“Apesar da pandemia”: convidados relatam alegria e receios na Libertadores
O turbilhão de sensações vivido em meio à pandemia do novo coronavírus foi majorado significativamente na arquibancada do estádio Maracanã
atualizado
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Um decreto do Governo do Estado do Rio de Janeiro autorizou, no dia 22 de janeiro, a realização da final da Copa Libertadores com até 10% da capacidade do estádio. Isso permitiu a familiares, amigos próximos e demais convidados sentirem a experiência de uma decisão histórica no Maracanã. Certamente, o que não estava previsto no documento era que quase 5 mil pessoas ficassem na mesma região do estádio: o lado oeste.
O turbilhão de sensações vivido em meio à pandemia do novo coronavírus foi majorado significativamente na arquibancada do Maracanã. As conjunções concessivas “apesar de” e “por mais que”, em relação aos riscos de Covid-19, foram protagonistas nos relatos dos convidados ouvidos pelo Metrópoles, após o título do Palmeiras, na vitória por 1 x 0 sobre o Santos.
A alegria e receios na decisão da Libertadores estiveram lado a lado na arquibancada. “É bem diferente. Eu estava no Palestra Itália em 1999 (no último título palmeirense da Libertadores). O calor do Rio destrói a gente, pelo emocional. Ainda conseguir o resultado depois dos 90 minutos… É uma pancada. Mas ter essa oportunidade foi incrível. A gente lembra, eu tive caso de Covid-19 na família, com internação. A gente tenta manter o protocolo o máximo possível, mas obviamente o risco acaba sendo maior, não adianta falar, porque tem uma exposição maior das pessoas, a distância menor, mas o pessoal foi muito organizado, teve muito monitoramento”, descreveu Lindnei Junior, minutos após a conquista do Palmeiras.
Marcelo Pezzato conseguiu credencial para ele e para o filho. Juntos no Maracanã, eles viveram todo esse misto de sensações. Sem voz, Marcelo tentou explicar a experiência. “Foi coroada a melhor equipe. Os números por si só já mostram. Jogo truncado, mas graças a Deus temos o Breno. Então, é um momento ímpar na vida do brasileiro e do ser humano e o esporte faz isso com a pessoa. Ele une as pessoas. Então, foi mais legal ainda. A gente precisa de contato, apesar do que estamos passando. Você tem que estar com a cabeça boa e o esporte faz a gente ficar com a cabeça boa. Vale a pena. Quando você está com alegria, quando tem um propósito, você não lembra das coisas coisas ruins. Então, o esporte é o diferencial para tudo.”
Do lado santista da arquibancada, o torcedor Igor Eduardo Souza reconheceu a tristeza pela perda do título nos minutos finais, mas aprovou a experiência no Rio de Janeiro. “Triste pela derrota, mas contente em saber que a gente consegue fazer bons eventos. Foi um evento bem organizado, por mais que estamos no meio de uma pandemia. Sanitariamente falando, o protocolo é usar máscara, tentar manter o distanciamento, mas a gente sabe que isso não acontece, mas não só nesse jogo. A gente vê ônibus lotado, metrô lotado, enfim. Eles tentam respeitar as regras, mas acaba que a gente não consegue”, reconhece o santista.
Aglomeração no estádio
O equívoco de planejamento ficou evidente antes mesmo de a bola rolar. Os torcedores convidados por Palmeiras e Santos ficaram próximos e o distanciamento social ficou praticamente inviável. A medida que a partida esquentou, os protocolos de segurança foram ainda mais ignorados. Muitos tiraram as máscaras de proteção.
Ainda no primeiro tempo, o sistema de som do Maracanã lembrou os presentes sobre os protocolos. Pediu para respeitar o distanciamento, mas, literalmente, não foi ouvido. Preocupados em apoiar os times, os torcedores de ambos os times faziam muito barulho no momento.
Os dois clubes levaram delegações compostas por 55 pessoas e puderam chamar 250 convidados cada um. Dessa cota, 150 credenciais foram providenciadas pela Conmebol e outras cem foram cedidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Todos os presentes no Maracanã tiveram que apresentar testes RT-PCR negativos para Covid-19, conforme exigência da Conmebol.
Às margens do Estádio Maracanã e em diversos bairros do Rio de Janeiro também houve aglomerações e confusão.