Após caso Vini Jr., La Liga cria canal de denúncias contra racismo
A La Liga, campeonato espanhol de futebol, declarou que “uma pequena porcentagem de racistas no futebol” não cabe nos estádios
atualizado
Compartilhar notícia
Após os ataques racistas mais recentes contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid, a Liga Espanhola de Futebol, conhecida como La Liga, lançou uma campanha de conscientização nas redes sociais, e criou um canal de denúncias para que os torcedores enviem fotos ou outras formas de identificação de criminosos responsáveis por atos de injúria racial dentro de estádios.
No último domingo (21/5), Vini Jr. foi alvo de mais um caso de racismo. Desta vez, as ofensas aconteceram no estádio Mestala, em jogo contra o Valencia. A partida chegou a ser paralisada por cerca de oito minutos no 2º tempo por causa de gritos de “macaco” em direção ao brasileiro. O caso gerou comoção e o governo brasileiro cobrou medidas das autoridades espanholas.
Em quatro peças em espanhol, inglês e português, a La Liga lançou a campanha #JuntosContraORacismo, e declarou: “Existe uma pequena porcentagem de racistas no nosso futebol, e não cabem nos nossos estádios”.
Veja:
#JUNTOSContraElRacismo#UnitedAgainstRacism #JuntosContraORacismo pic.twitter.com/jg3CbTJoxk
— LaLiga (@LaLiga) May 22, 2023
A manifestação ocorre após declaração do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e comunicado oficial do Conselho Superior de Esportes do país.
Nesta terça-feira (23), quatro pessoas foram presas suspeitas de pendurar um boneco do atacante brasileiro em uma ponte, como se ele estivesse sendo enforcado. O caso ocorreu em janeiro deste ano, na véspera do confronto entre Atlético de Madrid e Real pela Copa do Rei.
“Eles têm 19, 21, 23 e 24 anos. Vários foram identificados durante partidas de alto risco em dispositivos da Polícia para a prevenção da violência no esporte”, postou o órgão em uma rede social.
O boneco foi pendurado em uma ponte próxima ao centro de treinamentos do Real Madrid. Havia ainda uma faixa com a frase “Madrid odia al Real” (Madri odeia o Real, como se a cidade odiasse o time de Vini).
Manifestação do governo
O chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, também se manifestou nas redes sociais e pediu “tolerância zero contra o racismo” no país. Ele compartilhou um comunicado do do Conselho Superior de Esportes espanhol, ligado ao Ministério da Cultura e Esportes do país. “O ódio e a xenofobia não devem ter lugar no nosso futebol ou na nossa sociedade”, prosseguiu.
No texto, o governo da nação europeia “expressa sua contundente e enérgica condenação aos insultos racistas que estão ocorrendo no campo do futebol e recorda seu papel ativo na luta contra a violência no esporte”.
O documento frisa ainda que o governo do país irá propor à Federação Espanhola de Futebol e à Primeira Divisão da La Liga o desenvolvimento de uma campanha de conscientização, da qual participarão capitães de clubes espanhóis.
Além disso, o Conselho também promoverá outras medidas pontuais para “lutar contra o flagelo do racismo e da xenofobia” e para lutar contra o discurso de ódio no esporte. No entanto, não foram anunciadas medidas concretas.
O último caso
No último domingo (21/5), mais um caso de racismo contra Vinicius Júnior aconteceu no estádio Mestala, no jogo contra o Valencia. A partida chegou a ser paralisada por cerca de oito minutos no 2º tempo por causa de gritos de “macaco” em direção ao brasileiro. Ele escreveu nas redes sociais que é vítima de perseguição, e alega que a Liga Espanhol de Futebol (La Liga) não agiu para impedir isso.
Apesar de ao menos 10 denúncias de racismo contra o atleta já terem sido formalizadas nesta temporada, o episódio desse fim de semana causou grande repercussão no governo brasileiro, a ponto de o Ministério Público da Espanha ser acionado. O Itamaraty também entrou em contato com a embaixadora da Espanha no Brasil, pedindo esclarecimentos e manifestando descontentamento com os episódios criminosos.
O próprio Real Madrid se pronunciou oficialmente depois que o atacante Vinícius Júnior sofreu um novo ataque racista. Na segunda-feira (22/5), o Real, por meio de uma nota oficial, formalizou denúncia por crime de ódio à Procuradoria-Geral do Estado.