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CBF cobra US$ 100 milhões da Fifa por Copa do Mundo 2014

Em 2015, quando o dinheiro deveria ser enviado, investigações nos Estados Unidos revelaram o envolvimento de Marco Polo Nero em corrupção

atualizado

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Rafael Ribeiro/CBF
Marco Polo Del Nero
1 de 1 Marco Polo Del Nero - Foto: Rafael Ribeiro/CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quer que a Federação Internacional do Futebol (Fifa) restabeleça o envio de quase US$ 100 milhões diretamente para a entidade brasileira, diante do final do comando de Marco Polo Del Nero (foto em destaque). O dinheiro havia sido prometido ainda pelo ex-presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, como parte de um fundo para deixar um legado ao futebol nacional, depois da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.

Mas, em 2015, quando o dinheiro começaria a ser enviado, investigações nos Estados Unidos revelaram o envolvimento de Marco Polo Del Nero em um esquema de corrupção. O brasileiro passou a ser indiciado, mas não deixou o cargo de presidente da CBF.

Advogados que trabalharam com a Fifa e consultados pelo jornal O Estado de S.Paulo revelaram: sua presença no comando da entidade brasileira impediu o envio do dinheiro. A Fifa não poderia dar sinais aos tribunais norte-americanos de continuar mantendo um fluxo financeiro a uma pessoa procurada. A partir de 2015, todos os pagamentos da Fifa ao Brasil foram suspensos, inclusive em relação a prêmios.

O impasse levou a CBF a buscar alternativas. Em 2017, depois de uma longa negociação, advogados da entidade brasileira convenceram a Fifa a criar uma empresa conjunta que, então, administraria os recursos. A federação internacional exigiu, então, um controle efetivo sobre o dinheiro e uma série de vistorias e auditorias.

Para a CBF, a criação de uma nova empresa conjunta significaria o pagamento de mais impostos e maior controle. Mas a confederação acabou aceitando. O entendimento abriu caminho para a retomada do financiamento, que seria destinado a criar centros de treinamento em estados que não receberam a Copa do Mundo de 2014

Banido do futebol
Apenas dois meses depois, o julgamento na Corte de Nova York contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF, iria expor detalhes da situação e pagamentos a Marco Polo Del Nero. Sem escolha, a Fifa optou por afastar o dirigente brasileiro do futebol e, alguns meses depois, o baniu do esporte. Del Nero já havia preparado sua sucessão na CBF, inclusive em uma eleição com candidato único.

Para a entidade brasileira, seu afastamento também significou que estava retirado o obstáculo para a Fifa enviar diretamente ao Brasil os US$ 100 milhões. Em abril, o tema foi debatido com o suíço Gianni Infantino, presidente da Fifa, que deu sinal verde para o encaminhamento do assunto.

Oficialmente, a Fifa não se pronuncia. Mas fontes em seu conselho confirmam à reportagem que existe uma pré-disposição da entidade a aceitar a proposta brasileira, com a condição de haver uma auditoria nos recursos.

Segundo uma nota oficial da CBF, “há alguns meses os fluxos financeiros entre a FIFA e a CBF foram regularizados de forma integral”. “No que se refere ao Fundo do Legado, ainda em 2017 houve um acordo entre as entidades para a liberação dos recursos, neste momento depende de ajustes finais sobre aspectos operacionais que visam eficiência e economia”, completou.

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