Acusado de fraude, Cristiano Ronaldo é intimado a depor em 31 de julho
Ministério Público da Espanha denunciou o astro português por suposta sonegação de 14,7 milhões de euros (cerca de R$ 54 milhões atualmente)
atualizado
Compartilhar notícia
A Justiça da Espanha convocou nesta terça-feira (20/6) o craque português Cristiano Ronaldo a comparecer a um tribunal em 31 de julho. O astro do Real Madrid vai depor e responder a uma denúncia feita pelo Ministério Público do país, que, por meio da promotoria de Madri, acusa o atacante de ter fraudado 14,7 milhões de euros (aproximadamente R$ 54 milhões na cotação atual) em impostos.
O astro do Real Madrid terá de comparecer a um tribunal em Pozuelo de Alarcón, um município que fica próximo à capital espanhola, após ter sido acusado de cometer quatro delitos de fraude tributária de 2011 a 2014.
A acusação aponta que o jogador, eleito o melhor do mundo pela Fifa por quatro vezes, se utilizou de um contrato assinado em junho de 2009 para simular a cessão de seus direitos de imagem a uma empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e da qual era o único sócio. Esta empresa, por sua vez, cedeu os direitos a outra empresa com sede na Irlanda e com nome de Multisports&Image Management LTD que, de fato, se dedicou à gestão e exploração dos direitos de imagem do jogador.
A procuradoria espanhola considera que a primeira cessão “tinha como única finalidade a interposição de uma tela para ocultar” do fisco espanhol “a totalidade das receitas obtidas pelo denunciado pela exploração de sua imagem”.
Cristiano Ronaldo está na Rússia, onde defende a seleção portuguesa na Copa das Confederações. Na quarta-feira (14), ele apenas se limitou a dizer de longe a um jornalista, durante o embarque da seleção portuguesa, em Lisboa, que está com a “consciência tranquila” em relação a este assunto.
Já o advogado do atleta, Antonio Lobo Xavier, disse que o atacante viu a acusação com “total surpresa”. Xavier prometeu comprovar a inocência do seu cliente, que preferiu adotar o silêncio em relação a este assunto em solo russo, onde no último domingo participou do jogo no qual Portugal empatou por 2 a 2 com o México em sua estreia na Copa das Confederações.
O Real Madrid, por sua vez, disse ter “plena confiança” no atacante português e entende que o mesmo “atuou conforme a legalidade em relação ao cumprimento de suas obrigações fiscais”, mas o jogador, chateado com o problema, estaria disposto até a deixar a Espanha e ir jogar em um clube de outro país por causa deste caso de fraude fiscal.
Na semana passada, o jornal português A Bola noticiou que Cristiano Ronaldo já teria tomado a decisão de sair do Real Madrid e que a mesma seria irreversível. O diário atribuiu a informação, também propagada por veículos da imprensa espanhola, a uma pessoa próxima ao astro, que em seu último jogo pelo time espanhol foi decisivo ao marcar dois gols na vitória por 4 a 1 sobre a Juventus, em Cardiff, no País de Gales, na final em que o clube espanhol comemorou o seu 12º título da Liga dos Campeões.
José Mourinho
A convocação de Cristiano Ronaldo para depor ocorreu no mesmo dia em que o seu compatriota José Mourinho, hoje técnico do Manchester United, foi acusado de fraude. O mesmo Ministério Público da Espanha denunciou o treinador por suposta sonegação de 3,3 milhões de euros (cerca de R$ 12 milhões) em impostos no país, em caso cuja forma pela qual as suas receitas foram declaradas se assemelha ao do atacante.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, a promotoria de Madri afirmou que o treinador cometeu dois delitos fiscais na declaração de seu imposto de renda nos exercícios de 2011 e 2012, quando ele era o técnico do Real Madrid, time que dirigiu de 2010 a 2013.
A denúncia foi apresentada a um juiz de instrução de Pozuelo de Alarcón, justamente onde Cristiano Ronaldo terá de prestar depoimento, e aponta que o atual treinador do Manchester United fraudou 1,6 milhão de euros em 2011 e 1,7 milhão de euros em 2012.Com base em informações coletadas junto à Receita da Espanha, a procuradoria de Madri acusa Mourinho de ter usado empresas fantasmas na Irlanda e nas Ilhas Virgens para ocultar lucros obtidos por meio de seus direitos de imagem. Após a acusação, caberá agora ao juiz decidir se aceitará ou não a denúncia e se levará o caso aos tribunais para um possível julgamento.