CBF já trabalha com a chance de pedido de demissão de Tite
A relação entre o treinador e o presidente da entidade, Rogério Caboclo, se deteriorou por conta de vários episódios
atualizado
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O técnico Tite pode pedir demissão do comando da Seleção Brasileira após o jogo com o Paraguai, na terça-feira (8/6), pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Esta é a expectativa dentro da própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após o comportamento do treinador nos últimos dias de preparação da equipe no Rio de Janeiro.
A relação entre o treinador e o presidente da entidade, Rogério Caboclo, se deteriorou por conta de vários episódios, entre eles, o apoio de Tite ao protesto dos jogadores contra a realização da Copa América no Brasil, um episódio de suposto assédio sexual envolvendo o presidente da entidade e até críticas à comissão técnica.
Fontes ouvidas pela reportagem consideram difícil uma reaproximação de Tite. Vários fatores provocaram as desavenças entre o treinador e o dirigente. O mais recente foi o apoio do treinador à insatisfação dos jogadores com a disputa da Copa América no Brasil. A crise chegou a ser admitida pelo próprio treinador na quinta-feira (3/6), na entrevista coletiva um dia antes do jogo contra o Equador.
“Temos uma opinião muito clara e fomos lealmente, numa sequência cronológica, eu e Juninho, externando ao presidente qual a nossa opinião. Depois, pedimos aos atletas para focarem apenas no jogo contra o Equador. Na sequência, solicitaram uma conversa direta ao presidente. Foi uma conversa muito clara, direta. A partir daí, a posição dos atletas também ficou clara. Temos uma posição, mas não vamos externar isso agora. Temos uma prioridade agora de jogar bem e ganhar o jogo contra o Equador. Entendemos que depois dessa Data Fifa as situações vão ficar claras”, afirmou o treinador em entrevista coletiva.
Os atletas reclamam da disputa de um torneio juntamente com as Eliminatórias, competição que eles consideram mais importante neste momento. A Copa América começa no dia 13 de junho, com jogos nas cidades de Brasília, Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro. Na visão dos jogadores, a temporada foi atípica e exaustiva. Jogadores mais experientes do elenco se mostraram incomodados por terem descoberto pela imprensa e pelas redes sociais que o Brasil sediará o torneio.
Além disso, eles reclamam que não houve diálogo com a entidade sobre a mudança da sede do torneio — inicialmente, o torneio continental seria realizado na Colômbia, que desistiu por problemas políticos internos, e na Argentina, que declinou em função do agravamento da pandemia de Covid-19. Tite e sua equipe se posicionaram a favor dos atletas. Reuniões com a cúpula da CBF só acentuaram as diferenças. Alguns ficaram insatisfeitos com a maneira como foram tratados na reunião, como subordinados da entidade.
O descontentamento se acentuou por outras razões. Um deles é a crise institucional vivida pela CBF em função de um suposto episódio de assédio sexual envolvendo o próprio Caboclo. Uma funcionária da CBF protocolou nesta sexta-feira (4/6) uma acusação de assédio moral e sexual contra o presidente da entidade. A denúncia foi formalizada perante a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, a quem caberá investigar os fatos.
Outro episódio que contribuiu para azedar o relacionamento entre Tite e o Caboclo foi o vazamento, de uma conversa entre Caboclo e Edu Gaspar, então coordenador da seleção, depois da Copa da Rússia, em 2018, em que o presidente faz duros questionamentos ao trabalho de Tite e de sua comissão técnica, em especial o auxiliar Cleber Xavier, seu braço direito. Os áudios foram relevados pela ESPN.
Na entrevista coletiva de quinta-feira, Tite prometeu se manifestar mais claramente sobre a crise depois dos jogos (Equador e Paraguai). E ele afirmou que os jogadores também vão falar o que pensam sobre a Copa América.