Atleta revela ter sido recusado por mais de 50 times por “fama de gay”
No podcast “Nos armários dos vestiários” do GE, Elyeser revelou que quase parou de jogar por causa de vídeos cantando Marilia Mendonça
atualizado
Compartilhar notícia
O volante Elyeser, atualmente no Santa Cruz, revelou que um vídeo gravado em 2017 quase lhe custou a carreira por ter pego “fama de gay”. Na filmagem, o jogador aparece de forma descontraída cantando Marilia Mendonça em registro compartilhado por ele mesmo no grupo de jogadores do Goiás, clube em que atuava na ocasião.
“Fiquei oito meses sem jogar por causa disso. Cheguei a pensar em jogar de graça, que iria parar de jogar. Toda vez que meu nome aparece em uma negociação alguém lembra desse vídeo. E aí solta um: ‘Ah, não vamos trazer o Elyeser porque vai chegar a um determinado momento de clássico os torcedores rivais, se ganharem da gente, vão pegar esse vídeo’…Eu cheguei a escutar isso de presidente, de diretor. Então não era pelo lado técnico, era esse o empecilho”, comentou o atleta no podcast “Nos armários dos vestiários” do GE.
O suposto empecilho trata-se da homofobia presente no mundo da bola. No podcast, o jogador deu detalhes da dificuldade de jogar futebol devido aos vídeos que circularam na internet.
Em fevereiro de 2021, Elyeser havia sido anunciado pelo Paysandu, porém, com a circulação dos vídeos, em maio o volante foi afastado da equipe e passou a treinar separadamente do grupo. Com isso, após cerca de quatro semanas o clube rescindiu o contrato com o atleta.
“Por causa de um vídeo. E não vem ao caso se é uma brincadeira, se não é uma brincadeira. O fato é que, pelo vídeo que ele fez, praticamente todas as portas se fecharam no futebol. Eles (os dirigentes) não queriam analisar o jogador Elyeser. Isso foi o que mais me chocou. Eles não analisavam, não viam os números dele. Diziam apenas que não contratariam homossexual”, disse Diogo Pinheiro, empresário do jogador.
Diogo Pinheiro é empresário de Elyeser desde o final de 2021. Quando se tornou representante do volante, que estava sem atuar há sete meses desde a saída do Paysandu, Diogo afirmou que não foi nada fácil recolocá-lo no mercado, onde mais de 50 clubes que foram procurados se negaram a contratá-lo por causa das filmagens.
“Eu perdi a conta de quantos times, mais de 50. Da Série B foram 17, mesma coisa na Série C, mais alguns clubes da Série D fecharam as portas para ele. Inclusive alguns clubes que só jogavam o Estadual. Em praticamente todos a resposta foi a mesma. Essa parte dele fora de campo não viabilizaria a contratação”, contou o empresário.
O jogador só voltou a se firmar no futebol este ano, vestindo a camisa do Santa Cruz para a disputa da Série D do Brasileirão. Porém, quando a torcida do Náutico, um dos rivais do clube, passou a usar os vídeos como forma de provocação, o atleta e o empresário tiveram medo do negócio não seguir adiante.
“O Leston Júnior (agora ex-treinador do Santa) bateu no peito e não deixou isso acontecer. Essa história do vídeo prejudicou muito. As pessoas julgam por um vídeo, não pelo o que eu apresento em campo? Eu acho que é aí que está o erro. Acho que é aí o grande problema. Tem gente que me liga e fala: “Elyeser, o que você está fazendo na Série D? O que aconteceu?”. Tem gente que não sabe” finalizou.