Alvo do Palmeiras, Heinze tem temperamento explosivo e preza jogo ofensivo
O argentino não permite interferências em seu trabalho e gosta de ter o controle dos ambientes em que está inserido
atualizado
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Principal nome cotado no momento para assumir o Palmeiras, Gabriel Heinze, de 42 anos, é um treinador muito diferente dos técnicos brasileiros, em vários aspectos, e até de parte de seus compatriotas. Perfeccionista, meticuloso e de temperamento explosivo, o argentino não permite interferências em seu trabalho, gosta de ter o controle dos ambientes em que está inserido e valoriza o jogo ofensivo e de intensidade.
Depois de se irritar com o espanhol Miguel Ángel Ramírez, que preferiu permanecer no Independiente del Valle, do Equador, o Palmeiras manteve sua busca por um estrangeiro, impulsionado pelo sucesso dos técnicos “importados” e tem como principal alvo Heinze. Os dirigentes conversaram com o argentino, que pediu alguns dias para analisar o elenco e também outros aspectos do clube. Ele havia feito o mesmo antes de fechar com o Vélez Sarsfield, seu último time.
O salário não é um problema para Heinze, tanto que valores ainda nem sequer foram discutidos na negociação. O mais importante é o projeto oferecido a ele. Se entender que terá autonomia para capitanear um bom projeto esportivo, é muito provável que diga “sim” ao Palmeiras.
“Não é um treinador preso apenas ao campo. Se vai ao clube, quer ter preponderância, poder para implementar suas ideias. Se o Palmeiras lhe oferecer um projeto nessas condições, terá muitas chances de a negociação ter um desfecho positivo”, considera o jornalista argentino César Luis Merlo, da TyC Sports, que tem conhecimento da personalidade e do trabalho do técnico.
Mas por que Heinze interessa ao Palmeiras? Na visão da diretoria, o argentino tem as características que o clube procura no momento. O presidente Maurício Galiotte e o diretor Anderson Barros deixaram claro que buscam um treinador capaz de implementar ideias modernas e um estilo de jogo ofensivo e de agressividade.
O técnico se notabiliza por isso e também possui outro atributo que os dirigentes palmeirenses perseguem: a capacidade de trabalhar com os jogadores oriundos das categorias de base, algo que ele fez no Vélez, o qual tirou da zona de rebaixamento e levou às primeiras colocações do Campeonato Argentino. O treinador deixou o clube em março de 2019, após quase três anos. O motivo teria sido desentendimentos com a direção. Ele começou a trajetória como treinador no Godoy Cruz, em 2015, e também teve sucesso no Argentino Juniors, que conduziu à primeira divisão.
“Com o Argentino Juniors ascendeu à primeira divisão e sua equipe jogava um futebol de alto nível. Mesclando cadência, com intensidade, e muitos jogadores subindo ao ataque. No Vélez saiu da zona de rebaixamento e deixou o time na zona de classificação às copas”, enfatiza Merlo.
“Após assumir Argentinos Juniors, que se encontrava na série B da Argentina com um elenco muito jovem, realizou uma campanha excepcional com uma proposta agressiva, ousada, corajosa, e conceitualmente muito trabalhada. Convenceu o vestiário de sua proposta. Assumiu toda a responsabilidade do grupo absorvendo toda a pressão, e conquistou o título e assim o acesso à Série A”, reforça Leonardo Samaja, coordenador da Associação de Técnicos do Futebol Argentino (ATFA) no Brasil.
Os seus trabalhos agradaram os dirigentes do Palmeiras, que, além dos resultados, avaliaram positivamente a maneira como Heinze enxerga o futebol e viram nele a capacidade de recuperar atletas em baixa. Outro ponto positivo é a sua larga experiência na Europa como jogador. O argentino foi zagueiro e lateral e passou por grandes clubes do futebol mundial. Atuou no Paris Saint-Germain, Manchester United, Real Madrid e Roma, e foi treinado por treinadores renomados, como Alex Ferguson, Didier Deschamps e seu compatriota Marcelo Bielsa, hoje no Leeds United
“Heinze tem um temperamento muito forte. Era assim como jogador e é assim também como técnico. Tem um perfil explosivo e suas equipes possuem uma intensidade tremenda”, diz o jornalista argentino.
“Trata-se de um treinador de grande personalidade e líder. Assim foi como jogador, líder e capitão das maiores equipes no futebol de elite, assim como na seleção nacional. Exemplo de grupo. Dessa mesma forma age com seus elencos”, pontua Samaja.
Heinze é o preferido, mas o Palmeiras também avalia outros nomes e já pensa em contatá-los no futuro, caso as conversas com o argentino não avancem. Por enquanto, quem segue no comando do time é o auxiliar fixo Andrey Lopes, já há duas semanas no cargo interinamente. O “Cebola” vai dirigir a equipe pela quarta vez seguida nesta quinta-feira, no duelo contra o Red Bull Brasil, em Bragança Paulista, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.