes, se caracteriza como um quadro de depressão?  Por mais que esteja bem intencionado e busque técnicas motivacionais, ele vai trabalhar em cima de um contexto que ele não domina”, explica.

“Em linhas gerais, é preciso questionar: esse profissional tem uma formação sistemática dentro da área que ele pretende abordar? Se ele está falando de questões comportamentais, emocionais, ele é um psicólogo formado? Tem alguma formação em medicina e psiquiatria? Alguma especialização que pode ser controlada por meio de suas certificações? Principalmente hoje em dia, precisamos tomar cuidado para não confundir um discurso muito bem elaborado e uma habilidade em oratório com conhecimento científico. Uma pessoa pode ter uma grande habilidade em palestras, mas isso não significa que ela tenha capacidade para intervir, seja em um time de futebol, seja em um indivíduo”, alerta.

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