Caso Ronaldinho: Sergio Moro perguntou se fiança poderia livrá-lo
O ministro da Justiça do Brasil está “está acompanhando de perto a situação”, conforme revelou autoridade paraguaia
atualizado
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O ministro da Justiça Sergio Moro está se comunicando constantemente com as autoridades paraguaias para solicitar notícias da situação processual de Ronaldinho Gaúcho, preso em Assunção junto com seu irmão Roberto Assis por ter entrado no Paraguai com documentos falsos, conforme foi confirmado por um ministro do governo paraguaio nesta segunda-feira (09/03).
Euclides Acevedo, ministro do Interior do Paraguai – responsável pela segurança interna e diretor administrativo da Polícia – disse que o ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, está se comunicando repetidamente com ele nos últimos dias para saber mais sobre o assunto.
“O ministro Sergio Moro escreveu para mim muitas vezes”, disse Acevedo em uma entrevista à rádio paraguaia ABC Cardinal, em Assunção. O secretário de Estado paraguaio disse que Moro expressou preocupação com a situação de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão. “Ele queria saber o que estava acontecendo, quais eram as chances deles saírem o mais rápido possível”, acrescentou. O ministro até afirmou que Moro perguntou se o problema era de fiança ou questões semelhantes.
Acevedo revelou essas informações justamente no dia em que uma próxima visita de Moro ao Paraguai foi oficialmente anunciada. O Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil visitará o país vizinho nos próximos dias 26 e 27, de acordo com a publicação no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira.
O motivo de sua visita é participar de reuniões e conferências sobre segurança pública e cooperação penitenciária com a Ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez.
A estreita relação entre os atuais governos do Brasil e do Paraguai não é nova. No ano passado, o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez estava prestes a sofrer um processo de impeachment devido a um acordo sobre a venda da Binacional Itaipu e uma decisão do presidente Jair Bolsonaro acabou salvando-o.
Ministro em destaque
Acevedo é chefe da Polícia Nacional e do Departamento de Migração, ambas unidades envolvidas no escândalo do caso de documentos irregulares de Ronaldinho Gaúcho. A primeira por emitir os documentos e a segunda por ser a instituição que supostamente alertou o ministro sobre a irregularidade, mas nada fez a respeito.
Como se isso não bastasse, uma declaração de um consultor de Acevedo complicou ainda mais o secretário de Estado do Paraguai. Anastacio Ojeda, assessor do ministro do Interior, disse que o chefe da pasta sabia da falsidade dos cartões de identificação de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão dois dias antes da chegada dos brasileiros ao país.
“O gerente foi comigo ao Ministério. Lá ele saiu e disse: ‘Doutor, eu vou com você, você pode me ajudar? Quero saber se é legal ou não dois certificados. Eu disse a ele: eu vou ajudá-lo, mas não é o lugar’. Eu o recebi na frente de dois ou três colegas de trabalho e ele me entregou uma foto do documento de identidade que ele tinha no telefone. Eu disse ao outro que estava no computador: ‘Veja se isso está registrado ou não’. Aí o funcionário vê e o outro parceiro me diz: ‘Ele não está registrado’. Lá eu disse: ‘Passe-me a foto no meu celular'”, disse Ojeda em conversa com o rádio ABC Cardinal.
“Ele me entregou a foto e lá fui eu diretamente ao ministro: ‘Ministro, isso está acontecendo e não está registrado’. E ele disse: ‘Ligue para o diretor de migração rapidamente, Penayo’. Penayo veio e eu disse: ‘Aqui o ministro quer que você veja, isso está acontecendo em sua administração’. Lá ligo de novo para o funcionário, para o gerente e digo: ‘Olha, isso está acontecendo’. Lá eu pergunto: ‘Quem fez isso?’. E uma pessoa me disse que eu não direi o nome dele. O ministro disse: ‘Veja essa irregularidade. De onde veio? Investigue que (…) O gerente e Penayo foram para Migrações. Até agora o que eu sei. Dois dias antes”, acrescentou.
Acevedo negou esta versão e disse que só soube da existência dos documentos no dia da chegada de Ronaldinho Gaúcho e Assis, quando foi alertado sobre a irregularidade.